Bia Machado 22/04/2011Um ótimo suspense!Euzébio Vianna é um general brasileiro que em seus momentos de folga passeia no calçadão de Copacabana. Sexagenário, sua vida familiar é tranquila. Vive com Leonor, sua esposa, e sua rotina não tinha contratempos, até que um chanceler libanês morre em um atentado no Rio de Janeiro: o carro explode, sem chance de sobreviventes.
Posteriormente, logo no dia seguinte, uma carta chega às Nações Unidas: Ali Ahmad, um terrorista sem rosto, conhecido por anunciar antecipadamente seus atos criminosos, assume ser o autor do atentado,
também fazendo uma nova ameaça: em seis meses ele destruirá Beirute e Tel-Aviv. E com Ahmad não se pode brincar, pois ainda que das outras vezes tenha anunciado com antecedência o que iria fazer, ainda assim não se conseguiu detê-lo, apesar dos esforços empregados. Com o perigo iminente, a ONU cria um comitê diplomático-militar para evitar que a ameaça de Ahmed se cumpra. Vianna é chamado para tomar parte do comitê, tendo em vista seu grande conhecimento em estratégias de guerra.
Outro fato: nesse período, duas nações assinam um tratado de paz: Irã e Israel. Esse fato, que poderia ser animador, talvez tenha alguma outra intenção não revelada. Mas o quê, afinal? Vianna resolve investigar e encontra as respostas que tanto temia.
Acrescento que não é apenas o personagem Vianna que brilha na narrativa: Navarro, Toledo e Eugenia Munõz constituem-se em peças fundamentais na trama, também se destacando. O que talvez incomode leitores mais jovens é o fato desses personagens serem mais maduros, ou a falta de personagens em uma faixa etária mais próxima da deles. Espero que não, pois deixarão de apreciar um ótimo livro.
"Ira implacável" foi publicado em 2002, provavelmente sob a influência dos acontecimentos do 11 de setembro de 2001, o ataque às torres gêmeas do WTC. É um thriller de suspense e nele Matta utilizou-se de uma narrativa tensa: no início, os acontecimentos são expostos de forma um tanto lenta, mas que vai fluindo aos poucos e termina em um ritmo intenso, de deixar "o coração na mão". E olha que eu não sou fã de tramas que envolvem espionagem! Se fosse, teria aproveitado ainda mais o clima conspiratório da obra. Acredito que o fato das ações do livro acontecerem em vários cenários (Rio de Janeiro, Nova York, Beirute, Jerusálem...) também contribuiu em muito para a agilidade da narrativa. O autor nos traz detalhes políticos, históricos, mostra-se profundo conhecedor dos temas que são desenvolvidos em "Ira Implacável".
Chamo a atenção para o fato de que são poucos escritores brasileiros a escrever nessa linha temática e, se eu tinha curiosidade em ler um livro do Matta, agora quero ainda mais ler os outros mais divulgados na mídia: "O Véu" e "120 horas". Dos poucos livros que li de Carré e Ludlum, dois autores estrangeiros no mesmo segmento, posso garantir que Luis Eduardo Matta não deixou nada a lhes dever com "Ira implacável". E é realmente uma pena a falta de divulgação maior dele. Faltou um trabalho da editora nesse sentido, essa sim me pareceu preocupada em ligar o livro aos fatos de 2001 nos EUA: a capa apresenta, por detrás das letras em vermelho do título, a imagem de um avião a se chocar com um edifício (coincidência, não?).
Enfim, recomendo o livro aos que gostam de um bom suspense, de uma narrativa sólida e uma trama bem construída. Fiquei contente de saber que os escritores do nosso país não deixam nem um pouco a desejar aos estrangeiros de renome. Aguardo ansiosa por mais livros do Matta.