Madrugada suja

Madrugada suja Miguel Sousa Tavares




Resenhas - Madrugada Suja


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Claudio.Berlin 22/04/2023

Deixa a desejar
Li Equador e Rio das Flores do mesmo autor .
Adorei os livros.
Já este foi decepcionante.
Uma história previsível, com clichês na parte final , e com personagens quixotescos.
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Rafael.Montoito 13/04/2020

Ares bons do além-mar
Ontem acabei de ler "Madrugada Suja" que, a princípio, me interessou porque a história se passa numa minúscula aldeia portuguesa próxima a Évora (que, por sua vez, é próxima a Montoito, que em ligação com meu sobrenome) e, por já ter estado lá, quis ter este outro contato com ela, agora via literatura.
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Mas o novo livro de Miguel Sousa Tavares é bem mais interessante do que simplesmente um apelo à minha memória afetiva: na história, Filipe e seus amigos têm uma péssima noite, na adolescência, que virá cobrar-lhe o preço da verdade muitos anos depois, quando ele trabalha como arquiteto e o país está passando por transformações políticas relevantes. O contraponto à sua agitação é seu avô, único sobrevivente da aldeia de Medronhais da Serra, de onde ele vem; com o passar dos anos, a aldeia foi abandonada pelos jovens, os mais velhos morreram, e hoje ela não é mais nada pra Filipe do que seu refúgio, mas também o local onde seus pais viveram e não souberam amá-lo como deveriam.
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Outro ponto interessante desta história sensível, que começa na Revolução dos Cravos e vem até a atualidade, é que os capítulos são narrados por diferentes personagens, num emaranhar de histórias particulares e de pontos de vista.
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Guigui 08/01/2019

Ler para conhecer
Não é só o Brasil que as falcatruas acontece nas madrugadas,
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Ladyce 12/09/2015

Didático
Encantada com a leitura de Equador e de Rio das Flores dediquei dois dias em setembro à leitura de Madrugada Suja na esperança de reencontrar o autor em mais uma de suas boas criações. Senti-me roubada das boas expectativas.

Madrugada Suja não chega aos pés dos livros acima mencionados. Parece um livro do autor ainda principiante. Mas não é. Talvez seja a obra que o autor se sentiu pressionado a publicar depois do grande sucesso dos livros anteriores. Mas o sucesso anterior não justifica a publicação dessa obra. Madrugada Suja peca por ter uma posição política óbvia, o desejo de uma explicação sociológica ainda mais evidente, e por isso mesmo perde na criatividade e no contar de uma boa história. Há tempos defendo que literatura como mensagem tem que ser feita por gênios para poder sobreviver. Ou fica no patamar do medíocre como é o caso aqui.

As duas estrelas são porque respeito o autor. E porque como brasileira me deleito com as expressões portuguesas que colorem tão bem o nosso idioma. Fora isso, não recomendo.
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Dose Literária 01/04/2015

Madrugada Suja – Miguel Sousa Tavares
“Nada é a feijões”.
Esta frase de um dos personagens de Miguel Sousa Tavares, em seu ótimo livro “Madrugada Suja”, representa o mote da trama. Tudo tem seu preço. A cada decisão que tomamos, ou deixamos de tomar, nosso caleidoscópio dá uma volta, muda o cenário, fecha janelas e portas para abri-las em novos e surpreendentes lugares.

Na história com excelente ritmo e cheia de acontecimentos, vamos nos afeiçoando às palavras levemente diferentes do idioma usado em Portugal. Você se pega na leitura com sua “voz mental” falando com sotaque português. Ao menos foi assim comigo. Achava tão mais bacana que ligeiras diferenças permanecessem, ao invés da infeliz revisão ortográfica em que nos jogamos!

Herdamos dos portugueses algumas características boas e outras más. Desconfio que é dos portugueses a receptividade ao estrangeiro, dado ser um país que se atirou ao mar e viajou e colonizou o mundo, miscigenou nele, ao invés dos imigrantes de tantas outras culturas, que formam guetos. Também é deles algo de nossa lascívia, como em vários trechos picantes – denotando claramente um livro escrito por um autor masculino.

Continue lendo em

site: http://www.doseliteraria.com.br/2015/01/madrugada-suja-miguel-sousa-tavares.html
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Fabio Michelete 17/01/2015

Nada é a Feijões
Esta frase de um dos personagens de Miguel Sousa Tavares, em seu ótimo livro “Madrugada Suja”, representa o mote da trama. Tudo tem seu preço. A cada decisão que tomamos, ou deixamos de tomar, nosso caleidoscópio dá uma volta, muda o cenário, fecha janelas e portas para abri-las em novos e surpreendentes lugares.

