Meu Amigo Jesus Cristo

Meu Amigo Jesus Cristo Lars Husum




Resenhas - Meu Amigo Jesus Cristo


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PorEssasPáginas 11/11/2013

Resenha Meu amigo Jesus Cristo - Por Essas Páginas
Meu amigo Jesus Cristo foi um livro tão sem graça que na verdade eu ainda estou procurando as palavras para falar dele. É meio difícil fazer essa resenha porque o livro simplesmente não me marcou, não me tocou e não me divertiu. Na verdade, ele é mais como uma página em branco na minha vida. Algo bem chato, porque quando li a sinopse, esperava encontrar uma história ao mesmo tempo engraçada e redentora. Na verdade, esse livro fala mesmo sobre redenção, mas não tem nada de interessante e não me cativou.

O livro é narrado por Nikolaj, um cara que pode ser definido como problemático. Nikolaj perdeu os pais aos 13 anos em um acidente de carro; a mãe era uma cantora famosíssima e o pai era carteiro. A única pessoa que restou para ele foi sua irmã, que ele chama carinhosamente de Sis. Ela tem 20 anos e assume a responsabilidade de cuidar do irmão, inclusive briga por ele quando os avós maternos tentam conseguir sua guarda. Os avós foram ausentes por toda sua vida, já que a mãe deles deixou sua cidade natal, a pequena Tarm, por causa dos abusos do pai, avô dos garotos, um homem violento que batia nela o tempo todo.

Nikolaj foi praticamente criado por Sis a vida inteira – até mesmo quando os pais estavam vivos, já que a mãe não tinha muito tempo para a família e era uma mulher extremamente temperamental. O garoto herdou isso da mãe pois não é apenas temperamental: é completamente maluco. Na escola, é pervertido e violento. Em casa, suga todas as energias da irmã, é ciumento e egoísta, vive tentando chamar a atenção de Sis, muitas vezes fingindo suicídio. Ele passa anos nessa situação, cresce, vira um homem (mas continua narrando como se tivesse 13 anos, o que muitas vezes me irritou; Nikolaj é o eterno garoto problema, não passa de um bebê chorão que só quer chamar atenção para si mesmo), e continua magoando e acabando com as pessoas que se importam com ele, até que atinge o fundo do poço e então um cara grandalhão, barbudo e motoqueiro aparece em seu apartamento dizendo que vai ajudá-lo. O homem diz se chamar Jesus Cristo.

Confesso que quando vi o título do livro acreditei que Jesus teria um papel fundamental na história. Bem, ele não tem. Ele aparece uma meia dúzia de vezes – talvez menos – para dar ordens a Nikolaj. Não são conselhos, são ordens, porque ele fala “você tem que fazer isso” e Nikolaj simplesmente aceita porque não tem nada melhor para fazer. Não há nenhuma emoção, nenhum sentimento nessas aparições. E o resto do livro é todo sobre a vida arruinada de Nikolaj e, depois da metade do livro, a sua tentativa de se tornar um homem melhor.

“Mas como posso planejar o perdão de outra pessoa? Só posso pedir desculpas e ter a esperança de que ela acredite em mim.” Página 215

Mas o problema maior, o que mais me incomodou, foi que não há nenhum tipo de sentimento ou empatia nesse livro. Talvez seja porque a narração é feita por Nikolaj, um personagem claramente depressivo, bipolar e perturbado. É possível que o autor tivesse a intenção de colocar no papel como uma pessoa assim pensa, mas o tiro saiu pela culatra. O resultado é um livro vazio, raso e que não consegue cativar o leitor. Não ri, não chorei, não senti. Em nenhum momento me identifiquei, senti empatia ou mergulhei na história. Em todas as 288 páginas é como se existisse um abismo entre o livro e o leitor, um distanciamento que nos impossibilita gostar da história ou dos personagens. É terrível ler algo assim, um livro que não passa de um relato superficial da vida de alguém.

O pior é que o autor não escreve mal! Ele tem uma escrita boa, fluente, mas não consegue em nenhum momento colocar sentimento no livro. A única história que remotamente me fez sentir algo, mesmo que mínimo, foi a de Anita. Nikolaj reúne algumas pessoas, que se tornam seus amigos, em uma organização que ele denomina OTAN, por ser de ajuda mútua. Há uma série de pessoas nesse grupo, bem diferentes entre si, que aos poucos percebemos que também precisam de uma redenção, de uma mudança na vida. Todos eles têm histórias comoventes, mas que, infelizmente, devido à escrita do autor que peca em sentimento, não conseguimos nos conectar.

