Lara 25/03/2023
Engraçado como as coisas são... O espelho partido tinha absolutamente tudo para ser um hit por aqui: uma história familiar, passando por três gerações, ambientado em Barcelona, durante a Guerra Civil... Só temas e temáticas que me interessam e cativam. Mas algo não funcionou pra mim. Talvez seja uma coisa de momento, mas a escrita cortada, que chega a ser confusa às vezes, fez com que fosse muito difícil me conectar e até mesmo acompanhar a trama. É muito comum em dramas geracionais que a gente se perca nos personagens (alô Gabo!), mas a questão nesse livro não é uma simples confusão pelo número de personagens ou algo assim, acredito que a escrita seja poética em um nível que não consegui acessar. De capítulo em capítulo a autora me deixou perdida em vários momentos, iniciando uma narrativa sem contexto anterior. Algumas poucas vezes essa estratégia funcionou para mim, me deixando intrigada, esperando a conexão com a história como um todo, mas a repetição desse recurso me cansou e quase sempre não cumpriu o esperado. Entendo que seja apenas uma questão de uso das palavras e artifícios narrativos que não funcionarán para mim, infelizmente. A história em si é muito interessante, em retrospecto, a experiência de leitura que dificultou minha conexão. O fio condutor da história é Teresa, no início uma jovem buscando uma ascenção social, passando por uma gravidez indesejada, amores perdidos, amantes, dois casamentos e muitas perdas familiares. Ao seu redor surge a família que vamos acompanhar, desde sua filha Sophie com um casamento conturbado, até seus netos, perdidos um a um, de um jeito ou de outro. A mansão da família também faz parte dessa história e o ponto alto do livro foi acompanhar a condição do casarão, especialmente ao longo da guerra civil. O fim dado a construção para mim diz muito sobre a trajetória da família, enterrada em nome de aparências. No final é uma história muito boa que, para mim, foi mal contada nesse sentido de que a escrita elaborada e cheia de cortes e conexões atrapalhou a leitura. Mas talvez essa tenha sido a intenção, de refletir, até mesmo na escrita, as complexidades e rupturas dessa família.