Na história com excelente ritmo e cheia de acontecimentos, vamos nos afeiçoando às palavras levemente diferentes do idioma usado em Portugal. Você se pega na leitura com sua “voz mental” falando com sotaque português. Ao menos foi assim comigo. Achava tão mais bacana que ligeiras diferenças permanecessem, ao invés da infeliz revisão ortográfica em que nos jogamos!

Herdamos dos portugueses algumas características boas e outras más. Desconfio que é dos portugueses a receptividade ao estrangeiro, dado ser um país que se atirou ao mar e viajou e colonizou o mundo, miscigenou nele, ao invés dos imigrantes de tantas outras culturas, que formam guetos. Também é deles algo de nossa lascívia, como em vários trechos picantes – denotando claramente um livro escrito por um autor masculino.

“Se digo que não sei bem se ela sabia ou não o que se passava do lado de fora da casa de banho é porque, muitas vezes, recordando e constituindo o que eram essas incríveis sessões de devassa crepuscular, me parece quase impossível que tudo aquilo fosse inocente e desprevenido, da parte dela: a maneira como se estirava toda, arqueando o peito e as pernas, a maneira como rebolava de repente virando o traseiro em direção à janela, como se sentava de lado e depois de frente, expondo a todos os ângulos aquele inacreditável peito, a crueldade lenta com que passava por todo o corpo o sabão azul e branco, em cada curva, em cada reentrância, em cada músculo, esfregando como se fosse noite de núpcias, tudo isso ou era demasiado estudado ou era mesmo um dom. (...) Eu quis morrer assim várias vezes.”

As semelhanças também passam pela emotividade e apego com a família, e infelizmente, à corrupção e uso do governo e das promessas aos pobres como forma de enriquecimento ilícito e toda a sorte de corrupção. Tavares é também comentarista político, e faz várias inserções de suas opiniões sobre a união europeia e a gestão portuguesa, aproveitando o pano de fundo para o livro.

“Todos estavam endividados, mas felizes: o Estado, as autarquias, os cidadãos. Todos viviam em casa própria, mas que de facto, pertencia ao banco que lhes emprestara dinheiro a trinta anos e também emprestara para as férias no Brasil, Cuba, República Dominicana, mais o carro e os brinquedos electrónicos dos filhos”

Mas mais do que a trama política, mostrará para nós uma verdade universalmente piegas, mas verdadeira: o ser humano só quer ser amado. Das histórias de superação de uma das personagens, ao esforço dos que se levantam contra a mentira e a corrupção – passando por segredos íntimos, tudo isso está apenas emoldurando aquilo que nos faz gostar do livro. É a busca por vida em cada um dos personagens, uns indo longe de casa, outros nela ficando. A rotina em uma aldeia campestre, a vida de gente da cidade, toda entrelaçada na eterna busca humana por felicidade. A angústia da finitude, representada no saudosismo das lembranças e locais de infância - que passam a não ser visitados - tão doloroso é o sentimento de perda que temos ao olhar as rugas no espelho.

O pano da história, das ideologias a que se aferram tantas certezas, talvez represente os limites do rio - seu curso por acidentes diversos. Mas jogado neles estamos todos, seres humanos, trombando uns nos outros, nos prejudicando e nos amando, e tentando no processo manter a cabeça para fora d´água. Enganados por alguma sensação de controle, vamos ao fluxo de uma enorme corrente, ora boiando, ora nos agarrando a algum galho ou pessoa, mas com limitada capacidade para guiar nossos destinos.

“Foi avo e mãe, mulher duas vezes, deitou-me quando adormecia de noite em frente ao lume, acordou-me quando dormia, de manhã, sem outro aconchego. Sobrevivi, literalmente, graças a ela. Mais tarde – e só mais tarde, como era hábito, passou-me também aos cuidados e atenções do meu avô, mas quando eu já tinha espigado, já mostrara que tinha vindo para viver, e já podia ir para o campo, para os animais ou para a barbearia, para o mundo dos homens, onde não havia colo nem festas na cabeça, mas silêncios e gestos mudos, uma dureza, uma secura de sentimentos, que era a maneira de os homens gostarem uns dos outros sem o dizerem.”

