Desde antes de voltar a ler assiduamente tive interesse na primeira trilogia do francês Bernard Werber lançada aqui também pela Bertrand e talvez por isso desde o ano passado esperava todos os meses por notícias acerca da nova trilogia do autor. E estava certa de esperar. Bernard Werber é brilhante, mais até do que eu esperava. Uma forma única de trazer mitologia grega, informações sobre um fim de assuntos e diversas personalidades históricas unidas em um só lugar. Nós, Os Deuses é um começo ousado e surpreendentemente rico.
A história começa com Michael Pinson chegando a um planeta desconhecido. Depois da experiência no Império dos Anjos, Michael estava surpreso com o lugar onde aterrissara. Um lugar belíssimo, com uma cidade ao longe, com colunas de mármores, um anfiteatro e seres de todos os tipos eram vistos na rua. Centauros, sátiros, ninfas e outros desconhecidos. Recepcionado por Dionísio, Michael foi informado que passara a condição de aluno-deus. Michael estava assustado, assim como quando morreu e foi parar no Império dos Anjos, mas estava fascinado também. Sempre se perguntou se haveria algo mais e ali estava. 144 alunos-deuses, diversas personalidades conhecidas e também seus amigos Edmond Wells e Raul. Ainda absorvendo o choque Michael e os outros são apresentados ao seu calendário. Terão aula com todos os deuses do Olimpo. Hefesto, Poseidon, Ares, Hermes, Deméter, Afrodite, Hera, Héstia, Apolo, Ártemis, Dionísio e fechando Atena. Quando na primeira aula o titã Atlas aparece carregando um enorme globo, Michael não imaginava o que viria, o fim e o começo nas mãos deles. As aulas eram surpreendentes e Michael estava feliz com suas criações na Terra 18, mas pouco a pouco Edmond, Raul, Marilyn e outros de seus amigos começam a questionar se eles estão realmente criando algo e decidindo algo ou se não são apenas peões no jogo de alguém. O que teria de tão proibido na montanha proibida? E os eliminados? Por que tanta brutalidade e segredo acerca de seu fim? Michael acha que está tudo perfeito, será que não está?
É a partir dessa premissa absurda e inovadora que o autor desenvolve sua história e estou surpresa com cada detalhe e cada nuance apresentada por Werber. Com uma narrativa fluida e intrigante o autor leva o leitor a um ambiente de intrigas e competições, onde há mais segredos e intenções do que à primeira vista. Perspicaz e criativo o autor constrói uma história única, pontuada por curiosidades e fatos dos mais distintos, que pouco a pouco tornam a trama mais e mais instigante. É incrível a capacidade do autor de aliar informações e histórias perdidas do passado ao seu imaginativo universo. E vale ainda comentar o tom bem-humorado que ele utiliza em diversas passagens conferindo certa leveza a história.
A história é imersiva, levando o leitor a questionamentos e perguntas das mais diversas, sobre a vida, sobre o amor, sobre o que conhecemos das pessoas que amamos e também do mundo. Werber é se mostra um grande filósofo e um excepcional pensador. Sua trama é um mistério, com suspense, segredos, intrigas e personagens com intenções duvidosas, mas também é uma fonte de reflexão e por isso mesmo vai agradar a todo tipo de leitor. Os mistérios que cercam o mundo onde Michael chegou são interessantes e instigam desde o princípio. Michael é um ótimo protagonista, que tenta ver o lado bom de tudo e seu grupo de amigos é um contrapeso que enriquece não só a trama como o próprio Michael. Raul levante perguntas que ficam com o leitor, e o fim deixa tudo em suspensão. O que virá após a aula de Afrodite? Qual o verdadeiro propósito dos alunos-deuses? Que segredo tão sombrio a montanha esconde?
Leitura agradável, que flui em um ritmo cadenciado e que intercala a narração com partes em negrito que traz a cada passagem informações, contos, e curiosidades que complementam a história dando fundo a muitos assuntos que surge nas aulas dos deuses e nas conversas de Michael e seus amigos. Bernard Werber surpreende do começo ao fim, com uma história inovadora, criativa e ousada. Mitologia como nunca vira. A edição da (...)
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