Phelipe Guilherme Maciel 19/04/2016Uma surpresa muito agradável. Pequenos contos de grandes sentimentosBernard Malamud é um Judeu americano, que retrata em seus contos histórias do povo judeu, como imigrantes, na Italia, nos EUA, Após a 2° Guerra Mundial. Já li os 2 primeiros contos: Os sete primeiros anos, que conta a história de um sapateiro que encontra um aprendiz de quase 40 anos que se apaixona por sua jovem filha de 19 anos. O segundo, O Selecionador de Ovos, conta a história de decadência de um funcionário simplório que abandonou família e vida, e vive sozinho, vivendo de pensão, num prédio caindo aos pedaços. Personagens intensos e contos bem descritivos, milimetricamente precisos. O terceiro conto diz a história de um escritor que nunca foi escritor, na verdade, escreveu alguns textos para colunas de jornal dedicadas à amadores e criou essa expectativa. Com o sofrimento de não conseguir emplacar um livro, fica recluso em seu quarto de pensão emagrecendo até quase definhar. Até ler a história de uma escritora no mesmo jornal e se apaixonar por ela, pela sua escrita, e começar a se corresponder com ela. A decepção ao ver que a jovem não é bem uma jovem, momentaneamente faz ele terminar de cavar sua cova espiritual, mas o que essa escritora enigmática conversa com ele, acaba por dar um novo ânimo na vida dele. O quarto conto é sobre um judeu idoso, que perdeu tudo em sua vida. A personificação de Jó, da Bíblia. orando a Deus, pedindo clemência por tudo que ainda havia lhe sobrado (e estava indo embora: A saúde). Lhe é enviado um Anjo-Judeu-Negro. Apesar dele saber que existem Negros judeus, ele não acredita neste Anjo mesmo após perceber melhorias em suas dores e de sua esposa. Somente após o retorno do sofrimento, ele começa a explorar o bairro negro de Nova Iorque atrás deste Anjo-Negro-Judeu, em busca de um desesperado pedido final de clemência. pesar de ser uma leitura simples, o conteúdo é completo. Todos seus personagens são vítimas da sociedade, de si mesmos, dos infortúnios, da existência... O quinto conto é o que mais gostei até o momento, pois conta a trajetória de um casal americano que foi para a Italia com pouco dinheiro no bolso (tudo o que eles tinham na vida), para que o esposo fizesse um doutorado. Sem ter onde morar, com 2 crianças, a trama é toda no pai de familia correndo atrás de algum lugar onde pudesse morar bem e pagar pouco. Ele se envolve com um corretor de imóveis irregular, uma poderosa que dava lugar para um amante viver, e este amante, descontrolado da cabeça... Final surpreendente. O sexto conto foi o que mais me perturbou. Um judeu num hospício conversa com seu psicólogo sobre o motivo pelo qual foi parar lá... Uma tentativa de homicídio. O motivo, foi a esposa de um amigo, que morreu sem nada lhes deixar a não ser um galpão falido e mil dólares. Vendo aquela família sem pai, sem dinheiro e sem expectativas, ele faz de tudo para ajudar a família, até entender que a mulher, na verdade, bem, é melhor que você leia. Final perturbador. O sétimo conto, diz sobre um cara que deu errado na vida. Cadeia, más influencias, casamento arranjado, e tudo que lhe restou da vida de sonhos foi uma loja de doces e uma esposa feia. Ele se depara com uma menina que lhe roubava doces, e entrou num dilema. recordando seu passado de crime, tenta ajudar a menina. O final disso é uma bagunça. O oitavo conto, "A dama do lago", conta a história de um Judeu que vai à Italia em busca de vida nova e do amor de sua vida. Lá, acaba se envolvendo com uma mulher maravilhosa que ele pensa ser da Aristocracia Italiana. Dona de Ilha, poderosa, misteriosa. Ela diversas vezes pergunta se ele é Judeu, e ele, por medo de ser deixado de lado por ela, nega. O desenrolar da trama é uma tristeza total. E ele aprende, que não deveria mentir sobre quem ele realmente é. Que lição! Mas você reflete o quanto seria difícil para um jovem judeu na Europa, pouco após a 2° guerra mundial, se declarar judeu. Uma bela lição de fé e honra às origens, mas difícil de fazer. Melhor não julgar... O pequeno conto seguinte, o nono, Um Plano de Leitura para o Verão, conta tudo pelo titulo. Um rapaz com um FALSO plano de leitura de verão: 100 livros, para que as pessoas tivessem mais apreço por ele. Será que deu em boa coisa isso? Não terminei esse livro ainda porque passei o fim de semana inteiro sem fazer nada. Mas li outros 2 contos que são muito bons. o décimo, "A Conta", diz de um síndico de prédio que começa a comprar fiado de um casal de idosos que abriu um negócio pequeno no prédio ao lado. Ele se aproveita da boa fé dos idosos e faz uma conta astronômica com estes. Resultado: Não paga nada. Quais as consequências disso? só lendo... O Décimo-primeiro, "O Ultimo Moicano", foi o mais fraco que li até o momento, mas não deixa de ser bom. Um americano na Italia, estudando com tudo o que usufruia de dinheiro, encontra-se com um pedinte Judeu que se aproveita da situação dele próprio ser Judeu. Quer seu terno. Umas moedas. Uma refeição, e por assim vai. O persegue por toda Roma. Quando o americano judeu perde seu bem mais precioso, quem ele pensa que roubou? Então, ai o resto precisa ler... O penúltimo conto, diz sobre um sujeito que vai a um antigo amigo por conta de um pedido de empréstimo. Acontece que ele havia dado um calote neste mesmo amigo, motivo pelo qual eles não se viram mais. O desfecho de tudo fica por conta da segunda esposa do padeiro. O ultimo conto, que nomeia o livro, "barril mágico", conta a história de um estudante à Rabino em busca de uma esposa. Ele resolve contratar um agente matrimonial. É um dos melhores contos do livro, deixado pro final, a fim de te deixar com vontade de mais. Amei ler este livro, que venceu o National Book Award de 1959.