Autora Nadja Moreno 10/06/2015
Fantástico!
Em algumas séries, a gente acaba lendo toda a sequência meio que para dar continuidade e não ter aquela incômoda sensação de alguma coisa pendente, inacabada. Porém na série: As Aventuras de Patrick Bowers não é esta a inspiração. Aqui cada livro é incrivelmente bem escrito, de forma a fazer o leitor desejar já ter o seguinte em mãos para iniciar a leitura assim, de imediato e sem pausa para descanso.
Bowers é um agente especial do FBI e que vive às voltas com serial killers. A cada livro ele enfrenta, com muita astúcia e inteligência, um psicopata diferente. Tem uma vida pessoal um tanto atribulada, sem conseguir se firmar com uma parceira definitivamente após o falecimento da esposa, e cria a enteada Tessa. Como todo bom agente policial, tem problemas com alguns superiores, vive com colegas que ajudam e outros que dificultam e sempre tem fãs... alguns daqueles que abraçam, outros daqueles que atiram.
Neste volume Bowers precisa enfrentar a mente insana, embora extremamente lógica e inteligente, de um serial killer que usa por pano de fundo um antigo manuscrito, proibido séculos atrás pela igreja. Além deste assunto central, são inebriantes e avassaladores os assuntos que precisa lidar ao mesmo tempo: Tessa, o julgamento de outro assassino capturado por Bowers há alguns anos, sentimentos amorosos e culpa. Todos eles se entrelaçam de forma a impedir o leitor de desistir da leitura.
É um tanto difícil falar dos personagens sem soltar spoilers, então vou comentar somente daquela que sempre me prende atenção. Tessa. James, o autor, consegue criar uma relação de amor e ódio por Tessa. Perfeita simetria de sentimentos, já que se trata de uma adolescente que perdeu a mãe muito cedo, que não conhece seu pai e é criada por um agente especial que, embora a ame incondicionalmente, tem uma rotina que deixa pouco tempo para afetos. Tessa é incrível quando irrita, pois irrita de verdade. Mas mais incrível ainda quando age como uma parceira de fato e solta suas tiradas astutas. Neste volume da série, Tessa tem um papel importante e mais presente do que em outros volumes e eu espero, de verdade, que ela tenha cada vez mais participação nas histórias de Bowers.
- Apenas uma das minhas incoerências cativantes, parte do que me faz ser tão adorável.
Incoerências cativantes.
Ótimo.
Você escuta death metal e dorme com um ursinho de pelúcia.
A trama é extremamente inteligente. Várias pistas e cenários nos são apresentados, assassinatos são contados com riqueza de detalhes e acompanhamos os passos e pensamentos do assassino. Desta vez o assassino aparece, diferente de outros livros do gênero, onde o mesmo fica escondido do leitor até a última página. Neste não. Em O Cavalo aprendemos muito sobre ele, ainda que “ele” ainda seja um completo desconhecido do leitor. Controverso? Sim. Tem de ler para entender.
Muitas pontas e pistas vão surgindo. Em alguns momentos pensamos ter certeza de algo que no parágrafo seguinte se quebra. No final, tudo se fecha, se prende e desenrola, culminando num desfecho surpreendente! Surpreendente mesmo. Após tudo concluído, após tudo terminado, eis que surge um fato que deixa o leitor com um enorme ponto de exclamação pairando à sua frente.... “Como assim???”
A escrita de James é ágil e clara. Impossível não se envolver completamente com a história. Os capítulos são, mais uma vez, muito pequenos e mesmo sendo diminutos ainda são cortados em cenas. Isso traz uma dinamicidade enorme à leitura. Não dá para cansar. Quando se vê, já se foram as quase 500 páginas do livro.
Quem me acompanha sabe que raramente favorito um livro, porque tenho uma certa inclinação a gostar muito de muitos, e acabaria tendo uma lista enorme de favoritos. Mas O Cavalo é, sem dúvida alguma, um livro que merece este título.
A edição é muito boa, apesar de encontrar alguns poucos erros de grafia ou concordância. Há, logo no início, uma nota do tradutor a respeito do título. Gostei muito porque nos volumes anteriores a peça de xadrez do título estava relacionada diretamente à trama (no primeiro mais que no segundo), mas neste terceiro livro a relação é bem indireta, portanto o tradutor explica. Excelente cuidado com os leitores.
Mais que recomendado. Se possível fosse, eu exigiria que todos lessem esta série. Ela realmente vale a pena!
site: http://www.escrevarte.com.br/2015/04/resenha-o-cavalo-de-steven-james-cia.html