Giovanna 26/08/2016
Para uma boa Educação Ambiental
O ser humano é arrogante ao pensar que a Natureza é facilmente moldável para suprir apenas as suas necessidades. O ataque de produtos químicos enfraquece as defesas do meio ambiente, trazendo a tona problemas antigos em níveis consideravelmente sérios. Esses produtos foram usados erroneamente, não levando-se em conta os complexos processos biológicos, mostrando-se autoderrotadores.
Poucos humanos entendem de fato o seu lugar na Natureza, deixando de levar em conta que a mesma existe há milhares de anos e funcionando com suas leis de equilíbrio natural. Esse equilíbrio não é o mesmo, hoje, mas ele ainda existe e é formado de variadas e complexas relações entre os seres vivos; é fluido e está sempre em mudança, passando por diversos ajustamentos.
O fato, que foi desconsiderado, é o de que o real controle de insetos é melhor aplicado pela Natureza. Esse controle é mantido pela “resistência do meio ambiente”, que não foi criada recentemente e muito menos pelas mãos dos Homens. Os produtos químicos aplicados em florestas e plantações afetam a quantidade de alimento disponível, e a presença de espécies predadoras e competidoras, matando todos os insetos "benéficos" e "maléficos".
O abalo criado pela perfuração dessa resistência do meio ambiente é, por exemplo, o poder que uma espécie tem em se tornar resistente aos inseticidas e procriar com uma capacidade além da nossa imaginação. Portanto, faz-se necessário o entendimento do funcionamento da vida ao nosso redor, mantendo a Natureza em equilíbrio e trabalhando ao mesmo tempo para nossas necessidades.
Infelizmente, o valor dos insetos na Natureza foi subestimado. A aplicação de produtos químicos para a exterminação geral quebra o controle de insetos aliados pelos insetos inimigos. Mesmo com a criação de novos produtos de destruição com a intenção de controle de algumas espécies específicas, gerou-se na verdade um surto de espécies resistentes a maioria desses químicos.
Na Natureza, os insetos são mantidos sob controle de seu predadores. Porém, quando a ação dos inseticidas afetam esses predadores, os insetos resistentes conseguem constituir uma comunidade densa. Quando pouvilha-se mais inseticida, essas espécies resistentes ficam incomodadas e dispersam-se em busca de um lugar melhor para ficar. Essa movimentação faz o inseto perceber que não há mais predadores naturais para os impedir, e encontrando mais alimentos, a energia que antes era usada para várias tarefas será voltada para uma reprodução descontrolada.
Há também insetos transmissores de doenças, que com a intensiva pulverização durante a Segunda Guerra Mundial levou a criação de bandos de mosquitos transmissores de malária. Praticamente o mesmo ocorreu com os caracóis que servem de hospedeiros a vermes parasíticos, que entram no corpo humano pela ingestão de carne ou água contaminada, ou até mesmo através da pele.
Para solucionar um problema de insetos em um pomar de macieira, o Dr Pickett fez uso de diversos inseticidas e percebeu que ele apenas saltou de um problema para outro maior, pois com essa ação gerou-se um surto de mariposas das maçãs. Então, tentando imitar a natureza, ele usou uma quantidade muito menor de inseticida e apenas em períodos corretos, sendo este antes da ovulação das espécies indesejadas. Um controle mais natural é mais eficiente, germinando mais frutos e de qualidade melhor do que os pomares que usam iseticidas.
A Idade da Resistência não deveria surpreender as pessoas, pois com o mínimo de entendendimento sobre a dinâmica das populações animais poderia ser previsto que dentro de poucos anos algum problema muito grande surgiria. Ainda assim, os agricultores e até mesmo alguns entomologistas ainda depositavam suas esperanças em desenvolvimentos de químicos mais eficazes no combate dessas pragas geradas. Entretanto, as espécies se desenvolveram mais rápido do que o entendimento dos homens sobre a situação.
Os insetos preocupavam as áreas agrícolas, mas é na área da saúde que a situação é ainda mais alarmante. Com o desenvolvimento muito rápido dessas espécies e sem controle nenhum de predador natural, a situação se torna mais que urgênte, cabendo ao homem descobrir como agir. Os entomologistas encontravam-se quase sem saída, frente ao rápido desenvolvimento desses animais, como afirma Dr. Brown: "a vigorosa ofensiva agora está sendo levada a cabo, contra as doenças transmissoras por artrópodes, tais como a malária, a febre tifóide e a peste bulbônica, está sériamente ameaçada de fracasso, a menos que este novo problema possa vir a ser rapidamente dominado".
