Heróis de Verdade

Heróis de Verdade Roberto Shinyashiki




Resenhas - Heróis de Verdade


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_rafaela.duarte 19/11/2023

Pessoas comuns
O livro do roberto, trata a respeito de ?heróis de verdade? ou seja, pessoas comuns, que vivem suas vidas fazendo o que devem fazer. Concordo muito com as informações contidas nesse livro, e acrescento que, muitas vezes, o importante é literalmente fazer o que deve ser feito, bem feito, e somente isso. Uma vez que as grandes realizações são construídas aos poucos, devemos refletir sobre nossas atitudes do hoje, que trarão um amanhã melhor.

Foi meu primeiro contato com os livros do Shinyashiki, pretendo ler mais pq gostei da fluidez da sua escrita e é um autor nacional o qual admiro bastante. Recomendo à leitura.
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Carla.Parreira 17/10/2023

Heróis de Verdade
... pessoas comuns que vivem sua essência

Trechos sublinhados: ??Cada vez mais, exige-se que a pessoa mostre o que não é, fale o que não sabe e exiba o que não tem. Nesse mundo de ostentação, as pessoas se encontram mas não se relacionam, trabalham mas não se realizam e, principalmente, vivem sem conhecer a própria alma. As pessoas tentam ser super-heróis e acabam se tornando superdepressivas. Na tentativa de parecer ser e ter o máximo, acabam vivendo com o mínimo?
A vida, que antes era palco da luta entre o ser e o ter, agora se tornou um campo de batalha entre o ser e o parecer?
Apesar de sentir-se frustradas, as pessoas se cobram seguir adiante com uma maneira de viver que não faz sentido para elas. E investem mais e mais nas aparências?
Se, ao se deitar, as exigências que o mundo faz invadirem sua mente, lembre-se de que você não precisa se envergonhar por não corresponder ao estereótipo de uma pessoa de sucesso. Você não é o único?
Você se torna atraente por aquilo que seu olhar transmite, pelo que seu corpo revela, pelo que seus lábios dizem, ou seja, por sua essência. Você se sentirá bem se tiver consciência de que não precisa seguir o modelo de sucesso dos outros. Que pode encontrar sua própria maneira de tocar os negócios, de planejar a carreira, de fazer determinado trabalho. Alias, o caminho que levou alguém ao sucesso pode conduzir outras pessoas ao fracasso?
Quem exige de si vencer o tempo todo está se candidatando a viver crises de depressão ou, pior ainda, agir sem ética para vencer a qualquer preço. Quem precisa se sentir importante o tempo todo está criando um grande vazio em sua vida?
O ponto de equilíbrio é aliar a qualidade de vida ao sucesso. A questão não é medir o tamanho do sucesso, e sim estar atento ao preço que pagaremos para conquistá-lo e, principalmente, lutar por objetivos que tenham sentido para nós?
Será que você não está deixando de ser aquilo que realmente é para tentar parecer aquilo que as pessoas gostariam que você fosse??
Você pode até parecer feliz agora ao tentar agradar o mundo lá fora, mas seguramente no futuro vai perceber que não agradou à pessoa mais importante dessa historia: você?
É claro que precisamos evoluir sempre para desenvolver cada vez melhor as atividades em que nossos talentos são empregados, porém isso não significa cobrar perfeição de nós mesmos?
Quem vive de aparências evita demonstrar que fraqueja ? essa pessoa jamais entenderá suas dores? Se você não se sente importante por estar vivo, nada do que conquistar lhe dará essa sensação?
Para mostrar o sucesso que não têm, as pessoas começam a mentir. No começo, mentem para os outros, depois mentem para si mesmas. Com o passar do tempo, tornam-se escravas das ilusões que criaram. Existe outro mecanismo, ainda pior, que a pessoa aciona quando não atinge o padrão de sucesso: a destruição dos valores?