“Ficou a olhar, distraído, para um jogo de futebol entre miúdos, que se jogava na praia: na já quase escuridão que cobria a praia, o guarda-redes foi batido com um remate de longe e os miúdos de outra equipe saudaram o golo gritando e abraçando-se. “ A vida é feita de pequenas vitórias”, pensou, “são elas que antecipam e compensam as grandes derrotas.”
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Johnny 14/03/2014

Entre os laços de sangue e a ética.
Miguel Sousa Tavares – Madrugada Suja

Este é o quarto romance do escritor e jornalista português Miguel Sousa Tavares. Depois de Equador, seu brilhante romance de estreia, publicado em 2003, ainda li No teu deserto e Rio das Flores. Todos me agradaram bastante. O autor costuma entremear histórias de amor, família e fatos da vida política de Portugal. Em Equador, por exemplo, a narrativa desloca-se para o início do século 20, durante os estertores da monarquia portuguesa: na pequena colônia ultramarina de São Tomé e Príncipe, o Governador enviado de Lisboa defronta-se com suspeitas de trabalho escravo e disputas entre poderosos negociantes, enquanto vive, no plano interior, uma complicada paixão. Já em Madrugada Suja, a competente pesquisa histórica de Tavares e seu agudo enfoque político nos levam às três últimas décadas do mesmo século 20, desde a Revolução dos Cravos, com a queda do regime ditatorial salazarista (1974), até o final dos anos 90. Este é o pano de fundo onde se costuram as alegrias e sofrimentos de três gerações, dos avós na decadente aldeia alentejana de Medronhais da Serra ao neto e protagonista Filipe Madruga, passando pelo pai idealista (Francisco) e pela mãe de esvoaçada lembrança (Maria da Graça), cuja breve existência deixa graves implicações futuras.

A trama começa com o episódio que dá título ao romance. Na cerimônia de Queima das Fitas da Universidade de Évora, Filipe conhece Eva, uma miúda de 16 anos, como dizem os portugueses, dessas que se infiltram em festas acadêmicas para fingirem que já transitam pela maioridade. O resultado daquela madrugada é trágico e lançará sombras e luzes por toda a vida do rapaz. Ele tentará se esquecer dos acontecimentos, e eventualmente conseguirá, mas a vida – bem como os romances - é criativa e não se contenta com pouco. Assim, Filipe toca em frente seus planos de carreira, enquanto carrega consigo essa culpa da juventude, buscando mantê-la adormecida. Forma-se arquiteto e começa a trabalhar em uma pequena câmara municipal, até que um dia o velho problema ressurge.

À medida que os dramas pessoais e familiares se apresentam, o escritor delineia um panorama pungente, lírico e pleno de saudosas recordações da infância e juventude do protagonista em Medronhais da Serra. A aldeia irá minguar, transformar-se em um povoado fantasma. O avô Tomaz da Burra resistirá como seu último habitante. Ali, Filipe crescerá sob o carinho protetor da avó e a companhia do avô em suas lides no campo. Uma dessas recordações me deixou bastante emocionado: o velho arremata a pesada cadeira da barbearia abandonada (que servira de ponto de encontro aos cidadãos locais), prende-lhe umas rodas e leva a esposa, já moribunda, a passear pelas ruas da aldeia. Só lendo para sentir essa emoção.

Os velhos cumpriram o papel de verdadeiros pais do garoto, enquanto a avó Filomena guardava um importante segredo trancado a sete chaves. Filipe mal chegou a conhecer a mãe, que morreu cedo. O pai, por sua vez, partiu atrás de um ideal que lhe propiciou algum sentido à vida: colaborar com a implantação da reforma agrária e do projeto revolucionário que se ensaiou após o final do Estado Novo salazarista. A narrativa evolui a partir desta meia orfandade, da primeira e impossível paixão pela professora, das cenas preciosas do cotidiano na aldeia e, como não poderia deixar de ser, do trauma daquela madrugada suja. Posteriormente, já em seu ofício de arquiteto, ele toma conhecimento da corrupção política em Portugal e a retidão de seu caráter suscita desdobramentos importantes na trama.

Se neste quarto romance o autor preserva a escrita sensível e vigorosa que transformou Equador em um best-seller, o leitor poderá colher uma impressão de certo exagero das coincidências presentes na história. É certo que a Literatura – assim como todo o domínio da Arte – constitui-se numa das maneiras mais eficazes de aproximar o ser humano do céu paradisíaco. Para os escritores, que se arriscam a ir um pouco além do gozo de usufruir, a concepção de uma obra literária vai além: transforma-os em deuses. Quem escreve é deus de cada personagem, de suas ações e até mesmo do acaso a que se sujeitam. A chamada na capa traseira do romance diz que “o leitor encontrará uma história fascinante sobre como os acasos da vida nos levam a situações-limite”. O problema se dá quando este mesmo acaso, disponível como ferramenta da criação, leva seu leitor à desconfiança, especialmente em se tratando de uma peça realista e cheia de conexões verídicas.

