Henrique Fendrich 06/09/2019
Se alguém me pedisse uma recomendação antes de iniciar a leitura de “Zé Cabala e outros filósofos do futebol”, de José Roberto Torero, eu diria o seguinte: leia de trás pra frente. É exatamente na parte final do livro que parecem estar os melhores textos. O próprio Zé Cabala, que dá título e abre o livro, não tem o mesmo vigor de, por exemplo, algum personagem do Stanislaw Ponte Preta. A criação do Zé Cabala (um médium que incorpora antigos jogadores de futebol) é interessante e faz lembrar de crônicas do velho Machado, que, sempre que possível, inventava divertidos personagens do outro mundo. Mas a necessidade de apresentar e brincar com Zé Cabala e em seguida entrevistar jogadores incorporados exigia mais espaço do que aquele que teve Torero. E as piadas nem sempre funcionaram.
Em seguida há algumas brincadeiras (não tão engraçadas) com a literatura, até chegar a aparição de outro personagem, chamado Lelê, sobrinho imaginário do autor, e que, este sim, garante alguns bons momentos. Depois de nova queda, o livro passa a compensar mesmo a partir do texto em que o autor se coloca como goleiro de uma partida, e vai narrando em primeira pessoa tudo o que acontecesse no jogo e tudo o que lhe ocorre na mente. Faz o mesmo com o juiz e com outros personagens, causando, agora sim, algumas risadas.
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