O que faz a gente ser feliz é viver plenamente a vida, esse maravilhoso movimento cheio de subidas e descidas que, ao intercalar altos e baixos, torna ainda mais especiais os momentos de alegria?
Quando acreditamos que somos importantes por ser quem somos, não precisamos provar nada a ninguém, nem a nós mesmos. Desenvolvemos uma consciência profunda a respeito de nosso valor e não nos deixamos levar pelas cobranças que nos fazem. Não se deixe enganar: você é importante porque é você? Às vezes pessoas que nos amam intensamente dizem o que é melhor para nós e acabam nos desviando do caminho da realização pessoal?
É importante ter em mente que essas pessoas queridas desejam o nosso bem, caso contrário nem sequer se dariam ao trabalho de dizer o que acreditam ser o melhor para a gente. Precisamos compreender essa ansiedade natural dos que nos rodeiam e explicar as razoes de querer buscar nosso caminho e seguir em frente com nossa vocação?
As pessoas que nos amam vivem nos atribuindo talentos que nem sempre temos. Essas atribuições são perigosas, pois podemos levar mais a sério o desejo de alguém importante para nós do que nosso próprio desejo?
Sempre que ouvir as opiniões dos outros sobre você, lembre-se de que são apenas a manifestação das idéias deles. Não pense que essas opiniões estão corretas nem que, se segui-las, tudo vai dar certo em sua vida?
Uma pessoa sem auto-estima forte e pouco consciente de suas convicções e valores pode cair na ilusão de que precisa provar seu valor. Então, ela se torna vulnerável e corre o risco de trilhar um caminho que não tem nada a ver com sua essência apenas com o objetivo de provar para alguém (que não se importa com ela) que é corajosa?
A comparação sempre leva a pessoa que está sendo comparada a se sentir por baixo e tem a finalidade de fazê-la avançar até o patamar que o outro impõe? Diante de comparações assim, há duas alternativas. A primeira é deixar ao outro o trabalho de comparar e não aceitar o desafio. A segunda é mais complicada: procurar mostrar ao outro que você é melhor. Ao encarar esse desafio, sem perceber, você já assinala que é inferior, pois quem quer superar alguém normalmente se sente inferior?
Há também pressões sutis que nos atingem. Boa parte das recomendações sobre como devemos ser, pensar e agir é transmitida de forma suave, mas ao mesmo tempo persistente?
Só nos sentimos envergonhados de nossas escolhas quando não aprendemos a valorizar nossas decisões?
Por que pessoas inteligentes tomam decisões tão absurdas? Por que pessoas sensíveis às vezes cometem atos tão grosseiros? Por que pessoas ricas são capazes de ações tão mesquinhas? A resposta é uma só: mecanismos internos, desconhecidos de nós mesmos, agem silenciosamente, fazendo com que nos sabotemos em nossas escolhas. Precisamos ter em mente que muitas vezes nossas ações são movidas não só pela lógica da razão, mas também pela lógica das carências que não foram preenchidas em nossa infância?
Na verdade, elas se encontram em um estado psicológico fragilizado, como crianças desprotegidas em busca de segurança, aceitação e admiração. É como se estivessem hipnotizadas e, apesar de ter o corpo e a inteligência de um adulto, fossem levadas a agir movidas pelas carências da criança que um dia foram?
A criança que fomos representa uma parte importante de nossa estrutura psicológica. Os psicoterapeutas que valorizam essa idéia a chamam de criança interior. Cuidar dessa nossa parte é essencial para estar em paz com nossos sentimentos?
Quando a criança acredita não estar protegida, começa a se sentir insegura. Imagina que não pode confiar em ninguém e passa a construir sua vida em busca da garantia de segurança?
