Henri B. Neto 13/02/2015Resenha: Superhero"Superhero" é o primeiro livro com a temática LGBT que eu leio em 2015, e depois do ter tido contato com histórias entre medianas e traumaticamente ruins no ano passado (ok, foram só duas, mas que se enquadram no ponto), eu confesso que esta foi uma agradável surpresa. Tipo, de verdade. Eu realmente não conhecia o volume, e acabei o encontrando completamente por acaso na Amazon (tudo por culpa da minha obsessão em ficar caçando capas Vergonha Alheia no site... Mas eu não acho esta capa feia; ela só estava linkada em uma das minhas descobertas). Geralmente, eu sempre fico com o pé atrás quando o livro é muito recomendado por lá, mas ao ler alguns comentários positivos e entusiastas, eu resolvi apostar.
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O volume basicamente conta a história de uma dupla de amigos desde sempre, um rapaz gay e outro hetéro. Os dois se conhecem no primário, e não se desgrudam desde então - mesmo o Owen sendo um campeão lutador greco-romano e Jordan um sonhador aspirante a ilustrador. Apesar das diferenças, tanto Owen quanto Jordan sabem que a amizade é verdadeira - chegando a criar uma popular história em quadrinhos que postam no Tumblr, com seus alter-egos Pin Man e Pencil Boy. As coisas poderiam ser perfeitas se não fosse por um único problema: Jordan se apaixonou por Owen. E mesmo sabendo que este sentimento está fadado ao fracasso.
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Narrado em primeira pessoa pelos dois protagonistas, a autora Eli Jordan me convenceu tanto com a sua escrita fluída e direta e cheia de maneirismos masculinos que eu só fui descobrir que o livro tinha sido escrito por uma mulher ao chegar no final dele e ler a sua biografia. Todos os dilemas, e pensamentos e humores da dupla são críveis a adolescentes da idade dos dois - e eu acreditei cem por cento neles. Ao mesmo tempo em que ela trata de forma muito simples, você percebe a complexidade do relacionamento dos dois - o que deixou tudo mais real. O livro é dividido em partes, e conta a história desde que Owen e Jordan se conhecem, até chegar ao Ensino Médio - o foco principal da trama. E mesmo sendo um Mature Young Adult, ele contém algumas cenas bem explícitas - mas nada que pareça gratuito no contexto (ou simplesmente constrangedor, como foi o cado de "Terceiro Travesseiro").
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Mas talvez, o que tenha me conquistado mesmo foi a variações de emoções que "Superhero" me passou, e em nenhum momento soando forçado ou pretensioso. Ele tem situações divertidas, e introspectivas, e aflitivas e doces e um tanto melancólicas. Enfim, não havia outra nota para dar a "Superhero" além de cinco estrelas. Pois ele é aquele tipo de livro que eu adoro: Que sabe a hora certa de me fazer rir e a hora certa para que eu fique tenso. E apesar de ter menos de 140 páginas, tudo o que ele conta está lá na medida certa. Sem sombra de dúvidas, um trabalho em que Eli Jordan conseguiu dar profundidade aos seus personagens - não fazendo drama de mais com as coisas, mas também não tratando assuntos sérios sem a seriedade necessária. Super recomendado.
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Henri B. Neto
"Na Minha Estante"
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