O Guia do Viajante do Caminho de Santiago

O Guia do Viajante do Caminho de Santiago Daniel Agrela




Resenhas - O Guia do Viajante do Caminho de Santiago


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Djeison.Hoerlle 22/03/2018

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O livro cumpre bem o papel de guiar o viajante, mas mesmo tendo sido escrito por um jornalista formado, traz alguns vícios que na opinião de um leitor crítico, torna a leitura desagradável, como repetição excessiva de ideias, por exemplo. No mais, é um livro bom.
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Léo 06/06/2017

Livro maravilhoso e muito informativo
Há livros e livros que contam histórias aventureiras feitas por seus autores durante suas jornadas, com narrativas que detalham venturas e desventuras diante das situações encontradas pelo caminho. Mensagens como resolução, ânimo e muita autoestima fazem parte dos conteúdos instrutivos de exemplares assim. Em mais uma excelente publicação da Editora Évora, é possível encontrar alguns motivos que vão além de todas essas questões e achar, em torno de muita reflexão, respostas jamais vistas e obtidas antes. O livro O Guia do Viajante do Caminho de Santiago, escrito pelo jornalista e viajante profissional Daniel Agrela, transforma-se em um grande preceptor de soluções para o espírito do leitor e não somente cumpre o seu objetivo de informá-los sobre os gáudios, contratempos e imprevisíveis ocorrências — servindo mesmo como um bom guia para os futuros peregrinos que pretendem seguir os mesmos passos de Agrela — nos trinta dias percorridos na peregrinação do Caminho de Santiago (lugar que guarda valores religiosos históricos e serve como campo de reflexão para o peregrino) mas que também exerce um papel muito importante de grande semeador de respostas para a vida. Como diz o jornalista de maneira insistente; "Para fazer o Caminho, não é preciso ter um motivo, pois o Caminho não pede justificativas para ser realizado. Basta caminhar. Sempre".

O encontro com a paz interior é, sem dúvida, um dos mais importantes efeitos alcançado no Caminho. A ação de partida do peregrino em direção ao Caminho de Santiago ultrapassa a simples idealização de uma aventura casual de férias e, como dito por Agrela em partes de suas notas, o ideal mesmo é que o peregrino faça essa jornada sozinho para que todos os problemas que se tem em um dia conturbado da cidade grande fiquem para trás, assim como a própria família ou amigos, que possivelmente ocasionam a falta de atenção e meditação durante a caminhada. A viagem é realmente introspectiva embora o jornalista tenha se deparado com casais e pessoas acompanhadas no Caminho. As orientações e narrativa descomplicada de Agrela, deixam o livro com aquela cara de matéria especial de telejornal ou mesmo de informativo para todas as idades encontrados em revistas. Todo o passo a passo é dado de forma clara e não deixa que as dúvidas fiquem pelo caminho. O Guia do Viajante do Caminho de Santiago é um exemplar muito gostoso de se ler, escrito por alguém muito especial. Não apenas conhecemos um viajante profissional, um jornalista e autor, mas também um grande indivíduo humanista que fez questão de compartilhar suas descobertas com tantas outras pessoas.

O resgate de valores individuais e sociais vão se aclarando pela longa jornada de trinta e dois dias no Caminho de Santiago. A igualdade entre os viajantes se torna notável, independente de profissão e classe social cujo exercem e pertencem, assim como a amizade e companheirismo se acentuam a cada encontro com novos peregrinos. É como se classes sociais não existissem lá e a solidariedade fosse o ponto fundamental e natural identificado nas pessoas. A vontade de ajudar uns aos outros foi não somente presenciada como sentida por Daniel Agrela muitas vezes e em variadas situações. Para entender melhor o que é o Caminho de Santiago e onde exatamente fica localizado, de forma compreensiva, basta a seguinte informação: os Caminhos de Santiago são os percursos percorridos pelos peregrinos que afluem a Santiago de Compostela desde o século IX para, inicialmente, reverenciar as relíquias do apóstolo Santiago Maior, cujo suposto sepulcro se encontra na catedral de Santiago de Compostela. Daniel Agrela afirma que ao concluir o Caminho, esse objetivo primeiro, entendido pelos antepassados, torna-se pequeno diante de tantos ensinamentos conquistados na peregrinação eremítica. Na verdade, como já discursado, os objetivos hoje em dia são variados e é impossível não esquecê-los realmente após a passagem dos primeiros dias, quando o peregrino começa a se questionar sobre o verdadeiro motivo que o levou até ali. "Senti-me livre dos muitos pesos que me levaram ao Caminho, os quais fui abandonando ao longo de cada dia. Aproximei-me de Deus", relata o autor. Os ganhos espirituais e culturais com a jornada se tornam valiosíssimos para os peregrinos. O Caminho passa por vários países e cidades da Europa, como Portugal e França, e se afluem na Espanha.