O grande problema das pessoas inseguras é que buscam a segurança de forma equivocada. Ao depositar sua segurança em um casamento, em um grupo de amigos ou no dinheiro, deixam muito claro ser essas coisas passageiras que sustentarão sua segurança. Assim, vão continuar sofrendo porque, de uma hora para a outra, a situação pode mudar e tudo o que parecia sólido desmorona como um castelo de cartas. Isso quer dizer que se você é inseguro está fadado a viver em busca de segurança? Certamente não. Você pode aprender a deixar o sofrimento do passado para trás e passar a viver confiando mais em si mesmo, nos verdadeiros amigos e na vida, desenvolvendo sua capacidade infinita de se cuidar com amor?
Quando não somos aceitos como somos, passamos a travar uma luta para nos sentir parte da família e ser valorizados pelos pais?
Se seus pais falharam nos momentos em que deveriam admirá-lo, você pode imaginar que ninguém é capaz de aplaudi-lo e se sentir incapaz mesmo quando todos o valorizam?
Há pessoas cuja carência se torna tão intensa que não se satisfazem recebendo apenas aplausos. Elas sofrem até quando outra pessoa os recebe?
Há pessoas que fazem tremendas loucuras para se sentir amadas?
Está na hora de abraçar sua criança, de pegá-la no colo. Faça as pazes com ela e, de mãos dadas, caminhem um pouco por esse jardim maravilhoso que é a sua vida. Aqui, é possível reconciliar o adulto que você é com a criança que você foi?
Um ser humano sem duvidas não evolui. O questionamento é o primeiro passo para nos abrirmos para o novo?
Nossa verdadeira força está na autenticidade, na maravilhosa experiência de ser quem verdadeiramente somos: humanos, com nossos acertos e nossos erros, nossas belezas e nossas fraquezas, nossas infinitas possibilidades e nossas limitações?
É sinal de arrogância analisar só os outros e não refletir sobre si mesmo?
Para recuperar nossa essência, precisamos ter a humildade de nos ajoelhar e investigar o que está acontecendo. Temos de saber olhar dentro de nós mesmo e nos dispor a seguir em nosso caminho de evolução, com humildade para reconhecer os erros que cometemos ao longo da jornada?
Se você quer uma dica para aumentar seu poder interno, minha sugestão é: encontre um confidente. Alguém em quem pode confiar e para quem realmente pode se mostrar do jeito que você é, com suas virtudes e seus defeitos, com suas certezas e seus medos. Aprender a se mostrar de verdade a alguém é o primeiro passo para resgatar o poder de ser quem você é?
Esse processo pode ser angustiante. Muitas vezes, ao conversar com um novo amigo sobre as coisas que não estão andando bem em minha vida, tenho vontade de esconder as dificuldades. Mas, depois que me permito abrir o coração e me sinto apoiado, a sensação de poder ser quem sou, sem máscaras, é deliciosa?
Os heróis de verdade sabem respeitar a diversidade, especialmente a própria?
Vejo o mundo repleto de uma infinidade de estilos de vida. O mundo dos sensacionais é um mundo de copias. A pessoa que quer ser o máximo sempre acha que o melhor caminho é a imitação. Lógico, é o mais fácil. Contudo, é uma escolha que nunca leva ao verdadeiro sucesso?
Faça o que sua alma pede. Viva sua verdade. Não tenha vergonha de ser quem você verdadeiramente é. É claro que essa não é uma tarefa fácil. Como você já viu, a sociedade tenta de todas as maneiras nos impor seus padrões?
Olhe o exemplo de outras pessoas apenas para buscar inspiração, ter idéias, estudar erros e acertos. Mas ao construir sua obra pessoal deixe sua essência lhe dizer que rumo deve tomar. Ninguém pode definir seu jeito de ser, de pensar, de agir, de amar. Seja aquilo que você é ? e não aquilo que lhe ensinaram ser o certo?
Se você tiver o sentido de sua vida claro em sua mente, todas as suas decisões já estarão tomadas, pois basta ver a que caminho elas levam?
A consciência é o que você é, enquanto sua imagem é o que os outros pensam de você. Se você seguir sua consciência, as pessoas perceberão que você é um herói de verdade??
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Tatiana455 18/02/2023

