CooltureNews 14/09/2013
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Evito, de todas as formas possíveis, abandonar a leitura de um livro após começa-la. Ainda mais quando estou lendo o livro em questão com o intuito de escrever uma resenha. Contudo, devo confessar que tive que me esforçar muito para terminar de ler o Encontro na Montanha Vermelha, de J.J. Benítez. Por diversos motivos, que explicarei abaixo, quase desisti de continuar a leitura.
Em primeiro lugar, acho importante deixar claro qual a temática do livro: ufologia. No caso, sou um grande apreciador de histórias de ficção envolvendo a possibilidade e consequências da existência de vida extraterrestre. Mas, como disse, aprecio histórias de ficção. Uma das coisas que mais me incomodou no livro de Benítez é essa sua pretensão de relatar fatos supostamente reais.
Quando lemos qualquer livro de ficção, o próprio aspecto ficcional da obra, por mais que isso possa soar contraditório, contribui para que acreditemos em todo o universo ficcional apresentado na obra em questão. O termo técnico para isso é suspensão de descrença. Basicamente, fazemos um “contrato” e concordamos em fingir que tudo aquilo que estamos lendo é “real”, ao menos durante o período em que estamos imersos naquele mundo.
Em Encontro na Montanha Vermelha, Benítez faz justamente o contrário. Ele se propõe a narrar, a partir de uma linguagem descritiva e jornalística, diversos vislumbres reais dos infames Objetos Voadores Não-Identificados. Para tal, o autor descreve suas viagens e encontros com vários pilotos espanhóis renomados. Consequentemente, essa se torna a estrutura de grande parte do livro: cada capítulo narra o encontro entre Benítez e algum piloto e sua subsequente entrevista, com algumas transcrições de gravações feitas durante os voos e desenhos que pretendem ilustrar as descrições dos pilotos.
Essa estrutura fixa e repetitiva foi o que mais me desmotivou durante a leitura do livro. Alguns dos relatos são verdadeiramente interessantes e conseguem impressionar mesmo que você não seja um entusiasta da ufologia. Contudo, cerca de dois terços do livro ficam monótonos devido a essa mesmice de casos parecidíssimos contados a partir de uma forma estanque e sem criatividade.
A parte mais interessante do livro é justamente a experiência que Benítez teve na tal “Montanha Vermelha”. Essa grande aventura mostra muito mais do que um homem em contato com algo que não consegue entender: mostra um ser humano imerso em uma solidão que o permite pensar e racionalizar acerca de temas bastante complexos e amplos. Infelizmente, esse é apenas o terço inicial do livro e a leitura se torna monótona e cansativa após isso.
No frigir dos ovos, Encontro na Montanha Vermelha mostra-se como um livro de nicho. Sendo assim, ele dificilmente agradará uma pessoa que não tenha forte interesse em relatos de encontros com ÓVNIS, ufologia e a possibilidade de vida fora da Terra.
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