Policaio 13/01/2024
O indianismo
Findo o livro Iracema do cearense José de Alencar, considerado o pai do indianismo na literatura, em outras palavras, o autor tomou a corrente artística e literária europeia chamada romantismo e a moldou com o que acreditava dar identidade ao recém Brasil independente.
Quando o Brasil se tornou Império houve uma busca por parte dos intelectuais, políticos e governantes de se criar uma identidade nacional que se desligasse de Portugal (o colonizador) e carregasse um mito de origem, assim surge a figura do "bom selvagem", o culto às figuras indígenas. É nesse contexto que se forma a escrita de José de Alencar, a mistura da língua portuguesa com palavras tupi-guaranis, inclusive, escrita odiada pelos críticos portugues da época. Porém, o autor não recuava, reforçando a construção de uma língua nacional, afinal, a língua sempre se transformou.
A novela conta o romance entre a "índia" virgem Iracema (anagrama para América) e o guerreiro português Martim (o qual o autor se baseou na figura histórica de Martim Soares Moreno, fundador do Ceará). O fruto do amor utópico nasce Moacir, o primeiro ser vindo de raças distintas, marcando o início da miscigenação, um outro fator contemplado na mítica brasileira.
Na visão atual, o livro não respeita a cultura indígena, afinal, o cristianismo sempre está acima de qualquer coisa em sua ideologia, por mais que o autor busque exaltar a cultura do "selvagem", afinal, Alencar era politicamente conservador. Todavia, é um livro fundamental para se entender o imaginário de uma elite que existiu no Brasil Império.