Nossa humanidade

Nossa humanidade Francis Wolff




Resenhas - Nossa humanidade


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Flavio 11/06/2018

Ensaio instigante e elegante sobre os conceitos de humano - e os riscos daí decorrentes
[Essa resenha é um primeiro esboço que será aprimorada em breve] . Nossa Humanidade de Francis Woolf é um livro fascinante. O autor francês, a princípio um especialista em Aristóteles já havia publicado ''Sócrates o sorriso da razão''' (Brasiliense 1982) ''Aristóteles e a Política''( Edusp 1999) e '''Dizer o Mundo'''(Discurso editorial tb de 99). E se a pouco eu havia dito a princípio um especialista em Aristóteles é pelo fato de que em ''Nossa Humanidade''o autor perpassa por inúmeros filósofos e intelectuais com rara elegância. O livro é dividido em três partes 1.Figuras; 2.Configurações e 3.O reverso das figuras.Contudo dado que é na segunda em que se comenta o ''método'' e é explicitada a abordagem utilizada, inicio por este. Basicamente o livro está organizado por três temas (mas estes temas não corresponderiam cada um deles a cada parte do livro- digamos que esses três temas atravessam o livro todo). Vamos a eles.
Um primeiro tema seria o fato de que o livro propõe quatro conceitos de ''homem'' cada um em um períodos históricos. Tais conceitos seriam não somente definições de filósofos mas que estão inseridas em quatro revoluções científicas. (E se você já ouviu essa expressão antes, sim ele está partindo da noção de revolução científica de Thomas Kuhn ;) ). Ou seja, Francis Woolf poderia abordar, por exemplo, a obra de Petrarca um dos primeiros a pensar o ''humanismo'' ou alguma definição do que é o homem na Idade Média.Contudo os quatro recortes se justificam pela definição de humano da ciência de cada período. Assim teríamos no primeiro período, a Grécia clássica e a definição de Aristóteles de homem como ''animal racional.''o segundo período o classicismo de 1600 e a definição de Descartes de homem como ''substância pensante''. No terceiro período o estruturalismo de 1960 como o ''sujeito sujeitado'' e no quarto período atualmente o homem ''o animal como os outros'' .
O segundo tema seria um par de conceitos opostos que definem o homem no primeiro e segundo período como possuindo uma essência: seja uma essência de ser um '''vivente racional'' ou uma essência de ser uma ''substância pensante unida a um corpo''. Mas os dois períodos seguintes caracterizam-se justamente por postularem que o homem não tem uma essência.
Finalmente, o terceiro tema. A característica de que o primeiro e o quarto período compartilham de algo em comum: pensam o homem sob um viés monista- o que seria de modo muito esquemático dizer que o homem constitui-se em uma ''unidade''. Dado que no primeiro via-se o homem como algo uno e no quarto período há uma indistinção entre natureza e cultura bem como entre o homem e o animal... Enquanto que o segundo e terceiro período propõem que o homem possua características dualistas: pois no segundo dizia-se que o homem era uma coisa pensante e uma coisa extensa e no terceiro que o homem é sujeito e está sujeitado as estruturas...
Tudo isso diz respeito a ''metodologia'' e a organização das teses do livro. Podemos agora retornar brevemente a primeira parte ''Figuras''. Nesta o autor apresenta as quatro 'figuras' ou seja as quatro definições do homem explicando estas em cada um dos quatro período acima comentados. Dado que a segunda parte acabo de comentar detalhadamente, sigamos para a terceira parte ,''O reverso das quatro figuras''. Nesta o autor levanta problemas éticos e políticos decorrentes de cada uma das quatro figuras do homem.
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