Resenhas - Lost Lake

Evy 16/03/2021

Ela compreendia que os tempos mais difíceis de passar na vida eram quando você estava transitando de uma versão de si mesmo para outra.

Transição; o ato da passagem de um lugar, de um estado de coisas, de uma condição, a outra.
Há variadas formas de se pensar em como lidar com as adversidades da vida, mas a maior inevitabilidade dos acontecimentos é o fator mudança que carrega consigo a nossa transição do antes para o depois de nós mesmos através dos momentos mais marcantes de nossas vidas.

Lost Lake vem com essa premissa trazer a história de Kate, Devin, Eby, Lisette, Wes, Bulahdeen, Selma e Jack. Cada um ligado de forma especial ao mesmo lugar, trasitando em variadas lembranças, tempos e sentimentos.

Primeiramente temos Kate, uma viúva em luto que se deixou adormecer por mais de 1 ano na tristeza e que finalmente consegue acordar, vendo ela e sua filha Devin dominadas pelo controle de sua sogra em suas vidas; Devin, uma garotinha muito especial cujo particular dom de enxergar o que muitos não veem faz dela um ponto fundamental na narrativa; Eby, a tia-avó de Kate, proprietária da pousada Lost Lake que desde quando seu marido faleceu passa pela vida no automático, um estado de depressão poderia dizer, onde você não tem consciência e sim indiferença pelo que ocorre ao redor; Lisette, uma francesa que devido a um erro nunca mais se permitiu ser feliz; Wes, um garoto infeliz que se tornou um adulto com o coração pesado por perdas; Bulahdeen, a hóspede mais positiva em encontrar um final feliz; Selma e seus 8 charmes, escolha ambígua que tanto de comodismo e realizações a trouxe, mas também a solidão e resignação; e Jack, introspectivo, cauteloso e silencioso Jack.

Quando Kate acha um cartão postal antigo de Eby, o qual nunca tinha recebido, ela resolve voltar a Lost Lake e é a partir desse ponto, dessa volta, da iminente venda de Lost Lake que a vida de todos estremece.
É muito gratificante ler um livro onde a evolução da história se dá pelo que ocorre no interior de cada personagem, como as reflexões, o modo de encarar o que acontece em volta e por consequência as ações e decisões tomadas. A Sarah Addison Allen tem um talento infinito para a criatividade e sempre me sinto em uma jornada única e especial quando passo cada página de seus livros. Indico muito para quem precisa ler algo que te motive a sair da sua zona de conforto, a acreditar que finais felizes estão a sua espera em lugares que você nunca poderia sequer imaginar em devaneios, mas que a sua mais nova versão de si mesmo te possibilita ter, e que os sonhos se renovam e você não deve estacionar em uma mesma ideia durante toda sua existência, permita-se transitar.

"Mas a felicidade não é como eletricidade? Não somos todos condutores afinal?"


Quotes favoritos:

"Por quase um ano, sua mãe tinha flutuado, não estando realmente presente, nem feliz, nem nada. Devin tinha odiado.
Mas agora, Devin podia ver ela começar a mudar. Foi difícil confiar logo de cara, mas sua mãe estava mais feliz aqui. Devin estava mais feliz aqui. E que estranho conjunto de circunstâncias que as trouxe para este lugar. Quase assustava-a, quanto poderia ter dado errado. E se elas não tivessem visto o jacaré na estrada? E se Devin não tivesse achado o cartão postal? Ela brincou naquele baú de roupas quase toda sua vida, e ela nunca havia notado aquela ponta de papel, enfiada quase completamente no forro.
Elas simplesmente tinham que estar aqui."
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“Se medimos a vida nas coisas que quase aconteceram, chegamos a lugar nenhum.”
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"(....) Porque a vida são meus livros nestes dias. E cada verão aqui é um novo capítulo. Já leu uma história que você simplesmente não pode imaginar como vai acabar? Este lugar é assim."
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"Você não pode mudar de onde você veio, mas pode mudar onde você vai a partir daqui. Assim como um livro. Se você não gosta do final, faça um novo.”