Heróis da verdade aborda um dos principais motivos de angústia da competitiva vida moderna: a sensação de lutar intensamente e ainda assim não dar conta de tudo o que precisa ser feito.
O leitor compreende a necessidade de combater suas fraquezas e a desenvolver competências para ser uma estrela de brilho próprio.
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Jess 14/03/2021

Boa reflexao
Achei uma boa leitura, mas retrata o óbvio. Tudo aquilo que já sabemos, mas que às vezes precisamos ouvir de terceiros.
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Milene.Huebes 01/12/2020

Bom livro
Fala muito sobre viver nossa essência e o quão isso é importante para a nossa felicidade
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Giu 29/03/2020

É simples e rápido de ler, aborda com clareza vários tópicos sobre como as pessoas do dia a dia se tornam os heróis de verdade a sua maneira, e não aqueles que fazem parte do grupo dos bem sucedidos que vivem de aparência.
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Adriano Schiessl 25/09/2018

Persectiva...
Ao longo de sete capítulos, o autor explica quais são as armadilhas do mundo dos super-heróis (aqueles que vivem a ilusão de conseguir dar conta de tudo sempre) e as estratégias para desmontá-las. O livro leva o leitor a compreender e a combater suas fraquezas e a desenvolver quatro competências para ser uma estrela de brilho próprio.
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Allan.Santos 17/02/2016

Heróis de Verdade
Me levou a encontrar minha essência
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e-zamprogno 14/03/2011

Cuidado com os burros motivados
Vou reproduzir abaixo a entrevista com o autor, que foi o que me fez procurar o livro para comprar (eu o encontrei no Sebo do Messias):

Em "Heróis de Verdade", o escritor combate a supervalorização das Aparências, diz que falta ao Brasil competência, e não auto-estima.

ISTOÉ -- Quem são os heróis de verdade?

Roberto Shinyashiki -- Nossa sociedade ensina que, para ser uma pessoa de sucesso, você precisa ser diretor de uma multinacional, ter carro importado, viajar de primeira classe..
O mundo define que poucas pessoas deram certo. Isso é uma loucura..
Para cada diretor de empresa, há milhares de funcionários que não chegaram a ser gerentes.
E essas pessoas são tratadas como uma multidão de fracassados.
Quando olha para a própria vida, a maioria se convence de que não valeu a pena porque não conseguiu ter o carro nem a casa maravilhosa.
Para mim, é importante que o filho da moça que trabalha na minha casa possa se orgulhar da mãe. O mundo precisa de pessoas mais simples e
transparentes.
Heróis de verdade são aqueles que trabalham para realizar seus projetos de vida, e não para impressionar os outros.
São pessoas que sabem pedir desculpas e admitir que erraram.

ISTOÉ -- O sr. citaria exemplos?

Shinyashiki -- Quando eu nasci, minha mãe era empregada doméstica e meu pai, órfão aos sete anos,empregado em uma farmácia
Morávamos em um bairro miserável em São Vicente (SP) chamado Vila Margarida. Eles são meus heróis.
Conseguiram criar seus quatro filhos, que hoje estão bem.
Acho lindo quando o Cafu põe uma camisa em que está escrito "100% Jardim Irene".
É pena que a maior parte das pessoas esconda suas raízes.
O resultado é um mundo vítima da depressão, doença que acomete hoje 10% da população americana.
Em países como Japão, Suécia e Noruega, há mais suicídio do que homicídio. Por que tanta gente se mata?
Parte da culpa está na depressão das aparências, que acomete a mulher que, embora não ame mais o marido,mantém o casamento, ou o homem que passa décadas em um emprego que não o faz se sentir realizado, mas o faz se sentir seguro.

ISTOÉ -- Qual o resultado disso?

Shinyashiki -- Paranóia e depressão cada vez mais precoces.
O pai quer preparar o filho para o futuro e mete o menino em aulas de
inglês, informática e mandarim.
Aos nove ou dez anos a depressão aparece.
A única coisa que prepara uma criança para o futuro é ela poder ser criança.
Com a desculpa de prepará-los para o futuro, os malucos dos pais estão
roubando a infância dos filhos.
Essas crianças serão adultos inseguros e terão discursos hipócritas.
Aliás, a hipocrisia já predomina no mundo corporativo.

