Terra estranha

Terra estranha James Baldwin




Resenhas - Numa terra estranha


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Flávia Menezes 03/10/2023

AQUI JAZ QUEM UM DIA FOI BLUES.
?Terra Estranha? é mais um romance do aclamado romancista, ensaísta, dramaturgo, poeta e crítico social estadunidense James Arthur Baldwin, publicado em 1962, e ambientado nos anos 1950, mostrando o melhor e o pior da face de uma América liberal.

A história tem como pano de fundo três cenários: O Harlem, o Greenwich Village (ambos bairros de Nova Iorque) e a França, onde seus personagens, um grupo pequeno de amigos, são despidos de suas máscaras, trazendo temas fortes como os conflitos amorosos, o ciúmes, os abusos físicos e psicológicos, o preconceito e a segregação racial que tanto afeta a saúde mental da população negra.

Seu título original em inglês é ?Another Country? (Outro País), e é exatamente essa a mensagem que esse livro nos passa: o quanto somos como uma ilha, isolados uns dos outros por causa do gênero, raça, cultura e nacionalidade, e não por uma solidão existencial que é inerente a nossa condição humana. E para que a minha ilha (ou país, como sugere o título do livro) possa se encontrar com a ilha que é o outro, é preciso um grande esforço para que a comunicação entre nós seja clara o suficiente (ou seja, falemos a mesma língua) para que a compreensão se dê.

Ler ?Terra Estranha? foi como ouvir um blues: pura poesia, intensidade, paixão e melancolia, e não posso negar que seu efeito em mim foi algumas vezes um tanto desconfortável, pois toda essa liberalidade contida nessas páginas causa um duro impacto quando se depara com os valores tradicionais que residem em mim.

Por isso mesmo é que alerto que esse é um romance de momentos viscerais, onde a escrita, o sexo, as conversas, as descrições das ruas de Nova Iorque ou da França pulsam nessas páginas como órgãos tão cheios de vida, traduzidos nesses diálogos encharcados pela violência dos segredos que se recusam a ser revelados. Aqui, o afeto atravessa cada um de nós ao acompanharmos essa busca desordenada pelo amor (seja do outro ou por si mesmo ).

James Baldwin é uma experiência única, mas é preciso compreender que seus discursos nascem de uma alma liberal, que nos faz lembrar de todos os artistas (sejam eles músicos, ou escritores) que fizeram seus nomes e deixaram sua arte baseada em momentos como aqueles vivenciados em épocas como a do Woodstock.
Fabio 04/10/2023minha estante
Flávia, meu anjo, que resenha primorosa!
Esse novo formato de suas resenhas, nos incentivam ainda mais a lê-las e a degusta-las... estou fascinado com essa sua resenha!
E a melhor parte da resenha foi: Ler ?Terra Estranha? foi como ouvir um blues: pura poesia, intensidade, paixão e melancolia..."
Perfeito!!!?
Seu fã!?


Flávia Menezes 04/10/2023minha estante
Meu lindo, ler isso aqueceu meu coração agora. Até porque Baldwin é um poeta que escreve como se ouvíssemos uma canção, mas sua narrativa é intensa e repleta de temas polêmicos.
Que bom ler que me saí bem nas alterações das resenhas. Demorou, mas com persistência e muito incentivo eu acho que começo a conseguir me expressar sem ter que estender demais. ?
Sou sua admiradora, sua fã e não me canso de dizer isso. Você é inspirador! E que honra, hein? Receber um elogio do melhor resenhista do Skoob? ??


Gabriela_Sut 06/10/2023minha estante
Gostei muito da resenha! Sempre muito completa e bem argumentada. Esse é um autor que eu nunca li, mas tenho interesse de conhecer.


Flávia Menezes 08/10/2023minha estante
Muito obrigada, Gabi! ??
Se me permite, deixo a dica para começar por ?Se a Rua Beale Falasse?. Um grande romance do Baldwin, além de muito tocante. Espero que goste! ?


Ana Sá 21/10/2023minha estante
Me anima saber que qdo eu finalmente ler Baldwin, eu vou poder trocar figurinhas com vc!! :) Suas resenhas estão subindo o nome dele na minha lista de próximas leituras!!


