Elisa 16/10/2014
Um dos documentos utilizados como prova, após a II Guerra Mundial, no tribunal de Nuremberg, contra Alfred Rosemberg, foi um relatório sobre a apreensão que fez de todos os livros pertencentes à Spinozahuis, ou casa de Espinosa, museu que abrigava uma representação fiel de quase todos os livros originalmente pertencentes à biblioteca pessoal do filósofo Holandês. Segundo o relato do oficial que o acompanhou no dia, Rosemberg alegou precisar dos livros para resolver o "problema de Espinosa" - e é a partir daí que se iniciam as especulações históricas as quais constroem o enredo do livro.
A ideia principal do livro foi boa, realmente boa. Rosemberg sempre teve um problema de auto-estima e, a fim de aplacar suas dores emocionais, teria recorrido à mais famosa obra de Espinosa, Ética, a qual teria também aplacado os dramas internos do grande escritor alemão Goethe. É claro, isso seria um enorme paradoxo, visto que Espinosa nasceu judeu e Rosemberg foi um dos maiores pregadores da ideologia anti-semita. Por isso, Rosemberg teria se agarrado a ideia de que Espinosa, na verdade, não podia ser mais do que um grande plagiador - e que melhor maneira ele teria de descobrir a verdade que não analisando os livros que o pertenciam?
Porém, a trama da história carece daquela típica construção desenvolvimento/clímax/desfecho, o que torna a leitura, em sua grande parte, extremamente chata. Em alguns livros isso pode até funcionar, mas este não foi o caso. A maior função do livro, afinal, seria uma obra de fácil entendimento sobre a filosofia de Espinosa, uma vez que romances são muito mais facilmente digeridos pelo cérebro do que textos acadêmicos, mas ficou mais parecendo um livro de história com informações hipotéticas.