spoiler visualizarVini 29/12/2021
Eu comecei a ler o mangá com espírito de nostalgia e infelizmente me decepcionei.
Na história temos a evolução das armaduras e armamentos mágicos das garotas que não exigem que elas adquiram novos, o que é atípico no gênero. As protagonistas saem em missões para adquirir novas armas e poderes para derrotar os chefes. Os personagens principais, em uníssono ou individualmente, têm a tarefa de aprender feitiços mágicos, adquirir armas, encontrar um mineral especial, desenvolver seu equipamento e então, assumir o controle do lendário Mashin.
'Guerreiras Mágicas de Rayearth' é um mangá de gênero que se desenrola como um jogo de RPG de fantasia épico. Aqui as coisas já não funcionaram para mim, essa narrativa de jogos RPG não me cativa, pois a leitura não é sobre um desenvolvimento de uma trama e sim sobre uma narrativa de um jogo, que para mim não funciona na literatura.
O mangá mistura elementos do gênero mecha na trama também. 'Guerreiras Mágicas de Rayearth' tem uma atmosfera bem fantasiosa, o que eu achei que combinou bastante com a história, mas quando o elemento mecha entra em cena, o mangá tenta misturar um pouco de ficção científica o que eu achei que não combinou. Todos os elementos propostos não são muito bem misturados, apesar dessa fusão de gêneros deixar mangá único.
O mangá traz uma história muito simples, isso não necessariamente é um problema, mas aqui o básico acabou sendo algo negativo. Seus temas centrais de destino e amizade se desenrolam através de uma narrativa que mostra três estranhos se tornando melhores amigos através de seu destino comum como as lendárias Guerreiras Mágicas. A narrativa episódica pode ser problemática, principalmente porque pode parecer monótona. O mangá transmite seus temas centrais de forma muito objetiva e pouco desenvolvida.
'Guerreiras Mágicas de Rayearth' é dividido em duas fases. A primeira fase é tão objetiva e curta que termina abruptamente sem amarrar suas inúmeras pontas soltas. Decidiram fazer mais uma fase, para trazer as garotas novamente e tentar dar um final mais legal para o manga, já que a primeira fase termina de uma maneira bem sem graça. A segunda fase traz mais guerras e política em sua trama, mas infelizmente a história não decola e a coisa toda continua na superfície.
Os personagens do mangá, são em grande parte, o que torna este mangá agradável. Temos três protagonistas que são distintos em suas personalidades, aparências e papéis dentro da narrativa, o que garante que os leitores sejam capazes de se relacionar com pelo menos um deles. Hikaru Shidou é a moleca ruiva que ganha domínio sobre o elemento fogo. Ela é anormalmente baixa para sua idade, o que logo no início se torna uma piada e é boa com animais. Ela é a mais ingênua dos personagens principais, mas compensa com sua bravura inabalável.
Fuu Hououji é o arqueiro de cabelos louros que controla o elemento ar. É seu conhecimento de RPG que se torna a chave para as lendárias Guerreiras Mágicas entenderem o mundo de Cefiro. Apesar de ser o cérebro do grupo, Fuu não é muito intuitiva e isso se torna fonte de muitas piadas. Ela também é a única personagem a receber um interesse romântico na forma do malandro Ferio e seus feitiços são os mais versáteis, pois ela é capaz de curar e lutar ofensivamente, mas esse romance é deixado em segundo plano e nunca é profundamente explorado.
Umi Ryuuzaki tem cabelos azuis e é uma pessoa elegante e direta, cuja educação de classe alta e habilidades de esgrima a fazem parecer aristocrática. No entanto, ela é talvez a mais cômica dos personagens principais. Ela tem um pavio notavelmente curto e está constantemente perdendo a calma, principalmente devido à sua falta de paciência com seu guia Mokona. Suas explosões são sempre interpretadas como um efeito cômico e isso a torna uma personagem cativante por causa disso.
A arte em sua natureza detalhada serve Cefiro aos leitores como um mundo palpável, enquanto os personagens são maravilhosamente representados com aparências distintas e memoráveis, como já citei, o mangá tem uma arte fantasiosa incrível e cheia de detalhes, é realmente bonito. Sobre o mundo de Cefiro, eu achei que o mangá não consegui traduzir um mundo, parece que as guerreiras andam em um grande castelo com um imenso, não é mostrado nenhuma cidade, cidadão, povo ou vilarejo, a sensação que dá, é que só existe os personagens que vemos morando em Cefiro.
'Guerreiras Mágicas de Rayearth' tem uma arte incrível e é composta de personagens cativantes, mas a história é muito curta e superficial demais, nada nesse mangá é explorado com profundidade além de compor uma narrativa muito presa ao formato RPG que não ajudou muito. Eu gostava muito do anime quando era criança, confesso que eu comecei a ler 'Guerreiras Mágicas de Rayearth' com espírito de nostalgia e infelizmente me decepcionei bastante.
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