Gazineo 16/01/2015
Um Brasileiro na Ficção Científica
Em 2014 li com atenção redobrada o livro 'O Homem Fragmentado' de Tibor Moritz que seria um romance de ficção científica, embora, pessoalmente, sempre fui avesso a esta tendência de circunscrever uma obra - qualquer que seja ela - a um certo gênero ou estilo dentre dos canônes classificatórios.
Mas o livro de Moritz é assim classificado e isto me despertou uma curiosidade inegável. Isto porque existe uma certeza sacrossanta que no Brasil não se produz obras de ficção científica. Preconceitos à parte, são, de fato, raras as incursões de autores nacionais. E Tibor Moritz - embora o nome nos faça pensar, talvez, em um ex-soviético com uma barbicha a la Tchekov - é um autor brasileiro de verdade.
O 'Homem Fragmentado' conta a história de um bem sucedido escritor de ficção científica brasileiro - nada de 'alter-ego', registre-se - que, ao perder o filho em um acidente do qual ele se culpa, decide por fim à própria existência. Logo, a estória começa com um suicídio do próprio protagonista. Premissa interessante, não há como negar, e cheia de perigos.
Moritz quebra de logo a nossa primeira certeza. Seria mesmo um suicídio? Ou será que o suicídio que o leitor acabou de ler e testemunhar não seria um delírio compartilhado com o personagem? A continuação da existência do protagonista além da morte e do terrível ato final é que resume, justifica e dá força ao livro.
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