Resenhas - O Chá das duas

guibre 29/07/2011

Carlos Eduardo Novaes demonstra, nas crônicas que compõem este livro, sua capacidade de fazer críticas acerbas e viscerais por meio de uma excelente utilização de elementos humorísticos. Os textos foram escritos no decorrer do ano de 1977, sendo perceptível a diferença no seu teor em relação a alguns mais antigos de sua autoria, inclusive como reflexo da “abertura” promovida pelo governo de então. Pondere-se, todavia, que o autor, de forma inteligente como de praxe, critica a lentidão de tal diminuição do autoritarismo, inclusive enfatizando a preservação de institutos claramente antidemocráticos ou mesmo a criação de novos (como a Lei Falcão e o Pacote de Abril).
Nota-se, ademais, que as crônicas são muito bem contextualizadas, nelas encontrando-se informações bastante esclarecedoras sobre o panorama de então, não se furtando o autor de opinar sobre acontecimentos em outras partes do mundo, inclusive como instrumento para reforçar as críticas a inexistência de regime democrático no Brasil, demonstrando a falácia contida nos artifícios retóricos utilizados a época por elementos políticos vinculados ao governo.
Enfatize-se, por fim, que Novaes demonstra ser capaz de criticar, por exemplo, tanto a incompetência da prefeitura do Rio de Janeiro lidar com o lixo produzido pela cidade quanto as decisões da cúpula do governo federal ou mesmo a impunidade de manipuladores do sistema financeiro, sempre com maestria humorística. Cite-se, também, a criação de uma “Declaração de Direitos” bastante próxima da realidade ou parodiar a sociedade brasileira por meio do estabelecimento de um paralelo entre suas classes e escolas de samba.
Suas crônicas são, definitivamente, uma forma muito divertida de se tomar conhecimento acerca do cotidiano brasileiro de alguns anos do século passado.

Lolli 27/08/2010

Ótimos textos, repletos de ironia, trocadilhos e cítica. Abordam temas como política e economia no Brasil sob o regime militar.