Resenhas - The Righteous Mind

Robs 15/10/2022

Muito americanizado
Gosto muito de livros sobre a "moral", mas esse é muito voltado para a cultura e política americana.
Sugiro escolher outro livro com esse tema.

JPHoppe 26/04/2016

Uma das grandes constatações da Teoria da Evolução sintetizada no século XIX por Charles Darwin é a continuidade do ser humano com toda a vida existente. Se compartilhamos características, não é porque fomos criados separadamente para um fim similar, mas porque descendemos em algum ponto de um ancestral comum. Isso é verdadeiro para a ausência de cauda, para o polegar opositor, desenvolvimento triploblástico, célula eucariota, entre outros. Incomodou muita gente se ver destronado do "centro da criação". Mas, talvez nada tenha sido tão incômodo quanto constatar que o comportamento é também uma característica biológica como todas as outras.

O primeiro a ousar uma abordagem mais biológica foi Edward Wilson com "Sociobiologia", que ouviu de muitos acusações de que estava reduzindo o comportamento a um determinismo biológico (talvez não tenham prestado muita atenção no livro de Wilson). Um outro Wilson, David Sloan, também resolveu mexer nesse vespeiro, e foi ainda além ao tentar inocentar outra teoria evolutiva polêmica, a seleção de grupo, pioneiramente também proposta por Charles Darwin (em 1871, no Descent of Man, 12 anos depois do Origem).

O curioso é que a melhor abordagem a respeito dessas teorias, formadas com muito embasamento e apresentadas em The Righteous Mind, vieram de Jonathan Haidt, um psicólogo. Fundamentando-se na origem comum do homem e dos animais, inclusive no comportamento, Haidt propõe que boa parte das diferenças de pensamento, ideologias, política, religiões, esportes, entre outros, advém da evolução tendendo a formar grupos na espécie humana, a partir de combinações de intensidade variada das Fundações Morais: Cuidado/Dano, Igualdade/Trapaça, Liberdade/Opressão, Lealdade/Traição, Autoridade/Subversão, e Santidade/Degradação. Essas fundações teriam surgido para atender as necessidades durante a evolução, como Cuidado/Dano para cuidado parental, mas hoje são ativadas por outros gatilhos, como filhotes e ursinhos de pelúcia.

Como Haidt é americano, boa parte das discussões são relacionadas aos dois grandes partidos (e posições políticas) dos Estados Unidos, Democratas (liberais) e Republicanos (conservadores), mas é possível estender os motivos e questionamentos para outros cenários, Brasil inclusive.

The Righteous Mind é o melhor livro de psicologia que já li. As abordagens, visando o teste de hipóteses a partir de análise estatística minuciosa, deixa a psicologia latina - inclusive a brasileira - parecer que ainda está começando a engatinhar. Haidt escreve muito bem, prendendo o leitor até o fim, sem nunca deixar o critério de lado a favor de um livro mais pop, comprometendo a integridade científica do trabalho.

Recomendo.