Pandora 12/04/2018Andréa del Fuego, numa entrevista a Rodrigo Simon, da Univesp, diz o seguinte sobre "As Miniaturas":
"O oneiro é uma pessoa que trabalha no edifício Midoro Filho e que sugere sonhos para as pessoas que não sabem que lá frequentam. É como se o edifício fosse uma condição para sonhar. As pessoas passam pelo edifício ainda no estágio de sono - elas nem estão sonhando ainda - e o oneiro sugere estes sonhos através de objetos corriqueiros, vagabundos, que são as miniaturas de plástico que dão nome ao livro. (...) Não é um livro que fale de sonhos, mas de uma certa burocracia que existe anterior a isso, ao ato de sonhar."
É um livro fantástico com duplo sentido: literariamente um exemplar de realismo fantástico e emocionalmente maravilhoso! Como disse a autora na entrevista, "dá a impressão de que sonho é um lugar de liberdade, de imaginação", mas os sonhos em "As Miniaturas" são frutos de um trabalho burocrático. Entre outras regras, os oneiros não podem atender pessoas de uma mesma família, que é o que ocorre a um oneiro que, fascinado por uma mãe e seu filho, acaba quebrando as regras.
A narrativa é feita sob a ótica dos três personagens: o oneiro, a mãe e o filho. A mãe e o filho discorrem sobre o cotidiano, relacionamentos, preocupações com trabalho, dinheiro, essas coisas. Já a parte do oneiro é bem doida, até porque não sabemos exatamente o que eles são: seres humanos, divindades, entidades, ETs? Dá para criar uma porção de teorias ou simplesmente embarcar na fantasia e se divertir sem compromisso.
Não é um livro para quem procura respostas, para quem quer finais exatos ou para quem não curte o estilo Black Mirror (seriado da Netflix). Definitivamente, não é para burocratas literários.
Hay que tener imaginación!