Flávia Menezes 21/10/2023minha estante
Ana, amiga! Eu acho que você vai gostar muito do Baldwin. Indico até você começar por esse! ??
Ansiosa pra saber sua opinião sobre ele! ?


Ana Sá 28/10/2023minha estante
Amigaaaa, posta históricos do Tommy Orange, tem criança doente!!! Nunca te pedi nada (mentira, pedi, mas vou pedir de novo!!).

Tô cansada de vir aqui procurar e não encontrar nada!! haha - disse a criança doente.

(juro que se vc postar, eu apago esse comentário-poluição da sua resenha! rs)


Flávia Menezes 28/10/2023minha estante
Amigaaaaa, ai estou até com vergonha!! Estou em dívida com você com esse livro!! E eu estou tentando sair de uma ressaca literária e vai ser justo com esse mesmo!!! ?
Mas esse é um que vale mesmo postar, porque esse autor me surpreendeu demais. Primeiro livro publicado, com um tema tão importante e pessoal para ele, e pensa em uma escrita gostosa! ??
Vou postar logo, amiga! Prometo!!! ??
Obs.: não vamos apagar esses comentários não. O Baldwin não vai se importar de um marketingzinho para o livro do Tommy Orange! ?Lá não existe lá? é um livro que merece mesmo ser lido! ??


Ana Sá 24/11/2023minha estante
Amiga, eu disse que apagaria meu comentário de #voltaFlavia se você voltasse, mas agora, em protesto, acho que vou poluir mais seus posts antigos! hahaha AMIGA VOLTA A CRIANÇA TÁ DOENTE AINDA!


Flávia Menezes 24/11/2023minha estante
Ana, você é demais! Como eu te falei pelo WhatsApp, logo eu redefino umas coisas e volto!! ? Saudades das interações por aqui! ??




bobbie 02/06/2020

Tema mais do que nunca imprescindível.
Estamos vivendo num mundo onde é cada vez mais intolerável - como deve ser mesmo - ter atitudes e mentalidade racistas, além de muitas outras formas de preconceito. E, dentre tantos escritores canônicos de língua inglesa que exploraram este tema (outro deles seria Alice Walker, por exemplo), um deles é James Baldwin. Ele próprio negro, homossexual e nascido de uma família pobre no bairro do Harlem, em Nova York, Baldwin dedicou sua carreira a transpor para a arte, de maneira sensível e espetacular, as armadilhas, agruras e injustiças de um preconceito tão arraigado, não somente no imaginário norte-americano, mas em muitos países no mundo. Terra estranha começa contando a história do músico de jazz Ruffus, um nova-iorquino de relativo sucesso e respeito pela sua arte, cuja vida não escapa de cair em desgraça em decorrência de uma vida marcada pelo estigma da cor de sua pele. Baldwin expõe as feridas abertas institucionalizadas do racismo, escancarando-o através de relacionamentos que perpassam classes sociais, raças e pontos geográficos distintos. Em Terra estranha, o preconceito é como uma bola de pinball, que reverbera por todas as direções em uma cidade cosmopolita desde a época em que o livro se passa (anos 1950s), além de se emaranhar com outras tantas questões tão intrincadas quanto o racismo, como homo e bissexualidade, questões de nacionalidade e mesmo as diferentes esferas sociais dentro da própria Nova York. O romance rasga os efeitos danosos do racismo internalizado, põe em cheque a razão daqueles mesmos que se dizem livres do preconceito, além de tocar assuntos como machismo e fidelidade, tanto masculina como feminina. Em suma, trata-se de um romance visceral, um caldeirão de subjetividades em constante atrito, que lutam para se entender e entender o mundo, ao mesmo tempo em que voluntaria, ou involuntariamente, podem estar contribuindo para que ele se desfaça.
Klaus 02/06/2020minha estante
Tive contato recentemente com a literatura de Baldwin, e sinto o quanto o escritor negro é ocultado da literatura em geral... Muito importante passar pra frente esses excelentes "achados". Boa resenha :)


bobbie 02/06/2020minha estante
Obrigado, Claukaos.




Alessandro 21/04/2021

Um livro bom, delicado e com partes muito difíceis que envolvem questões raciais, de gênero e de sexualidade. Muito bom poder conhecer um pouco mais sobre o autor, James Baldwin.
Amanda 23/04/2021minha estante
Vou ter q ler


Alessandro 24/04/2021minha estante
É bom, miga! Mas com partes pesadas




Otávio - @vendavaldelivros 07/05/2023

“Afinal, todo policial era inteligente o suficiente para saber para quem ele trabalhava, e nenhum deles trabalhava, em lugar nenhum do mundo, para os que não tinham poder.”

O outro é um território desconhecido. Sempre tive para mim que ninguém é capaz de compreender plenamente o outro, mesmo que passem anos juntos, mesmo que se amem louca e perdidamente. É provavelmente por isso que esse livro me marcou tanto, porque a terra estranha é, na verdade, o outro.

Publicado em 1960, “Terra estranha” do americano James Baldwin tem como base a história de um grupo de amigos, negros e brancos, que vivem em Nova York no fim dos anos 50. É impossível dizer que esse livro é apenas isso. Ele é um tratado sobre as relações sociais entre homens e mulheres da época, e todas as questões raciais, de gênero e orientação sexual que já naquela época se mostravam muito mais complexas do que o conservadorismo tentava esconder.

O livro começa acompanhando Rufus, um baterista negro nascido no Harlem, sua ascensão e queda, seu relacionamento violento com Leona, uma mulher branca do Sul, e sua relação com seus amigos Vivaldo, Cass e Richard. Depois acompanhamos sua irmã Ida e sua relação com esses amigos, além de Eric, um amigo de Rufus que retorna de um tempo vivendo na França.

É o racismo estrutural que sufoca, as dores dos amores, das frustrações em relação ao outro, das frustrações em relação às próprias convicções. Raça, sexo, paixão e isolamento do “eu”, tudo isso junto, em uma potência de escrita gigantesca, imersiva, que muitas vezes é tão densa de sensações que faz com que a gente sinta todo o peso que está ali, mas não queira largar.

A questão racial nesse livro é tratada de maneira tão potente que escancara as feridas que existem ainda hoje na sociedade, uma força que não surpreende quando lembramos quem foi James Baldwin. O outro ser uma ilha, um país estrangeiro que nunca será completamente desvendado, enquanto sofremos na tentativa de buscar um amor pleno que nunca acontecerá, é algo impossível de tirar da cabeça. Somos todos terra estranha para alguém. Livro marcante e inesquecível, facilmente uma das melhores leituras desse e de muitos outros anos.
Alê | @alexandrejjr 22/09/2023minha estante
Pra muitos, o grande romance do Baldwin. A Companhia das Letras fez um bom trabalho com ele por aqui.


Otávio - @vendavaldelivros 22/09/2023minha estante
Minha vontade agora é ir para a não-ficção dele.




Mark 07/02/2019

"Como é a sensação de ser respeitável?" Rufus riu.
Em “Terra Estranha”, James Baldwin, desenvolve às histórias de seus personagens no Harlem e no Greenwich Village, bairros da cidade de Nova York dos anos 50, dos bares de jazz, bares gays e de marinheiros, efetuando também um passeio rápido pela França, aonde um de seus personagem, Eric, após resolver deixar Nova York, busca novos ares e acaba encontrando um amor na pessoa de Yves.
Uma narrativa envolvente, onde os personagens se misturam e vivenciam vários temas, como a homossexualidade, bissexualidade, relacionamentos inter-raciais, traições, rejeição por si próprio, medos, angústias, inseguranças, tudo isso regado com muita bebida, jazz e música da época.
A história gira e se desenvolve a partir do personagem Rufus Scott, um jovem negro, baterista de jazz, com vários problemas de auto aceitação, e é desta forma que vamos conhecendo as outras histórias, de encontros e desencontros, aparecendo os personagens. Conheceremos, sua irmã Ida, cantora negra, com vários questionamento inter-raciais, um escritor branco Vivaldo, amigo e que possui várias questões não resolvidas, outro escrito, Richard com sua esposa Cass, um casal branco com conflitos de relacionamentos, e por último um casal gay e branco, Eric, um artista de teatro e Yves, um rapaz francês com conflitos familiares.
Os personagens estão em busca de encontrar amor e amparo para o caos que é a cidade de Nova York, nesta época, cada qual do seu jeito, nessa busca, as relações se misturam de forma tão natural, quase todos artistas, todos são problemáticos, a procura de suas identidades, com muito questionamento interno, amor e sexo.
Um livro gostoso para ler, prende a atenção do leitor, talvez por que o livro não possui somente um personagem principal, coisa que descobrimos logo na primeira parte do livro.
Daniel 28/02/2019minha estante
Pensar que este livro foi publicado pela primeira vez em 1962... Como James Baldwin foi ousado!




Maria Ferreira / @impressoesdemaria 08/10/2019

Terra Estranha
Terra estranha (1962) é um romance de James Baldwin ambientado em uma Nova York dos anos 1950, que transita pelos bairros do Harlem e Village, mas também, em determinados momentos, transita pela França.

O livro é estruturado em 3 partes, sendo que Rufus Scott é o personagem que tem maior protagonismo na primeira delas. No momento em que Rufus aparece na narrativa, ele está em decadência, mas antes havia sido um famoso músico de jazz. Rufus é negro, nascido no Harlem. Em determinado momento de sua vida ele conhece Leona, uma mulher branca vinda do sul e os dois vivem um relacionamento que resulta em destrutivo para ambos devido as suas diferenças raciais, fazendo com que Rufus torne-se extremamente ciumento e opressor.

Os demais personagens que têm importante atuação no romance são Ida Scott, irmã mais nova de Rufus, também negra, garçonete que aspira ser cantora e os amigos brancos dele: Vivaldo, aspirante a escritor; o casal Richard e Cass Silenski, ele escritor recém-publicado e ela dona de casa e Eric, ator que buscou na França um novo modo de recomeçar sua vida após uma experiência marcante em Nova York. Todos eles, em algum momento tiveram suas vidas marcadas pela amizade com Rufus.
A questão racial sempre é uma questão, tanto que o livro todo é perpassado pelo embate racial, seja nas relações de amizade ou de amor. É curioso que os dois personagens negros de maior expressão no romance, não tenham se relacionado com pessoas negras, mas sim com brancos, mas o tempo todo foram obrigados a não verem seus relacionamentos com naturalidade, mas sempre pensando nas diferenças raciais e julgados por isso.

Cada personagem apresenta sua própria complexidade, seu modo de pensar que expõe a mentalidade da época, seja pelos discursos conservadores ou liberais, muitas vezes racistas e homofóbicos, mas que ao final, percebemos que cada um deles, ao seu modo, só está em busca de amor, seja o próprio ou do outro. Assim, as relações afetivas se dão entre pessoas, não necessariamente entre um homem e uma mulher. O que o romance mostra é como os homens também podem sentir atração por outros homens e que isso é válido, o que faz com que nesta busca, devido às ações que podem ser consideradas poucos corretas, não tenham redenção.

Ida é uma das personagens que mais me chamou atenção por ser bastante realista, consciente de sua posição naquela sociedade enquanto mulher negra e por conta disso, ser capaz de fazer qualquer coisa para alcançar seus objetivos. É, principalmente, nas falas de Ida e no modo como o narrador descreve os sentimentos de Rufus, que somos levados a pensar em racismo e no quanto ele afeta a saúde mental da população negra.
A narrativa se dá de modo linear, pela voz de um narrador onisciente neutro, que conhece todos os personagens, suas ações e pensamentos, mas apesar da narrativa ser linear, ela é permeada por recuperações de acontecimentos passados, fazendo com que o flashback seja um recurso narrativo bastante utilizado na composição do romance. Além disso, é impressionante o quanto a narrativa é descritiva, detalhista, com descrições minuciosas e feitas de uma forma tão natural que em momento algum resulta enfadonha.

Esta edição publicado em 2018 pela da Companhia das Letras conta com tradução de Rogério W. Galindo e posfácio de Silviano Santiano e Alex Ratts, muito complementares à leitura e ainda texto de Márcio Macedo, trazendo dados biográficos de James Baldwin.

site: https://www.impressoesdemaria.com.br/2019/07/terra-estranha-james-baldwin.html
Orochi Fábio 21/11/2019minha estante
Acabo de ler: análise precisa!




none 02/03/2019

Intenso e poético
A edição antiga do Círculo do livro tem o charme e o encanto mesmo quando a revisão derrapa e a tradução nos obriga a encarar pesquisas de palavras usadas em Portugal (pifão nos acompanha no livro todo). A poesia original mantém-se na edição em português e transmite toda a tensão e intenção na medida do possível do original. James Baldwin conta a estória do preconceito, da sociedade norte-americana, da bebida, do vício, do show-business, da violência, do amor. Tudo isso obviamente está imbricado, junto e misturado na vida das personagens. Seus fracassos, seus êxitos e seus amores. O livro é dividido em 3 partes. A primeira sobre a tragédia, a segunda sobre o amor e a terceira sobre a vida. Tudo junto e misturado.
Os diálogos, descrições, apontamentos, cada parte e participante da obra está colocado apropriadamente e com sentido, sentimento, poesia.
No início você odeia uma personagem e seus ataques e achaques, depois, o autor faz essa personagem enriquecer a estória ou enriquecer-se como pessoa.
O amor, e mesmo a vida, serão impossíveis enquanto o homem viver governado por distinções deprimentes.
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Orochi Fábio 21/11/2019

Estrangeiros da Nação Humana...
Livro de abordagem direta sobre o efeito de inadequação nas relações humanas de todos os tipos: a trama acompanha diversos e complexos personagens como construção psicológica, nos presenteando com profundas reflexões a respeito do sentir-se inadequado, confuso, à parte da comunhão em vários níveis...abordando racismo, sexualidade e significado da vida, trata-se de obra densa, luminosa e necessária:?????.
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LeandroCastro88 12/07/2020

Belo livro
Segundo livro que leio do autor. O primeiro foi "se a rua beale falasse". O livro da em temas complexos, como o racismo, traição, sexualidade etc. Um forte teor psicológico, que gera uma aflição por vezes. Mas no geral, é um bom livro. Não gostei muito do final! Rsrs
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Livia Lucas 30/07/2020

Este romance lancinante e, igualmente, revigorante denuncia com ferocidade o racismo estadunidense. A narrativa, inicialmente, parece permear a vida de Ruffus, um músico negro que está em decadência, e o irremediável sofrimento que ele está fadado a viver por causa da cor de sua pele. Mas, ao desenrolar da trama, percebemos que Ruffus não é de fato o personagem principal, é através dele que temos acesso à vida e às complexidades dos demais personagens, que são os seus amigos mais próximos.
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É nessa Nova York, da década de 60, com seus altos edifícios, com seus passos e olhares apressados, com a solidão das suas multidões que James Baldwin mostra a inadequação dos personagens ao lugar e ao tempo em que estão inseridos, com suas frustrações, lutando incansavelmente para alcançar seus sonhos. O autor mostra as subjetividades de cada sujeito, as questões próprias que os atravessam, centralizando sempre a temática racial, porém indo além e tratando de assuntos como bissexualidade, relacionamento inter-racial, saúde mental da população negra, machismo e relações abusivas.
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O que chamou minha atenção em "Terra Estranha" foi a escrita dilacerante do autor e a construção dos personagens, todos são tão reais que conseguimos sentir cada emoção descrita. E o livro também pontua bastante a questão da interseccionalidade e as diferentes formas de opressão que atinge os personagens a partir da posição que cada um ocupa numa sociedade extremamente hostil.
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Line 06/12/2020

Reflexivo
O Baldwin apresenta uma escrita intensa, você se imagina em várias cenas do quão intensa é.

A leitura é reflexiva, levanta vários questionamentos, você consegue identificar fácil alguns acontecimentos que acontecem até hoje.

Recomendo a leitura
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Alicia Gither 14/12/2020

visceral
é difícil tentar pôr em palavras tudo que a gente sente quando se lê um livro. acredito que, principalmente, quando se tem gostado muito dele. Terra Estranha é um desses livros que tentamos encontrar palavras para conseguir expressar sua grandiosidade, mas nada do que escrevemos - ou falamos - consegue fazer jus ao que sentimos.


ambientada nos anos 50, em Nova York, Terra Estranha não apresenta apenas um personagem principal, mas sim vários os personagens, os quais se tornam profundos e completos. Baldwin busca estabelecer o foco no relacionamento entre pessoas, nas relações humanas e suas interseccionalidades e, assim, demonstra sugerir como enxerga o ser humano: uma terra estranha, isolada por gênero, raça, classe e cultura. para o autor conhecer a si e ao outro requer muito esforço, comunicação e compreensão.


?Os rostos de pessoas estranhas não tinham segredos, pois a imaginação não os envolvia em nenhum mistério. Mas o rosto de quem se ama é desconhecido exatamente por estar envolto em uma parte grande de nós mesmos. É um mistério que contém, como todo mistério, a possibilidade do sofrimento.? (trecho da página 204)


Iniciamos a leitura conhecendo Rufus Scott, um homem negro, nascido no Harlem e músico de Jazz, o qual não muito bem na sua vida conhece Leona, uma mulher branca, vinda do sul dos EUA. é nesse primeiro relacionamento que o autor nos demonstra a complexidade desses relacionamentos, sobretudo sendo inter-raciais. a história de Rufus é ambietada na primeira parte do livro e, por isso, acaba sendo o fio condutor entre os outros personagens. Além de Rufus, iremos adentrar em Vivaldo, Cass, Richard, Ida e Eric.


É a partir deles que Baldwin irá nos fazer mergulhar em assuntos tão importantes como sexualidade, identidade, relacionamentos inter-raciais, entre outros. sua escrita apresenta sensibilidade e profundidade em retratar a complexidade de cada um deles. Além disso, o autor traz a intersecção de raça muito forte ao demonstrar uma crítica a forma como pessoas negras eram vistas na sociedade, apresentando, em sua maioria, o ponto de vista das pessoas brancas do livro sobre pessoas negras. sendo assim, é necessário esforço muito grande deles para compreender Ida e Rufus, causando esse mesmo esforço no leitor, pois, para Baldwin, só assim seria possível construir verdadeiros afetos.


Posso dizer que foi uma leitura rica, necessária, importante e sensível, a qual me fez mergulhar, criticar, sentir e entender sobre o que ele queria promover nessa leitura.
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Janice 11/03/2024

Um livro que...
Fala sobre relacionamentos interracial, dor e violência, através da ótica de um baterista de jazz negro, sua irmã, seu melhor amigo, seu ex-namorado e um casal de amigos. Um livro difícil de largar.
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Camila Faria 27/01/2021

Se as primeiras páginas de Terra Estranha não te transportarem para a Nova York dos anos 50 ~ e se a narrativa ágil, envolvente e minuciosa do James Baldwin não te arrebatar logo de cara ~ você tem uma pedra no lugar do coração. Que romance! A história central se desenvolve a partir do relacionamento de Rufus Scott e Leona, um baterista negro, nascido e criado no Harlem e uma garçonete branca e sulista, recém-chegada na cidade. A relação entre os dois é violenta, triste, fadada ao fracasso. Os demais personagens são igualmente importantes e belissimamente construídos: Ida Scott, a irmã cantora, o melhor amigo Vivaldo Moore, irlandês branco e aspirante a escritor, Richard e Cass Silenski, o casal heterossexual em crise. Seus encontros e confrontos acontecem de forma tão orgânica que a gente se sente parte desse universo racial e social. Não sei como o James Baldwin consegue, mas ele aborda tantos temas valiosos (sexualidade, racismo, sexismo, opressão, entre outros), de forma tão comovente e bonita… Um primor!

site: http://naomemandeflores.com/os-quatro-ultimos-livros-28/
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