Psychobooks 30/11/2013
Resenha Dupla
Distopia + superpoderes! Bora, gentes!
Alba: A Bell criou uma história que é um convite à leitura. No primeiro livro da "Trilogia Anômalos", a gente conhece a Sybil Varuna, a única sobrevivente do "Titanic III" e que acabou de descobrir que é uma anômala - ou seja, ela é uma mutante.
Mari: Atentem para o nome do navio que naufragou, sim '"Titanic III", nesse momento a autora nos apresenta uma característica da sua personagem principal que me agradou muito: o humor; pois a própria Sybil questiona o que levou uma pessoa a batizar o navio com esse nome, depois do que aconteceu com os anteriores. E na minha opinião, essa qualidade foi muito bem sustentada durante o livro pois ela soube introduzir na história momentos engraçados sem precisar forçar.
Alba: Ela nos é apresentada logo após o naufrágio, quando ainda está se descobrindo. Sybil vivia em uma região de guerra, Kali, onde cresceu num orfanato. Sua vida muda completamente com essa descoberta, já que os anômalos têm que viver separados dos humanos. Sybil é enviada para uma família adotiva na cidade de Pandora, lá ela começará a entender um pouco mais de seus poderes e poderá desenvolvê-los.
Alba: Esse é o rompimento da antiga vida de Sybil e o convite à novas aventuras. Esse ponto é crucial para conquistar o leitor e ao mesmo tempo embasar a história. Falaremos mais sobre ele, em:
Narrativa e plano de fundo. Há sustentação?
Alba: A narrativa é em primeira pessoa, sob o ponto de vista da Sybil. Essa forma de narrativa possibilita a inserção da distopia e sua apresentação de forma convincente. A Bell leva essa primeira parte da história muito bem, com Sybil assimilando toas as novidades de forma natural, deixando o leitor a par das novas regras do mundo e como a situação chegou a esse "apartheid" entre humanos e anômalos. Essa crítica social que a linda de Bell faz é bem pertinente.
Mari: Gosto quando o leitor aprende ao mesmo tempo que o personagem, porque as informações sobre suas condições, aqui no caso anômalos, são introduzidas de forma gradual, sem soterrar o leitor no começo do livro com informações demais que acabam gerando confusão. O livro é voltado para o público juvenil e jovem-adulto, mas a Bell introduz elementos importantes como noção política, preconceito e crítica social.
Alba: A parte que vem depois da apresentação, que se dá no crescimento de Sybil e posteriormente no uso de seus recém-descobertos poderes, é feita aos trancos. Nesse ponto começaram alguns tropeços da narrativa.
Alba: Sybil precisa aprender sobre seus poderes ao mesmo tempo em conhece as pessoas na sua nova cidade e tudo isso enquanto lembra do seu passado (para nos deixar a par de como era sua vida) e ainda ter vislumbres do que pode acontecer com ela, devido à sua nova condição. UFA! Muita coisa pra uma órfã que até alguns dias vivia à margem da sociedade... E é aí que a narrativa se perde. São muitos fios para serem conectados, muitos personagens para serem apresentados e mantidos na trama e muita informação para ser inserida. A Bárbara se perdeu em alguns desses fios, apresentando possibilidades e não as conectando mais à frente. Alguns personagens também ficam esquecidos, por uma boa parte do enredo, para então terem um grande peso no final da trama.
Mari: Concordo com a Alba em vários pontos, principalmente quando abre-se muitos 'mistérios' na narrativa e ao final da leitura eles não foram conectados à nenhum outro acontecimento. Por se tratar de um primeiro livro de trilogia, acredito que a Bell possa retomar nos livros posteriores, mas ao final da leitura de A Ilha dos Dissidentes algumas perguntas ficaram sem respostas.
Alba: A fluência do livro fica entre superacelerada com o leitor querendo saber o que vai acontecer, para em seguida travar em partes aparentemente desnecessárias e com apresentações de diálogos e situações um pouco fora de contexto.
Cenas de ação
Alba: A Bell soube pontuar bem suas cenas de ação, com descrições vívidas dos acontecimentos. Durante a leitura dessas cenas, a impressão que eu tinha era de "assistir" ao acontecimentos, em vez de lê-los. Há alguns tropeços de continuidade e algumas situações um pouco estapafúrdias, mas no geral as cenas de ação foram bem-orquestradas.
Mari: Minha imaginação vai longe quando bem estimulada, a escrita da Bell fez com que eu enxergasse as cenas perfeitamente, com todos os elementos em seus lugares certos e ações dos personagens.
Vale a pena, meninas?
Alba: Eu estava com a expectativa muito alta para a leitura, e confesso que me decepcionei um pouco. A escrita da Bell é superafiada, mas falta um pouco de criatividade em sua história e traquejo na hora de ligar os pontos da narrativa e lidar com as personalidades de seus personagens. O "elenco de apoio" da história não se sustentou. Fiquei com a impressão que eles não tinha vida, fora quando orbitavam ao redor de Sybil.
Alba: O final da leitura deixa uma boa abertura para o segundo livro da série e a Bell soube amarrar bem o destino da personagem.
Mari: Eu me diverti bastante com a leitura, não foi a melhor desse gênero, ainda assim, a Bell consegue prender o leitor. O ritmo de leitura é bem acelerado, os capítulos curtos e a boa diagramação, fazem com que o leitor não queira largar o livro enquanto ele não chega ao final, que deu um bom fechamento para a 'missão' de A Ilha dos Dissidentes, no entanto deixa um gancho para o próximo livro. Mas, assim como a Alba, eu esperava um pouco mais, as pontas soltas me incomodaram bastante, bem como alguns detalhes em que eu ficava com cara de "o.O - sério?!?!".
Mari: Leitura recomendada para quem gosta do gênero jovem-adulto, com personagens sarcásticos, poderes mutantes, muita ação e uma pitada de romance ;)
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