Desde que a editora lançou o primeiro livro da autora Brenna Yovanoff aqui no Brasil que estava curiosa para conferir seu estilo, que a maioria das pessoas fala muito bem. Dos comentários que mais já ouvi o que mais me chamou atenção foi sobre o quando Yovanoff é inovadora e audaciosa, características que casam perfeitamente com este que é o segundo livro da autora a chegar por aqui. Com um pano de fundo impossivelmente único a autora desenvolve temas extraordinários.
A história começa com Daphne falando sobre sua vida tediosa em Pandemonium e em como sua mãe, Lilith conheceu seu pai Lúcifer. Desde o começo da vida deles, aos filhos que tiveram junto até sua situação incomum, diferente de suas irmãs e sem coragem para sair de Pandemonium. Tudo o que Daphne tem é as informações que consegue com os outros demônios que trabalham na Terra para lhe fazer companhia. Seu irmão Obie é um dos demônios mais diferentes que ela já conheceu. Bom e inteligente Quando Obie diz que está se mudando para Terra, que está apaixonado e que está largando suas funções em Pandemonium ela não consegue entender. Antes de ele partir porém Daphne presencia uma situação estranha. Um Perdido, nome dado aos filhos bastardos de anjos, chega trazido por um dos Osseiros. Daphne sabe que se ele ficar será eternamente torturado. Um semi-eterno que não vai se apagar com as torturas dos demônios como os humanos comuns. Daphne sabe que não pode fazer nada por ele, mas o inesperado acontece quando Belzebu interfere mandando o garoto de volta. Belzebu é um dos capitães de seu pai e a única pessoa que ouve Daphne. Quando sua mãe a chama desesperada Daphne sabe que tem algo errado com Obie. Seu irmão sumiu, sequestrado, e tudo que sua mãe viu foi sangue. Partindo para a Terra contra a vontade de Belzebu a única pessoa que pode ajudá-la é o garoto Perdido, Truman, a última pessoa que viu seu irmão. Mas anjos e demônios parecem ter interesse em Truman, e no meio disso tudo Daphne descobrirá que nem tudo é o que parece.
É a partir dessa premissa que a autora desenvolve sua trama e apesar de toda a sensação de estranheza que temos com o mundo apresentado à medida que a história se desenrola começamos a nos envolver com a história de Daphne e Truman. Não sei porque a autora optou por contar uma história sobre situações improváveis para pessoas impossíveis através de anjos e demônios, mas posso dizer que em vários aspectos funcionou muito bem. A narrativa é dividida entre os pontos de vista de Daphne e Truman, cadenciada e marcada por sentimentos fortes de melancolia e dor que se alia a belas descrições formando um conjunto harmonioso e único.
A concepção do universo é espetacular, única e merecia mais histórias o envolvendo. Os elementos que a autora usa são riquíssimos e é intrigante porque Yovanoff criou um mundo tão rico para contar uma história sobre aceitação de si mesmo e improbabilidades. Daphne é filha de Lilith e Lúcifer, mas é diferente, puxou mais seu pai que é um anjo caído e isso irrita suas irmãs. Ela sempre acreditou que não havia nada na vida para ela. Sempre acreditou no que ouvia, que demônios não podem amar, nem ter vidas próprias longe de Pandemonium. Solitária e desacreditada, o mundo de Daphne não muda quando ela conhece Truman, um garoto sofrido, que não se encaixa na sociedade, que desde que a mãe morreu não faz outra coisa a não ser brincar com a morte. O encontro dos dois rende cenas e diálogos marcantes. A trama avança em um ritmo próprio, que flui sombria e tensa e leva a um fim inesperado, que coroa a história muito bem e deixa uma bela mensagem.
Leitura que flui de forma diferente, que instiga e cativa o leitor desde o começo, mas que precisa de tempo para se encaixar. Brenna Yovanoff é uma autora curiosa, com uma escrita elegante e uma maneira audaz de contar belas histórias de aceitação e amor ela consegue tocar o leitor e não se contenta em surpreendê-lo com uma bela história, mas com um universo fascinante. A edição da (...)
Termine o último parágrafo em:
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