Enquanto o problema não se solucionava e nem desaparecia, algumas complicações com relação aos fatores econômicos foram gerados, pois não podia-se comprar grandes quantidades de inseticidas com vários tipos sendo lançados no mercado prometendo combater várias espécies diferentes. E poderia ser mesmo apenas prometido, afinal, após todo surto de insetos incontroláveis não era possível saber qual produto funcionaria de fato.
As teorias de Seleção Natural de Darwin não poderiam ser melhor exemplificadas. Apenas os insetos mais "durões" sobreviveram aos ataques de inseticidas e isso gera uma grande chance suas crias herdarem os mesmos genes que fizeram os seus progenitores sobreviverem. Agora, qual o meio que cada inseto usa para a sobrevivência ainda não foi descoberto, e não dependia necessariamente de estruturação física.
O diretor do Serviço de Proteção às Plantas, Dr. Briejèr, afirmava: "Um conselho prático seria este: aplique tão pouco inseticida quanto possível, ao invés de: aplique quanto inseticida puder. A pressão contra a população pestífera deverá sempre ser tão leve quanto possível". Ele entendia que as pesquisas deveriam mais do que nunca ser de ordem biológica e usadas cautelosamente, pois utilizar a forma bruta poderia agravar a situação.
Com dois caminhos a serem seguidos, os meios naturais e os químicos, cabe a observação do mundo ao nosso redor e a percepção de como podemos tratar problemas gerados por nós e voltados contra nós. Um método é a "esterilização masculina" de alguns insetos, procurando voltar a espécie contra ela mesma.
Os machos esterilizados competiriam com os machos normais, e depois de várias solturas, apenas ovos inférteis poderiam ser produzidos e a população daquela espécie seria eliminada. Porém, nem todos os insetos são propícios a receber esse tipo de "tratamento", dependendo de pormenores a respeito do tipo de vida que ele leva e suas reações às radiações.
Apesar de alguns insetos terem sido eliminados, nem todos teriam fatores que auxiliam o mesmo tipo de tratamento, devido, por exemplo, a sua densidade populacional. Cresceu-se o interesse pelos esterilizadores químicos que eram incorporados a alimentos adequados. Os resultados para um possível efeito esterilizador obtiveram êxito, tendo algumas substâncias uma capacidade promissora.
Os riscos dos quimioesterilizadores não podem ser deixados de lado, devem ser aplicados de forma cautelosa para que observe-se a evolução dos efeitos do produto. Esses esterilizadores dividem-se em dois grupos, o primeiro age no metabolismo da célula, usando substâncias anti metabólicas; o segundo, consiste em susbtâncias químicas que atuam sobre os cromossomos, afetando os genes.
Há também processos de controle que utilizam atraentes, gerando confusão entre machos e fêmeas de algumas espécies para que não encontrem o aroma natural do seu par e reduzir assim a população dos insetos. Entretando, não é só por meio de aromas que os insetos se atraem ou repelem, os ruídos são um grande auxílio na hora de proteção ou predação de algum outro animal.
Com relação ao som, o uso de ruídos artificiais da fêmea podem atrair os machos de uma espécie para uma grelha eletrificada, por exemplo. O som pode ser utilizado também de forma repelente e até mesmo de destruição, que no caso poderia levar a um impacto maior de outras espécies através da utilização de ruídos ultra-sônicos.
Os vírus, bactérias, fungos, protozoários, e vermes microscópicos poderiam ser grandes aliados ao combate de algumas espécies de insetos. Os inseticidas bacterianos foram experimentados e usados em variados vegetais, não havendo riscos de contaminação pelo inseto patogênico.
Conclusão
A própria autora revela-se pessimista a respeito da espécie humana, pois ela é excessivamente engenhosa e isso não lhe poderia fazer bem. E de fato, não fez. Ainda que não fizesse bem apenas ao homem, ele levou outros seres vivos a sentirem o efeito devastador de inseticidas. O mal está no ser humano, que crê na sua superioridade com relação a Natureza, destruindo e subestimando-a.
Faz-se necessário o entendimento de que a vida não pode ser reconhecida sozinha, mas sim como uma teia com diversas relações entre variados seres vivos. Tudo influencia em tudo. A utilização de produtos químicos seriam eficientes apenas com o conhecimento prévio que seria uma medida provisória e acompanhada de processos e entendimentos biológicos sobre o funcionamento da espécie a ser atingida, imitando a natureza e dando rumo aos interesses humanos de forma menos prejudicial.
A matéria de Educação Ambiental é extremamente necessária. Dando visão do mundo em que vivemos e ensinando o reconhecimento, contemplamento e apreço, ao invés de continuarmos com ideias arrogantes e ultrapassadas.