Sapere Aude 22/08/2021
Interessante introdução ao Pensamento de Spinoza
?Permita-me amar a Deus do meu próprio jeito?. Essa é a maneira sedutora e encantadora que Spinoza nos propõe a ideia do divino, um Deus inteiramente equivalente à natureza e que não joga dados com o Universo. A potência de Deus é a sua própria essência!
Einstein era espinozista e quando interpelado sob a crença em Deus, afirmava: ?acredito no Deus de Spinoza, que se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe, não no Deus que se interessa pela sorte e pelas ações dos homens?.
Baruch Espinosa, filósofo judeu do século XVII responsável por obras que revolucionaram o pensamento ocidental ? e o fizeram ser excomungado da comunidade judaica aos 24 anos.
A anátema de expulsão é forte e de 27/07/1656: ?maldito seja de dia e maldito seja de noite, maldito seja em seu deitar e levantar, ao sair e ao entrar? Que não queira Adonai perdoa-lo mas antes inflame-se o seu furor e rigor sobre esse homem e lancem contra a ele todas as maldições escritas no livro desta Lei. E que Adonai apague o seu nome de sob os céus?. Por que? Spinoza acreditava que as palavras da Torá não deviam ser interpretadas ao pé da letra e sim no contexto das épocas. A superstição e a razão nunca andaram juntos. Falsas ideias propiciam um consolo frágil e falso
Sua ética se divide em cinco partes: Deus; a natureza e a origem da mente; a origem e a natureza dos afetos; a servidão humana ou a força dos afetos e; a potência do intelecto ou a liberdade humana.
Neste livro, Yalom construiu uma narrativa ficcional em que intercala supostos acontecimentos da vida do filósofo iconoclasta e a do cruel assassino em massa Rosenberg, em uma história sobre as origens do bem e do mal, a filosofia da liberdade e a tirania do terror.
Em 1942, a força-tarefa de Alfred Rosenberg, servo fiel de Hitler e principal responsável pela política racial do Terceiro Reich, confiscou toda a obra de Spinoza. Que interesse um oficial nazista teria pelos livros de um pensador judeu? Por que o governo hitlerista não os queimou, como fez com tantas outras obras em vários lugares da Europa? O que seria ?o problema de Spinoza?, utilizado como motivação para o regime estudar e preservar seus livros?
Há interessantes diálogos estoicos e epicurista, a ataraxia, a harmonia ou a condição imperturbável da alma. Em se tratando dos objetivos geradores, sempre que um é atingido gera necessidades adicionais. Quanto mais se corre, mais se busca, ad infinitum. O verdadeiro caminho para a felicidade imperecível, está em outro lugar qualquer não em objetos perecíveis. Não está fora, está dentro. Está na mente o que determina o que é assustador, o que não vale nada, o que é desejável ou valiosíssimo, e, portanto, apenas nela que pode ser modificado.
Como pode haver harmonia interior em alguém que não é fiel a si mesmo? A busca das riquezas, reputação e indulgência nos prazeres sensuais estão condicionadas:
(1) parecem provir do fato de a felicidade ou a infelicidade consistirem somente numa coisa, a saber, na qualidade do objeto ao qual aderimos pelo amor; (2) nunca nascem brigas pelo que não se ama, nem haverá tristeza se perece, nem inveja se é possuído por outro, nem temor nem ódio e, para dizer tudo em uma só palavra, nenhuma comoção da alma; (3) o amor de uma coisa eterna e infinita alimenta a alma de pura alegria, sem qualquer tristeza, o que se deve desejar bastante e procurar com todas as forças.
Spinoza era um universalista. Seu amor intelectual por Deus, amor dei intellectualis, se expressa: ?amar algo que é imutável e eterno significa que você não está sujeito a caprichos, inconstâncias ou a finitude do ser amado. Não se deve tentar se completar por meio de outra pessoa. Não se deve esperar reciprocidade?.
Sejamos como Spinoza, que o desejo de continuar florescendo, impulsione todos os nossos esforços!
Carlos Roberto de Souza Filho, 22/08/2021.