O peregrino que faz o Caminho, alcança um aprendizado enorme e sem preço sobre a vida e sobre si mesmo, e conquista uma liberdade que se mostra de forma diferente da que muitos imaginam. O desapego das coisas materiais faz com que aquele que por lá caminha, sinta-se muito mais forte quando percebe que é possível sobreviver sem depender de tais recursos tecnológicos. Agrela afirma que é preciso tornar-se off-line para que a transformação exterior — condutas, objetivos e metas — se inicie pelo interior. O abraço ao mundo da tecnologia e a dependência de seus recursos anula totalmente a capacidade de o indivíduo se reconstruir como pessoa e resgatar seus valores mais vitais. A experiência meditativa do autoconhecimento e o encontro do indivíduo com a sua essência, com o seu próprio eu guardado e, tantas vezes conflitado no dia a dia, são resultados gratificantes para o peregrino.

O Guia do Viajante do Caminho de Santiago se torna uma autoajuda cheio de chamadas para o próprio comportamento e entendimento, com reflexões importantíssimas sobre ser humano e vida. O Caminho de Santiago é, na verdade, uma grande chave capaz de abrir o baú de respostas jamais vistas e obtidas antes. Para cada peregrino com sonhos, medos e dúvidas, um confronto singular é iniciado com a peregrinação, citada por muitos como a grande descoberta, como entendido no trecho: "Outra peregrina, esta de origem francesa, perto de completar 60 anos, muito emocionada e com lágrimas, me disse: "Estou em busca de mim mesma."".

Indiretamente, Agrela nos convence de que a busca pelo conhecimento não está ligada a idade, nacionalidade ou mesmo potência aquisitiva; um exemplo disso é observar o comportamento do leitor de O Guia do Viajante, que mesmo sem sair do lugar, de posse de todo o conteúdo educativo, sente-se parte da grande peregrinação a Caminho de Santiago. Com as proporções interativas encontradas no belo exemplar editado pela Editora Évora — como fotografias coloridas e preto e branco registradas com perfeição por Memo Vásquez —, o leitor é facilitado a sentir o espírito do Caminho, que segundo o jornalista deve ser encarado como um projeto de vida. É certo de que a fadiga física e mental sejam os maiores empecilhos dos peregrinos mas até esses problemas devem ser combatidos para se obter o sucesso. "Com o silêncio do caminho aprendemos a ouvir outras vozes: A natureza, às vezes suave e outras vezes potente; A palavra de um peregrino que acabamos de conhecer e que, no minuto seguinte, se torna um irmão; Os sons das pedras que pisamos e que nos perdoam; O canto dos ventos e das estrelas... A voz do universo e, claro, a nossa própria voz, que, por vezes, nos esquecemos de ouvir".

Para finalizar o artigo, vale lembrar que os trinta e dois dias de peregrinação do jornalista são marcados por acontecimentos marcantes e inusitados, e Agrela dá detalhes importantes de como agir, o que procurar e o que encontrar no percurso por cidades históricas e cheias de vida e características ímpares como Saint Jean Pied Port, Roncesvalles, Zubiri, Pamplova, Los Arcos, San Juan Ortega, Artoga, Monte do Gozo e Santiago de Compostela.

O caminho transforma a todos e é impossível retornar para casa da mesma maneira que se chegou ali. Todas as reflexões feitas no silêncio do Caminho, passam a servir como o grande fator motivador para a continuação e transformação. Quem chega pesado, retorna leve; aquele que chega triste, volta contente; o peregrino que se sente vazio, retorna para casa tendo encontrado em sua própria essência o conjunto de valores verdadeiros que o preenche. Os sinais estão pelo caminho o tempo todo e assim como na vida, cabe ao peregrino encontrá-los e segui-los.

"O Caminho de Santiago não é turismo. Essa é uma viagem para se encontrar, refletir sobre tudo o que viveu, traçar novos planos e, é claro, liberar-se de pesos". O grande aprendizado é: o ser humano é o conjunto mais complexo do Universo. Conjunto de aspectos e essências que excedem o fundamental.

site: http://www.marcasliterarias.com.br
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