fernandaugusta 04/02/2014Um dos preferidos da vidaEste é um dos meus livros favoritos. É uma leitura que parece ser bem despretensiosa, mas se revela cheia de personagens ótimos e uma história emocionante e cativante.
Vamos conhecer a cidadezinha de Willow Creek, Montana. Digamos que seja um daqueles locais esquecidos, retirados, cheios de beleza, e também de fantasmas. A única escola tem 18 alunos de Ensino Médio. E o time de basquete está a 5 anos sem vencer. 93 derrotas.
Sam Pickett é o professor de inglês e treinou o Willow Creek nestes anos de derrotas. Sam foi parar em Willow Creek após perder a esposa em um atentado com um atirador em uma lanchonete, e nunca se recuperou da perda. O basquete é a maneira de ocupar sua cabeça no longo e escuro inverno de Montana, mas ele também se cansou de perder tudo.
Só que quando ele desiste de treinar o time, o destino dá uma virada. Um aluno novo, Peter Strong, vem passar um tempo na casa da avó (a maravilhosa Vó Chapman) após o divórcio dos pais. E um aluno de intercâmbio da Noruega, Olaf Gustafson, chega para passar um ano na fazenda dos Painters. Olaf tem 2,11m de altura.
Ajudado pela professora de Biologia, Diana, Sam começa a ver desabrochar uma esperança, pois ele tem dois bons jogadores do time derrotado à mão, Tom e Rob. Só que Olaf não sabe jogar... e o time praticamente não teria reservas. Seria a esperança o suficiente para conseguir pelo menos uma vitória?
O objetivo inicial é vencer uma partida. Mas a garra, a determinação, a vontade dos garotos de Willow Creek vai muito além. Afinal de contas, poderia um time tão improvável realizar o impossível?
Esta leitura nos leva para dentro da comunidade, como se fôssemos habitantes de Willow Creek, vizinhos de Vó Chapman, tomadores de café do Blue Willow. Nos familiariza com as histórias de cada um dos personagens, porque eles tem nuances muito profundos, atrás da casca de gente do interior. E os meninos, o time, são muito carismáticos, eles são a cola da narrativa, as histórias deles transcendem o comum, impulsionam os adultos, levam o orgulho de volta para Willow Creek e transformam tudo ao redor.
Aquela cidade que antes era esquecida e motivo de chacota vai recuperando o brilho. Sam vai perdendo o medo e juntos, ele e Diana vão se curando na onda de milagre do lugar. Tudo vem à luz, até as personalidades e lendas locais são explicados. Particularmente gosto muito da escrita do autor neste ponto, pois à medida que as peças de Willow Creek vão se encaixando, todos tem ou tiveram um papel a cumprir para aquele momento.
Não tem como não pegar amor nos personagens. Todos tem um conflito, um pano de fundo muito bem construído, e assim como a comunidade de Willow Creek, a gente se vê torcendo pelo Sam e pela Diana. Mas o mais legal é o crescimento dos meninos do time e a a costura da história do time com a da cidadezinha. É emocionante, uma lição de vida.
Vários momentos emocionantes e muitas tiradas bem divertidas dão o tom desta história. Stanley Gordon West é um autor bem conceituado nos EUA, exímio novelista, mas aqui sua única obra traduzida é "Onde mora a coragem", um livro pouco conhecido, o que é uma pena, pela riqueza que traz.