É claro que não mencionarei aqui esses exageros do acaso praticados pelo autor, pois não pretendo ser desmancha-prazeres. Tampouco diria que essas coincidências chegam a comprometer o romance como um todo, mas ficou-me a impressão de excesso, que remonta pontualmente alguns ganchos das novelas de TV. Apesar desse aspecto negativo, afinal de menor importância, trata-se de um belo romance. Madrugada Suja comove e captura seus leitores. Escrito em delicioso português materno, com personagens palpáveis e uma rica ambientação histórica, deixa-nos de presente, em seu arremate, um confronto instigante entre os laços de sangue e as convicções éticas do seu personagem principal.


site: https://sites.google.com/site/sibonder/Resenhas
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Jacqueline 31/01/2014

Embora contando com coincidências demais, a história é boa, bem contada e bem escrita. A narrativa não cronológica da vida do protagonista é permeada pela história recente de Portugal, pós Revolução dos Cravos: a reforma agrária, o estabelecimento da democracia, a disputa entre comunistas, socialistas e liberais, o movimento de urbanização e o fim de aldeias e pequenas localidades rurais, como a que nasceu Filipe, que no presente só conta com um habitante - seu avô -, que junto com sua avó já falecida, o criou.
A biografia do personagem principal é também marcada por dilemas éticos. Da injúria na infância, de quando sua professora, por quem era apaixonado, foi expulsa da cidade por ser flagrada sob a batina do padre (que permaneceu na cidade) - episódio que rendeu sua primeira grande aprendizagem "o pecado depende do sujeito, não do predicado" -, passando pelas intempéries da juventude e do difícil julgamento sobre consentimentos sexuais e acidentes em estado de embriaguez, até chegar, na idade adulta, à corrupção política e tentativa de suborno na profissão.
Chama a atenção o não envolvimento afetivo do protagonista e seu acentuado espírito de justiça.
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Carol Minardi 05/01/2014

"Todas as madrugadas são sujas.
Só as manhãs são limpas."

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Como li em uma outra resenha por aí, estava esperando ser arrebatada pelo livro, como havia sido quando li Equador e Rio das Flores, mas... Not this time! O livro não é ruim, longe disso. Porém tenho que confessar que a leitura foi bem arrastada em alguns momentos e foi mais longa do que o necessário em outros.
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CisoS 26/12/2013

Não fosse o final...
O livro é muito bom. Não só a trama é muito boa, também o painel de Portugal (da revolução dos cravos até hoje) é muito interessante.
Também é curioso a linguagem. Apesar de estar em português de Portugal e usando algumas estruturas que foram abandonadas no Brasil há muito tempo (infelizmente. Ou não...), o texto é muito fluído, não me passando a impressão de antiquado, como muitas vezes acontece.
O ponto negativo é o final, que me pareceu muitíssimo pouco plausível.
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Conrado 16/10/2013

O pato não mergulha fundo.
Antes desse romance, havia lido Equador e Rio das Flores. Por ter ficado fascinado por uma escrita poética e envolvente nos dois primeiros, inevitavelmente e infelizmente, tive uma expectativa além da conta para esse nosso terceiro encontro. Lembrar das angústias patrióticas e amorosas que Luis Bernardo viveu na ilha de São Tomé ou dos conflitos políticos vividos pelos irmãos Diogo e Pedro, em uma época marcada por ditaduras, sobrecarregaram de esperança esse recém-lançado de 351 páginas.

O romance sendo narrado pelos próprios personagens, fazendo o acontecimento fatídico logo no começo da trama se entrelaçar com os personagens conforme vamos conhecendo suas histórias é, de fato, muito interessante e consegue dar ritmo ao enredo. Entretanto, algumas explicações detalhadas sobre jogos políticos e a ausência de uma história mais profunda e rica, o deixaram a desejar.

A impressão que tenho é como se Miguel Tavares tivesse um tempo determinado para entregar essa obra ou que deveria fazê-la em um determinado número de páginas. Digo isso, pois ao mesmo tempo em que vejo sua maestria nas palavras e na descrição de sentimentos, a história fica, ao final, superficial demais. Fiquei esperando ela me envolver e já nas últimas páginas, tive a certeza de que seria bom, mas nem perto de um Equador.
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