ISTOÉ - Por quê?

Shinyashiki -- O mundo corporativo virou um mundo de faz-de-conta, a começar pelo processo de recrutamento.
É contratado o sujeito com mais marketing pessoal.
As corporações valorizam mais a auto-estima do que a competência.
Sou presidente da Editora Gente e entrevistei uma moça que respondia todas as minhas perguntas com uma ou duas palavras.
Disse que ela não parecia demonstrar interesse. Ela me respondeu estar muito interessada, mas, como falava pouco, pediu que eu pesasse o desempenho dela, e não a conversa.
Até porque ela era candidata a um emprego na contabilidade, e não de
relações públicas. Contratei-a na hora.
Num processo clássico de seleção, ela não passaria da primeira etapa.

ISTOÉ -- Há um script estabelecido?

Shinyashiki -- Sim. Quer ver uma pergunta estúpida feita por um Presidente de multinacional no programa O aprendiz?
"Qual é seu defeito?"
Todos respondem que o defeito é não pensar na vida pessoal:
"Eu mergulho de cabeça na empresa.
Preciso aprender a relaxar".
É exatamente o que o Chefe quer escutar.
Por que você acha que nunca alguém respondeu ser desorganizado ou esquecido?
É contratado quem é bom em conversar, em fingir. Da mesma forma, na maioria das vezes, são promovidos aqueles que fazem o jogo do poder.
O vice-presidente de uma as maiores empresas do planeta me disse:
"Sabe, Roberto, ninguém chega à vice-presidência sem mentir".
Isso significa que quem fala a verdade não chega a diretor?

ISTOÉ -- Temos um modelo de gestão que premia pessoas mal preparadas?

Shinyashiki -- Ele cria pessoas arrogantes, que não têm a humildade de se preparar, que não têm capacidade de ler um livro até o fim e não se preocupam com o conhecimento.
Muitas equipes precisam de motivação, mas o maior problema no Brasil é
competência.
Cuidado com os burros motivados.
Há muita gente motivada fazendo besteira.
Não adianta você assumir uma função para a qual não está preparado.
Fui cirurgião e me orgulho de nunca um paciente ter morrido na minha mão.
Mas tenho a humildade de reconhecer que isso nunca aconteceu graças a meus chefes, que foram sábios em não me dar um caso para o qual eu não estava preparado.
Hoje, o garoto sai da faculdade achando que sabe fazer uma neurocirurgia.
O Brasil se tornou incompetente e não acordou para isso.

ISTOÉ -- Está sobrando auto-estima?

Shinyashiki -- Falta às pessoas a verdadeira auto-estima.
Se eu preciso que os outros digam que sou o melhor, minha auto-estima está baixa.
Antes, o ter conseguia substituir o ser.
O cara mal-educado dava uma gorjeta alta para conquistar o respeito do
garçom.
Hoje, como as pessoas não conseguem nem ser nem ter, o objetivo de vida se tornou parecer.
As pessoas parecem que sabem, parece que fazem, parece que acreditam.
E poucos são humildes para confessar que não sabem.
Há muitas mulheres solitárias no Brasil que preferem dizer que é melhor assim.
Embora a auto-estima esteja baixa, fazem pose de que está tudo bem.

ISTOÉ -- Por que nos deixamos levar por essa necessidade de sermos perfeitos em tudo e de valorizar a aparência?

Shinyashiki -- Isso vem do vazio que sentimos. A gente continua valorizando os heróis.
Quem vai salvar o Brasil? O Lula.
Quem vai salvar o time? O técnico.
Quem vai salvar meu casamento? O terapeuta.
O problema é que eles não vão salvar nada! Tive um professor de filosofia que dizia:
"Quando você quiser entender a essência do ser
humano, imagine a rainha Elizabeth com uma crise de diarréia durante um jantar no Palácio de Buckingham".
Pode parecer incrível, mas a rainha Elizabeth também tem diarréia.
Ela certamente já teve dor de dente, já chorou de tristeza, já fez coisas que não deram certo.
A gente tem de parar de procurar super-heróis. Porque se o super-herói não segura a onda, todo mundo o considera um fracassado.

