Orbis

Orbis Aurélio Mendes




Resenhas - Orbis


1 encontrados | exibindo 1 a 1


RLeitora 12/08/2013

Resenha Orbis - Blog RLeitora
Orbis é uma distopia.

No prefácio há uma contextualização histórica rápida para situar o leitor em alguns aspectos (como historiadora, eu preciso dizer que há alguns pontos de inconsistência). É a parte real da obra, abrindo o espaço para a ficção. Devo dizer que, apesar das inconsistências, é um momento necessário para que a obra seja entendida como um todo.

Imagine: Ano de 2045. Seres humanos desenvolvidos somente em laboratório, de maneira independente e padronizada. É retirada toda e qualquer emoção do indivíduo, além de serem estabelecidas castas para estes. Não há qualquer envolvimento afetivo. Até o indivíduo completar 18 anos, passa em treinamento para só então ser liberado para a “vida”.

Além disso, o planeta não conta mais com países, mas com colônias – no livro são apresentadas duas: onde se passa a história, chamada de Andrômeda e outra chamada de Antília. É proibido pensar – quem o faz e age de forma subversiva à sociedade é interrogado em um Inquérito e enviado para a Exoría, algo como o exílio, uma espécie de prisão. Logo, há um modo operacional funcionando. Nada de liberdade, muito menos de expressões.

O planeta tem um único “senhor”, o chamado “Pai”. Ele é onisciente e onipotente. Sim, lembra uma religião, mas não se trata disso. É um cara que governa o mundo todo, todas as colônias.
Musin é o protagonista. Ele é diferente dos demais indivíduos, que foram programados para não pensar e, muito menos, para questionar. Musin pensa que algo está errado naquele sistema. A razão para ele ser desta forma é dita ao longo do texto, e é claro que eu não posso contar.

Tudo muda quando Musin encontra um livro, intitulado “Diário da Origem da Realidade”, que inicia com relatos na cidade de São Paulo, em 20 de Abril de 2013, citando uma terrível guerra que acabou de iniciar. As notícias são catastróficas! A razão oficial para esta guerra mundial é o chamado “Blue Gold”, que seria a água. Porém, há uma razão extra oficial: que não contarei qual é!

O sistema é dividido em castas, que definem quem é o quê, e faz o quê.
Nosso protagonista, Musin, é um caput, um cara desenvolvido para pensar e trabalhar na burocracia. Há, ainda, os arma (função de servir e obedecer), os cistam (fazem o trabalho manual, braçal), e os corpora (alto escalão, são os que mandam em tudo). Estes últimos, inclusive, tem padronização estética, com olhos verdes e cabelos ruivos, para fácil reconhecimento.
Para manter a ordem, há outra classe: A Guarda Nacional. São escolhidos a partir de notas genéticas. Ou seja, quando há a formação do indivíduo no laboratório, os genes são submetidos às avaliações para saber se atingiram a nota necessária para fazer parte da Guarda Nacional.

Orbis tem capítulos curtos, dando agilidade à narrativa.
A linguagem de Orbis tenta ser uma pouco mais formal, porém tem alguns errinhos de inconsistência, redundância, falta de vírgulas... mas é que sou chata mesmo, vocês sabem. Por exemplo, em determinada página há a expressão: “Iria ter”, onde o certo é “teria”. Como eu sou muito chata, eu impliquei, claro. Como podem ver, isso não estraga a obra, como um todo, mas é um detalhe que me incomoda. Ou outro exemplo:
“Angel pegara na minha mão após as palavras de Toussaint e fixara seus olhos nos meus. Com uma voz firme e rouca ao mesmo tempo, disse:” p. 139
Vamos lá: se pegara, então dissera. Se pegou, então disse. Veja, estas diferenças de tempo verbal no mesmo momento ficam estranhas. Não estraga a obra, mas fica desproporcional, o que faz perder o ritmo.

Há uma mistura de presente com passado – e isso foi um ponto positivo, pois deixa algo leve. Aurélio Mendes faz referências a grandes pensadores e escritores, como Foucault, George Orwell e Aldous Huxley... (que eu lembro agora, são estes três).

O autor me fez tirar conclusões precipitadas, quebrando a mente depois. Adoro quando isso acontece. Por exemplo, eu pensei que ele ia colocar sobrenatural na obra – e estava ficando muito brava... porém, entretanto, todavia, eu estava errada em minhas precipitações e o autor conseguiu explicar o que acontecia de acordo com a sua proposta.

A história ainda conta com uma pitada de romance... Nada muito explorado ou que tire o foco da revolução que estava acontecendo, o que achei muito bacana. Ao longo da trama, Musin vai descobrindo sentimentos que, até então, pensava ser inexistentes – já que a parte de sentimento é retirada na hora do próprio desenvolvimento no laboratório.

Para vocês terem uma ideia, o livro inicia no ano de 2045, vem para 2011 e segue para 2102! É muita loucura e, acredite, tudo cabe dentro da proposta.

Não gostei da pontuação demasiada, que tentava explicar determinadas sensações:
“— Angel....................................................?
— Musin....................................................!
— ....................Musin..............!!!
— Angel........?.................!” p. 106
Acho que isso pode ser lapidado para dar até mais emoção, utilizando menos pontos. Mais uma vez, eu sei que sou um pouco implicante!

Diria que Orbis é um livro com uma proposta ótima. Como é lançado de forma independente, não tem revisão profissional, deixando passar algumas coisinhas (que não estragam a obra efetivamente). Se for mais lapidado, ficará um put* livro!

“Eu sempre tive a certeza que não se pode suprimir nossa verdadeira essência. Mas até aquele momento eu acreditava que minha essência era aquela, o que a genética me determinava” p. 39

site: http://www.resenhasdeumaleitora.com.br/2013/08/resenha-orbis-aurelio-mendes.html
comentários(0)comente



1 encontrados | exibindo 1 a 1


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR