Lelê 18/08/2013Resenha: MAGNÍFICO!
A autora Susan Orlean demorou dez anos escrevendo este livro. Entre pesquisas e entrevistas, ela conseguiu retratar e trazer ao público um Rin Tin Tin e seu dono de um modo que eu nunca imaginaria.
"O que é que permanece? O que é que
dura? O que é que fica agarrado à sarca
do tempo e o que é que passa sem deixar
vestígios? O que é que só deixa uma
pequena marca no mundo, um túmulo sob
a relva verde, um rabisco num pedaço de
papel, uma lembrança que o tempo desbota
pouco a pouco até apagar?
Pag. 41
A autora narra a história de acordo com as suas pesquisas, acrescentando de maneira minuciosa seus sentimentos em relação as pessoas descritas.
Lee Duncan nasceu em 1893. Quando ele completou cinco anos e sua irmã apenas dois, seu pai foi embora e nunca mais voltou. Abandonou a família e deixou-os em uma situação bem complicada.
Naquela época a dificuldade da mulher criar dois filhos sozinha era muito pior do que é hoje. Assim, Elizabeth não teve o que fazer, colocou os dois filhos no orfanato. Lee tinha apenas seis anos.
Três anos depois sua mãe retorna para buscá-los, e os leva para viver em um sítio. Nessa época o amor de Lee pelos animais já é muito grande. Lee se sentia órfão e seu apego e carinho passou a ser restrito somente para os cães. Coisa que não era comum naquele tempo. Pois os cachorros não tinham acesso a casa de seus donos. Os cães eram serviam somente para a guarda e pastoreio. Ter um cachorro como mascote era algo inimaginável.
Muitas coisas aconteceram até Lee ser enviado à Primeira Guerra Mundial.
Um dia ele encontra uma cadela e cinco filhotinhos. Sobreviventes da guerra.
A cadela morre. Lee dá três filhotes para outro soldado e fica com um casal, ele lhe deu os nomes de Rin Tin Tin e Nanete.
A guerra termina e Lee volta pra casa com seus filhotes.
À partir daí Lee começa a treiná-los para serem atores de cinema.
Ele nunca quis ficar rico com isso. O que Lee sonhava era que todos conhecessem suas joias.
Até que ele conseguiu.
"Um dos menores estúdios de Hollywood,
a Warner Bros. fora fundada pelos quatro
irmãos Warner, oriundos de New Castle,
Pensilvânia, e funcionava num armazém
mal-acabado da Sunset Boulevar."
Pag. 66
Rin Tin Tin chegou no estúdio dos irmãos Warner e tomou o lugar de um lobo, gravou a cena e se tornou um sucesso. A Warner Bros. jamais seria o que é hoje se não fosse Rin Ti Tin.
Tanto isso é verdade, que depois de confirmar seu sucesso, o estúdio pagava mil dólares por semana para Rin Tin Tin, enquanto o ator principal só ganhava cento e cinquenta por semana.
O cinema deu um salto.
"Quase 100 milhões de ingressos eram vendidos
semanalmente a uma população de 115 milhões
de habitantes. A Warner Bros. prosperava,
em ampla medida, graças a Rin Tin Tin: em
1928, o estúdio valia 16 milhões de dólares;
dois anos depois, 200 milhões."
Pag. 82
A autora descreve todo o sucesso que Rin Tin Tin fez no cinema mudo, e como isso mudou com o cinema falado.
Lee era muito perseverante. Nada era mais importante que seu cachorro. Mas mesmo ele querendo que Rin Tin Tin fosse eterno, ele não estava preparado para enfrentar a morte de seu único amigo.
"Tinha tanta certeza de que sua vida
começara no dia em que encontrou
Rin Tin Tin que se recusava
a imaginá-la sem ele."
Pag. 102
Mas a vida continua,vieram outros Rin Tin Tins, descendentes do melhor cão do mundo, mas nenhum outro tomou o seu lugar no coração de Lee. O amor de Lee por Rin Tin Tin era tão grande, que ele nunca escreveu nada sobre sua primeira esposa, nem sobre a segunda, elas não eram verdadeiramente importantes para ele a ponto de serem lembradas. Só o cão era merecedor disso. Parece loucura, mas conhecendo a história dele fica fácil entender seus motivos e suas carências.
"Hoje é difícil imaginar tal reação à
morte de um ator, que dirá de um
cão ator. Seria o cinema mais
significativo em 1932?"
Pag. 104
O livro continua ainda com a relação de Lee e Rin Tin Tin II, Rin Tin Tin III. Ainda tem muitas curiosidades sobre Lessie, Totó (o cãozinho do filme O Mágico de Oz), o cachorrinho dos filmes de Charlie Chaplin, e muitos outros...
Lee foi muito mais do que o dono e treinador do seu cão, ele foi o pai de Rin Tin Tin, e era assim que ele se sentia.
"Lee dizia o tempo todo que 'sempre
haverá um Rin Tin Tin', mas nunca
essa afirmação veio acompanhada
de uma ou duas frases que respondessem
às perguntas que ela própria suscitava."
Pag. 231
Pra quem gosta de cinema, esse livro vai enriquecer demais seus conhecimentos, matar todas as curiosidades sobre o cinema mudo.
Você vai se emocionar com a vida de Lee.
Se você gosta de livros que falem sobre a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais, vai curtir também. As descrições sobre Hitler e Blondie, sua cadela, são de cair o queixo.
"A imprensa tratava Rin Tin Tin como
celebridade, publicando notícias e
fofocas sobre ele, sem nenhuma
ironia e sem jamais reconhecer
que se tratava, afinal, apenas
de um cão."
Pag. 87
Eu achei essa capa linda, a diagramação é simples,mas as fotos são ótimas. Senti falta de mais fotos, mas isso é porque eu amo fotos antigas.
É perfeito!!
Me apaixonei!
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http://topensandoemler.blogspot.com.br/