Nikolaj, que afinal é o narrador e protagonista, me irritou desde a primeira página. Ele simplesmente é uma pessoa detestável, destrutiva, irritante e com pena de si mesmo, que arruína a vida das pessoas por onde passa. Mesmo quando ele começa a se tornar um homem melhor, eu não conseguia confiar nele. Mesmo porque, como enxergamos seus pensamentos, percebemos que na maior parte do tempo ele não sente nada a não ser dor de estômago. Tudo é movido nesse livro pela sua dor de estômago. É como se ela traduzisse sua raiva, sua mágoa, seu amor – se é que ele consegue senti-lo, quando cheguei ao final percebi que não -, ou seja, qualquer sentimento, em dor de estômago. É de dar dor de estômago na gente, sinceramente.

“Meu nó vai desaparecer quando eu puder ser feliz. Preciso deixar as coisas acontecerem.” Página 184

E aí, depois de toda uma jornada – que deveria ser emocional, mas não é, é superficial – Nikolaj parece evoluir. Parece se tornar um homem melhor. Os seus amigos se tornam pessoas melhores… E então vem o final do livro e você percebe, em duas cenas completamente inúteis e contraditórias, que o livro inteiro foi uma causa perdida. Que tudo o que você leu foi jogado ralo abaixo. E que Nikolaj é um idiota de marca maior – e sempre será.

É, Jesus, você até que tentou. Mas, também, Jesus nem fez muita coisa no livro. Ele sequer é um personagem a ser lembrado.

Para não dizer que não gostei de nada, gostei da diagramação do livro e das matérias de jornais e revistas no meio da história. A Editora Gutenberg acertou nisso, mas não é algo que me surpreende, já que todos os livros que li da editora foram caprichados, com uma boa diagramação e capa. Elas trouxeram um veracidade à história e foram bem feitas, inclusive contando com fotos e formatação em colunas, para dar mesmo a ideia de jornal e revista. Acho que a intenção foi passar que essa seria uma história real, algo assim. Isso foi bacana, mas uma diagramação não salva um livro.

Para completar, o livro tem tanto palavrão que até eu, que falo palavrão, fiquei cansada. Na grande maioria das cenas – até mesmo nas que deveriam agregar algum sentimento ou ternura – ele descreve tudo de uma maneira tão grosseira que se era para existir algum enternecimento na cena, este se perde. Não é que eu seja contra palavrões no livro, não sou mesmo, mas em excesso eles se tornam cansativos e desnecessários. É preciso saber quando utilizá-los, fazê-lo com prudência. E certamente não é o tempo todo. Eu li tantas vezes a palavra “pau” no livro que às vezes parecia que a história era sequência de paus.

PAU PAU PAU PAU PAU PAU PAU PAU PAU PAU PAU PAU PAU PAU PAU PICA PAU PAU PAU

Enfim… Esse não deu para mim. Foi uma leitura que só me irritou e, por pouco, não atirei o livro na parede. Não quero sequer olhar para ele. E vou passar longe de outros livros do autor, pelo menos por enquanto.

site: http://poressaspaginas.com/resenha-meu-amigo-jesus-cristo
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Onze 05/10/2013minha estante
Afinal, este livro tem alguma coisa a ver com o Jesus do Cristianismo, ou não?


Lipe 28/10/2013minha estante
Não, Yksi, não mesmo!!


Angélica Pina 04/11/2013minha estante
Eu li! E as sensações que tive foram muito parecidas com as suas... de esperar que o cara ia me surpreender muito (o que não aconteceu) e de que o final deixou a desejar.


Lipe 05/11/2013minha estante
Ow Angélica, obrigado por comentar comigo, haha, achei que era só eu!!


JV. 10/12/2013minha estante
Tá aí mais um daqueles livros que você olha a capa e pensa: vou comprar! Daí compra, lê em menos de 6 horas, e se arrepende.. haha

Se alguém estiver interessado em trocas (ou até receber como doação rs) é só procurar! ^^


Lipe 16/12/2013minha estante
JV meu caro, kkkk, eu não descreveria este livro melhor do que você. Meu único consolo foi não ter gastado meu tempo assistindo uma novela, ler um livro ruim, nos dias de hoje, é muito mais interessante ;)!




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