Jeff.Rodrigues 01/07/2018Resenha publicada no Leitor Compulsivo.com.brUm dos temas mais bem explorados por Robin Cook em sua extensa obra apareceu pela primeira vez em Servidão Mental: o poderio da indústria farmacêutica e as possíveis formas encontradas pelos grandes laboratórios para popularizar seus medicamentos. Este livro, misto de ficção científica com seu tradicional thriller eletrizante, foi publicado em 1985 e até hoje boa parte da sua discussão continua atual e passível de ser debatida.
Em um primeiro momento, nos deparamos com uma questão que pelo menos uma vez na vida já afetou qualquer um de nós: a confiança total e irrestrita no diagnóstico e aconselhamento médico. Por mais que nos coloquemos nas mãos de um profissional formado para exercer aquela função, é de nossa natureza ter aquela dúvida, receio ou puro e simples medo. Ainda mais quando o diagnóstico leva a uma cirurgia ou quem sabe à sugestão de um aborto. Pois bem, nos idos da década de 1980 do século passado, Robin Cook tratou de forma totalmente normal e corriqueira o aborto com seus personagens. E mais uma vez criou uma trama com uma variedade curiosa e interessante de temas.
Problemas genéticos que podem causar uma má formação do feto são apontados pelo médico de confiança de Jennifer como justificativa mais que plausível para que ela faça um aborto. Passando por problemas financeiros em seu casamento, ela, apesar de dúvidas iniciais, decide seguir sem pestanejar o conselho do Dr. Vandermer. Mas seu marido, o estudante de medicina Adam, é totalmente contra. Buscando uma renda extra, ele passou a ter contato com uma gigante em expansão da indústria farmacêutica e nesse meio tempo descobriu uma trama digna das melhores ficções científicas.
Mantendo-se fiel a seu estilo, à ocasião já consagrado, Robin Cook mesclou uma ficção bem imaginativa com pontos reais e boas doses de críticas e alertas sobre e relação médicos e representantes de laboratórios e seus famosos brindes e amostras grátis. Se transportarmos muito do que foi colocado na obra para os dias atuais, vamos perceber que pouco mudou ou, pior, as relações podem ter ficado mais espúrias. Na parte de ficção, a Servidão Mental descrita é intrigante, plausível, e consegue se sustentar tranquilamente por mais absurda que possa parecer inicialmente.
Um ponto característico dessas obras iniciais do autor é o pouco desenvolvimento dos personagens. Apesar dos dramas que permeiam a vida dos protagonistas de Servidão Mental, eles são pouco aprofundados e no fim das contas servem unicamente ao propósito de Cook de contar sua história de ação e suspense. Isso pode fazer com que alguns diálogos ou situações soem mecânicos demais, mas nada que possa ser considerado como um fator negativo.
Servidão Mental é mais um thriller médico cuja leitura envolve, é ágil, e nos leva por caminhos interessantes da medicina. Leitura mais que indicada para todos que curtam o gênero.
site:
http://leitorcompulsivo.com.br/2018/06/23/resenha-servidao-mental-robin-cook/