Dayane 29/02/2012
Morte e Vida de Charlie St. Cloud
Aos 15 anos de idade Charlie era o representante de sala, fazia parte do clube de debates e jogava no time de basebol da escola; ele era definitivamente um jovem promissor. Charlie era um garoto abençoado, ele era o orgulho de sua mãe, que abandonada por seu pai logo após seu nascimento, criava ele e seu irmão mais novo, Sam, sozinha.
Diferente da maioria dos jovens de sua idade Charlie adorava seu irmão, os dois se divertiam muito assistindo a partidas de basebol, ou até mesmo jogando sozinhos.
Um dia a mãe dos meninos precisou ir trabalhar a noite e Charlie viu a oportunidade perfeita de levar Sam a um estádio e realizar seu sonho de ver um jogo de verdade; a principio Sam até foi relutante, não queria desobedecer a mãe - que havia pedido para os dois se comportarem - mas aquela era a chance perfeita, ele e seu irmão iriam a um estádio de verdade, assistir a um grande jogo. Os dois pegaram o carro da vizinha e partiram rumo ao estádio, eles assistiram ao jogo e Sam parecia deslumbrado com todas aquelas luzes e com todas aquelas pessoas. O jogo foi ótimo e tudo parecia estar bem na volta para casa, mas em um momento de distração de Charlie um carro os atingiu com extrema força e violência tirando a vida de Sam.
Aquela noite mudaria a vida de Charlie para sempre. Ele estava inconsciente e em sua mente ainda conseguia ver Sam; Charlie prometeu que nunca o abandonaria e por isso ganhou um incrível dom: Ele conseguia ver, sentir e até conversar com espíritos.
O tempo passou e agora Charlie trabalhava e morava no cemitério onde seu irmão foi enterrado; em uma parte desconhecida do cemitério Charlie reproduziu o quintal de sua antiga casa e era lá que ele encontrava Sam todos os dias. Charlie de certa forma estava preso a Sam, se ele faltasse ao encontro um dia, Sam poderia desaparecer para sempre.
Charlie tinha poucos colegas, por causa de sua rotina era um homem solitário, e já havia se envolvido com algumas mulheres, mas elas nunca conseguiam entender porque ele não podia sair do cemitério; mas Charlie não se importava, ele se sentia culpado pela morte do irmão, sentia que devia isso a ele.
O assunto da cidade onde Charlie vivia era que Tess, uma jovem navegadora, iria cruzar o mundo em seu barco e que estava indo fazer um teste: iria velejar em alto mar por alguns dias para adquirir experiência.
Charlie já tinha a visto algumas vezes, mas não lhe dava muita importância até conversar com ela. Charlie a encontrou pela primeira vez no cemitério, e ficou impressionado com sua beleza, ao conversarem percebeu que ela era diferente de todas as outras mulheres que ele já tinha visto, ele se sentia confortável perto dela, conseguia se identificar com ela mais do que com qualquer pessoa. O ar misterioso de Charlie deixava Tess curiosa, ele parecia um desafio, e isso a animava.
Charlie e Tess não tinham muita sorte em relacionamentos, nem se apaixonavam facilmente, mas logo os dois se apaixonaram perdidamente e sentiam que não conseguiam viver um sem o outro.
Tudo ia bem até que de repente Charlie recebeu a noticia que Tess estava desaparecida, e que ela ainda não havia voltado de sua viagem de barco. Charlie não conseguia acreditar e imaginava como isso seria possível, já que ele estava com ela noite passada; e é quando Sam o conta que Tess conseguiu vê-lo que Charlie percebe que ela poderia estar morta e que ele havia se apaixonado por seu espirito.
A única esperança de Charlie é achar o corpo de Tess, ou ela desaparecerá, só que como não pode deixar o cemitério, ele precisa escolher entre o nosso mundo e o mundo dos espíritos; entre salvar Tess ou ver Sam; Charlie precisa escolher entre cumprir sua promessa ou salvar o amor de sua vida.
O livro “morte e vida de Charlie St. Cloud” é maravilhoso, ele nos conta uma história incrivelmente interessante, e consegue nos emocionar diversas vezes.
Sherwood nos faz acreditar que tudo pode ser realidade, seu modo simples e objetivo de escrever consegue nos conquistar e rapidamente sentimos que podemos fazer parte da história, ele descreve os sentimentos e pensamentos dos personagens com perfeição, fazendo assim com que nos identifiquemos cada vez mais com o enredo; em parte da história ele consegue nos enganar- quando pensamos que Tess está viva- se prestarmos atenção ele nos dá pequenas pistas a todo momento, mas ficamos tão envolvidos com o romance entre Charlie e Tess que é difícil perceber que ela não está lá de verdade, que é só seu espírito.
Quando percebemos que Tess está “morta” ficamos meio decepcionados, (e se fosse em um romance de Nicholas Sparks ela provavelmente estaria), mas Sherwood consegue nos dar um final feliz sem parecer clichê, ele escreve nesse livro, tudo aquilo que o leitor quer ouvir, por isso é que, em minha opinião o livro faz tanto sucesso; ele traz Tess de volta a vida e dá a Charlie exatamente a felicidade que nós leitores, achamos que ele merecia.
O livro possui uma descrição com riqueza de detalhes, a linguagem é simples e de fácil compreensão, o que torna a leitura rápida e objetiva; porém o livro aborda um tema que não é do nosso cotidiano: velejar barcos, o que dificulta o entendimento de algumas (poucas) expressões, mas isso nos ajuda a enriquecer o nosso vocabulário.
O livro consegue prender nossa atenção até a última página, ficamos curiosos em saber se Tess está viva ou morta, e a escolha de Charlie nos causa muita apreensão: será que ele havia realmente feito a escolha certa?
O livro não se torna cansativo, nem chato em nenhum momento.
Sherwood consegue dar um fim para todos os personagens da história, quando terminamos o livro temos a impressão de que ele foi completo, não nos restam duvidas, nem queixas, pois nenhum fato, nem personagem foi deixado de lado. A maioria das pessoas provavelmente acaba o livro com um sorriso, ou com lágrimas no rosto.
Em “morte e vida de Charlie St. Cloud” Sherwood nos apresenta a um mundo novo, mágico e sensacional, que nos faz mudar nossos conceitos de vida após a morte e que nos faz refletir muitas vezes sobre aquilo que acreditamos. Incrivelmente emocionante.