ISTOÉ -- O conceito muda quando a expectativa não se comprova?

Shinyashiki -- Exatamente.
A gente não é super-herói nem superfracassado. A gente acerta, erra, tem dias de alegria e dias de tristeza. Não há nada de errado nisso.
Hoje, as pessoas estão questionando o Lula em parte porque acreditavam que ele fosse mudar suas vidas e se decepcionaram.
A crise será positiva se elas entenderem que a responsabilidade pela própria vida é delas.

ISTOÉ -- Muitas pessoas acham que é fácil para o Roberto Shinyashiki dizer essas coisas, já que ele é bem-sucedido. O senhor tem defeitos?

Shinyashiki -- Tenho minhas angústias e inseguranças.
Mas aceitá-las faz minha vida fluir facilmente.
Há várias coisas que eu queria e não consegui.
Jogar na Seleção Brasileira, tocar nos Beatles (risos).
Meu filho mais velho nasceu com uma doença cerebral e hoje tem 25 anos.
Com uma criança especial, eu aprendi que ou eu a amo do jeito que ela é ou vou massacrá-la o resto da vida para ser o filho que eu gostaria que fosse.
Quando olho para trás, vejo que 60% das coisas que fiz deram certo.
O resto foram apostas e erros.
Dia desses apostei na edição de um livro que não deu certo.
Um amigão me perguntou:
"Quem decidiu publicar esse livro?"
Eu respondi que tinha sido eu. O erro foi meu.
Não preciso mentir.

ISTOÉ - Como as pessoas podem se livrar dessa tirania da aparência?

Shinyashiki -- O primeiro passo é pensar nas coisas que fazem as pessoas cederem a essa tirania e tentar evitá-las.
São três fraquezas.
A primeira é precisar de aplauso, a segunda é precisar se sentir amada e a terceira é buscar segurança.
Os Beatles foram recusados por gravadoras e nem por isso desistiram.
Hoje, o erro das escolas de música é definir o estilo do aluno.
Elas ensinam a tocar como o Steve Vai, o B. B. King ou o Keith Richards.
Os MBAs têm o mesmo problema: ensinam os alunos a serem covers do Bill
Gates...
O que as escolas deveriam fazer é ajudar o aluno a desenvolver suas próprias potencialidades.

ISTOÉ -- Muitas pessoas têm buscado sonhos que não são seus?

Shinyashiki -- A sociedade quer definir o que é certo.
São quatro loucuras da sociedade.
A primeira é instituir que todos têm de ter
sucesso, como se ele não tivesse significados individuais.
A segunda loucura é: Você tem de estar feliz todos os dias.
A terceira é: Você tem que comprar tudo o que puder.
O resultado é esse consumismo absurdo.
Por fim, a quarta loucura:
Você tem de fazer as coisas do jeito certo.
Jeito certo não existe!
Não há um caminho único para se fazer as coisas. As metas são interessantes
para o sucesso, mas não para a felicidade.
Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito..
Tem gente que diz que não será feliz enquanto não casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do casamento.
Você pode ser feliz tomando sorvete, ficando em casa com a família ou com amigos verdadeiros, levando os filhos para brincar ou indo a praia ou ao cinema.
Quando era recém-formado em São Paulo,
trabalhei em um hospital de pacientes terminais. Todos os dias morriam nove ou dez pacientes.
Eu sempre procurei conversar com eles na hora da morte.
A maior parte pega o médico pela camisa e diz:
"Doutor, não me deixe morrer.
Eu me sacrifiquei a vida inteira, agora eu quero aproveitá-la e ser feliz".
Eu sentia uma dor enorme por não poder fazer nada.
Ali eu aprendi que a felicidade é feita de coisas pequenas.
Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis ou ações, mas sim de ter esperado muito tempo ou perdido várias oportunidades para aproveitar a vida.
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