História do Povo de Jesus

História do Povo de Jesus Martin Dreher




Resenhas - História do Povo de Jesus


1 encontrados | exibindo 1 a 1


Giovani Aguiar 18/10/2020

"História do Povo de Jesus", de autoria do P. Dr. Martin N. Dreher, é uma história eclesiástica sob ótica/perspectiva latino-americana. Por isso, alguns assuntos relacionados a justiça social, sincretismo, opressão e dominação, cultura oral, inculturação, questões de gênero e narrativas populares recebem um espaço destacado - algo um tanto incomum em obras congêneres de autores europeus ou estadunidenses.

Nascido na cidade de Montenegro (RS) no ano de 1945, Martin Norberto Dreher é pastor da IECLB (Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil). Graduado pela Faculdades EST (Escola Superior de Teologia) em 1970. Na Alemanha, obteve o Doutorado em História da Igreja (1975). Suas pesquisas têm como temas principais: a vida e obra de Martinho Lutero; a Reforma Protestante; a História da Igreja Latino-Americana; a Imigração alemã no Brasil; a religião no Brasil. Atuou como professor na EST e na Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Entre outras obras do autor estão: “De Luder a Lutero: Uma Biografia”; “A religião de Jacobina”; “190 Anos de imigração alemã no Rio Grande do Sul: esquecimentos e lembranças”; “Bíblia: Suas leituras e interpretações na História do Cristianismo”; “Para entender- Fundamentalismo”.

“História do Povo de Jesus” (2º edição – 2017), publicada pela Editora Sinodal, possui 520 paginas, e é dividida em quatro unidades principais. O autor busca objetividade, imparcialidade e rigor científico. Cada unidade é acompanhada de uma bibliografia, com obras em português, espanhol, inglês e alemão. Há muitas citações de documentos primários ao longo do livro. A breve apresentação é de autoria do historiador Leandro Karnal.

A Parte 1 é intitulada “A Igreja no Império Romano” (pág 11-106). Corresponde ao período comumente chamado “Igreja Antiga” ou “Igreja Primitiva”. Inclui o contexto histórico, cultural e religioso no qual surgiu o cristianismo; as definições e choque entre heresia e catolicidade; a relação entre a fé cristã e a filosofia, entre a Igreja e o Império; os primeiros concílios ecumênicos; o papel da mulher na Igreja Antiga; a temática da riqueza e da pobreza na Patrística.

A Parte 2 é intitulada “A Igreja no Mundo Medieval” (pág. 107-214) Traz discussões a respeito do conceito e dos limites da Idade Média; as invasões germânicas; o surgimento e desenvolvimento do monasticismo; a expansão do poder do papado romano; a relação com o islamismo (incluindo as Cruzadas e a Reconquista Ibérica); o escolasticismo; a ação social e diaconia mantidas pelos valdenses e pelos franciscanos; a igreja como instrumento de opressão, violência e perseguição; o desenvolvimento teológico (escolástica, mística, etc.); interpretações sobre o famoso caso de Pedro Abelardo e Heloísa.

A Parte 3 é intitulada “A Crise e a Renovação da Igreja no Período da Reforma” (pág 215-320). Trata do contexto histórico –cultural, questionamentos e mentalidades relativos à Reforma; Martim Lutero e sua teologia, por razões óbvias, recebem maior destaque; Zwinglio e Calvino; a expansão da Reforma; a Reforma católica; A questão anabatista, em suas diversas manifestações (rebeliões populares, luta pela liberdade religiosa, Guerra dos Camponeses, pacifismo menonita, Thomas Müntzer) recebem destaque também.

A parte 4 é intitulada “A Igreja Latino-Americana no Contexto Mundial” (pág 321-520).
Mescla o contexto do Cristianismo mundial (desenvolvimento das “ortodoxias protestantes”; relação entre o papado e as potências católicas; Iluminismo, puritanismo, pietismo e o surgimento da teologia liberal; Pentecostalismo; ecumenismo, etc. )e a questão específica da História da Igreja Latino-Americana, entre os séculos XVI- XX. – onde são abordados temas como : justificativas legais para o colonialismo; o papel das ordens religiosas na evangelização dos indígenas; jesuítas, reduções, e as Guerras Guaraníticas; perseguição às crenças tradicionais indígenas e africanas; sincretismo e formas populares de religiosidade; relação entre igreja e a escravização de africanos; tentativas de preservação histórica por parte de padres e missionários; os diversos “ciclos de evangelização”, separados por região; relação entre a Igreja Católica, o padroado e a independência das nações latino-americanas; introdução e expansão dos diversos “protestantismo” no Brasil; o surgimento da Teologia da Libertação; interpretações sociológicas e paralelos entre grupos diversos.

Apesar de não ser volumoso – trazendo alguns conteúdos, portanto, de maneira bem resumida – os “insights interessantíssimos” (segundo o Prof. Lucas Gesta), a perspectiva inovadora e os conteúdos específicos sobre a igreja latino-americana o tornam uma obra necessária numa biblioteca teológica.

comentários(0)comente



1 encontrados | exibindo 1 a 1


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR