Pandora 14/06/2015Mistérios dos anos 40 - Agatha Christie
M ou N?
No, passado, Tuppence e Tommy Beresford foram muito úteis ao país atuando como detetives amadores para o governo. No início dos anos 40, já um casal de meia idade, tentam participar de alguma forma da 2ª Guerra Mundial, mas não são aceitos nem nos trabalhos mais simples por serem considerados velhos. Até que por ordem do ex-chefe do Serviço Secreto Britânico, para quem já haviam trabalhado, são recrutados como detetives para investigar a ação da Quinta Coluna, a infiltração de inimigos no país a fim de facilitar a entrada dos alemães, num pequeno hotel em Leahampton. Apesar de se passar na guerra, a narrativa é leve e agradável, com doses constantes de ironia e charme inglês. Tuppence chega a dizer que está se divertindo com aquilo e é o que realmente parece, que todo o trabalho de investigação é só um teatro, onde ela exercita seu dom de improvisação. Leitura despretensiosa.
HORA ZERO
Lady Tressilian é uma rica viúva que vive em uma luxuosa casa de praia em Saltcreek. No outono, ela costuma receber Audrey Strange, ex-mulher de Nevile Strange, um famoso tenista que era o protegido do marido da viúva. Naquele ano, porém, Nevile decide também hospedar-se na casa de lady Tressilian com a nova mulher, pois acredita que elas devem tornar-se amigas e que todos devem relacionar-se bem, sem mágoas. Mas a temporada acaba sendo tensa e tumultuada para todos. Interessante e engenhosa, uma narrativa bem Agatha Christie. Vários personagens reunidos numa mansão, um crime, todos são suspeitos. As relações entre os personagens parecem mudar o tempo todo, sugerindo novas possibilidades. Chegam os investigadores. A tensão aumenta. Logo depois, um novo e importante personagem contribui para o desfecho. E tudo com a classe da rainha do suspense. Só achei os momentos finais uma tremenda bobagem, mas nada que macule a história.
UM BRINDE DE CIANURETO
Rosemary Barton morre no dia de seu aniversário, após ingerir uma mistura de champanhe e cianureto. Depressiva após uma gripe forte, sua morte é considerada suicídio. Quase um ano depois, seu marido George recebe umas cartas que afirmam que Rosemary foi assassinada. Confuso e obstinado em descobrir a verdade, ele passa a investigar. Agatha Christie foi uma escritora maravilhosa e até hoje não li nada dela que pudesse dizer: é ruim. Neste "Um brinde de cianureto" não é diferente: muitos personagens suspeitos, alguns mistérios particulares, a classe de sempre. Só que desta vez o final não me convenceu. Sabe quando a busca por um fim totalmente imprevisível acaba por torná-lo menos provável que um outro não tão extraordinário? Foi o que senti aqui. Por isso não gostei tanto desta história quanto das anteriores.
A CASA TORTA
Aristide Leonides, o velho patriarca de uma rica família, morre envenenado. Todos suspeitam de sua mulher, muitos anos mais jovem, que a família nunca aceitou. Mas no curso da investigação, descobre-se que há outras pessoas com motivos para querer a morte do velho. Este é um dos livros preferidos de Agatha Christie, o qual declarou que foi um prazer escrever. É um livro realmente delicioso, ágil e interessante, com os elementos que a autora tanto gostava: muito suspeitos presos num mesmo local, venenos, motivações diversas para o assassinato e, neste caso, uma "detetive" mirim inteligente e arguta que desdenha da polícia e faz sua própria investigação paralela. Um mistério instigante que vai além do crime e aborda as difíceis relações familiares e as emoções de todo tipo que advêm destes relacionamentos.