kleris aqui, @amocadotexto no ig 16/04/2014Me faz pensar na história como um conto, e não um romance(Vc pode ver essa e demais resenhas em www.dear-book.net)
O livro me chamou a atenção num dia qualquer passeando pelo skoob, fez suas promessas e temi ter esperanças demais logo de cara. A edição brasileira traz uma capa linda que, não sei vocês, ela me faz sorrir de volta tal qual a foto e posso dizer que “pega bem” a essência do que é a história. Guardem essa informação que vou buscá-la daqui a pouco.
O livro começa no ponto de vista de Laura, uma assessora de imprensa que é requisitada de última hora para servicinho “particular”: ser guia de um cantor lírico cego, a quem se referiam como “mestre” por ser muito renomado.
>"Quando o agente tirou do bolso minha passagem de trem, tive vontade de rir outra vez. E se eu tivesse recusado? Na verdade, qualquer outra, aqui mesmo, se ofereceria prazerosamente para cuidar do mestre. Outra mais experiente. Por que eu?"<
Apesar de não conhecer nada do ramo dele, Laura se aventura a cumprir tudo e descobrir, quem sabe, o porquê de ELA ter sido requisitada, pois de certa forma ficou aquela pulguinha atrás da orelha. Isso acaba ficando para segundo plano quando o ouve cantar pela primeira vez. A voz dele a toca a ponto de não só admirá-lo, mas vir a ter aquele amorzinho platônico impossível. E ela tem noção do quão bobo isso é.
>"Eu ia amar aquele homem. Já o amava. Podem rir. Um amor de fã pelo ídolo. A obscura provinciana e o homem realizado, bonito, rico, que tinha todas as mulheres a seus pés. Melhor: o homem ferido! E eis que a inocente garotinha encontra o caminho de seu coração... Puro romance ao estilo de M. Delly!"<
Encantos (e constrangimentos) à parte, Laura é logo contratada por definitivo por David, o agente do cantor, o que a permite adentrar mais no mundo de Claudio Roman, o cantor sedutor. Como amiga e profissional, ela vai descobrindo mais de quem foi e quem é o Claudio de agora, cego.
Ainda que tenha uma carreira feita, ele sofre por suas limitações e guarda medos que Laura diz “reconhecer” nas várias apresentações que acompanha. Quando ouve a voz dele, é como se ela pudesse sentir mais que as vibrações da própria música, os nuances de dor e frustração, coisas que realmente a incomodam. Laura deseja poder realizar um sonho antigo de Claudio, de interpretar um papel lírico que “foi feito para ele”. Para isso, teria de resgatar a visão primeiro.
O caso de Claudio não era irreversível, só talvez sua opinião sobre a cirurgia. Enfrentando a ira dele, e as dúvidas do agente-pai David, ela se mete e os convence de tentar uma chance, já que muitas coisas do estado dele eram favoráveis. Embalada por uma amizade e paixão misturadas, Laura vê a cirurgia se realizar e trazer a visão de volta a Claudio. Ele então poderia interpretar o Alfredo, em La Traviata, ópera baseada na obra A Dama das Camélias.
Mas como, se depois de tanta insistência, tantas maravilhas, como dar vida a esse sonho se ela... some? O desespero bate em Claudio, que, apesar de ter a visão de volta, havia perdido Laura.
Vemos então que o livro tem mais de uma parte. Uma segunda e uma terceira, que podem deixar a leitura um pouco confusa. Para mostrar o momento de Claudio e explorar mais do outro lado da história, a autora utiliza-se de uma forma de narrar diferente da inicial e parece perder um pouco do foco. Coisas como trabalho e família, antes tão justificáveis para certos pontos da trama, são esquecidos e a autora se volta de repente para esse amor que Claudio percebe ter perdido.
>"Os dois homens apertaram-se as mãos: - Pão e música, é que o senhor lhe isso? – perguntou o pai. - Os dois alimentos indispensáveis à vida – completou Claudio. Uma reprimenda atravessou o olhar triste pousado sobre ele. - Está esquecendo o amor, cavalheiro."<
De pano de fundo, o livro possui muitas citações e referências a óperas, teatro, música, e essências, como cheiros e cores, coisas valorizadas por aquela perda da visão. Janine vai levando tudo com uma escrita simples, às vezes pretensiosa em suas metáforas, mas por sempre leve, com ações rápidas. O fato de ser corrido e passar rapidamente por pontos (como os citados trabalho e família), que poderiam ser essenciais, me faz pensar na história como um conto, e não um romance.
Assim, ela poderia ter elaborado e dar mais consistência aos fatos, o que levaria provavelmente a um segundo livro. Mas, sei lá, senti que Janine quis que a história fosse desse jeito mesmo, despretensiosa, humorada, levemente adocicada, com uns clichês e passagens de efeito, sem pedir muito do seu leitor. E se tentou/se arriscou em surpreender com a troca de pontos de vista e de voz narrativa, foi para trazer algo diferente.
O título original é Histoire d’Amour e acho que prefiro a versão brasileira, que dá uma dica maior sobre do que se trata a história, assim como a capa. Acho que a expressão facial que mostra é a expressão com que ficamos por boa parte da leitura, também bem definida por esse trecho em particular:
>"Banal? Clichê? Claro, mas paciência, é assim!"<
Não possui nada muito denso, Pela Luz dos Olhos Seus é uma leitura breve para quando estamos saindo de muitas séries e superando outras histórias.
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http://www.dear-book.net/2014/03/resenha-pela-luz-dos-olhos-seus-janine.html