Joao.Paulo 29/07/2020
Fausto a favor de uma ligação mais mística com a vida
''O sentimento é tudo;/Nome é vapor e som,/Nublando ardor celeste.''
Essa frase pode nos dar uma das idéias chaves do Fausto, de Goethe.
Temos aqui uma literatura que vai contra um intelectualismo excessivo em prol de uma relação mais subjetiva com a vida. Não é a toa que as estantes de livros são descritas como objetos que desviam e suprimem a luz do dia, a logicidade do pensamento é tomada como uma espécime de labirinto, que faz com que os sentimentos sejam dissipados e articulados em ideia. Fausto, ao ler o Gênesis, entra estado de êxtase, pois é só em uma relação sagrada que este encontra uma ''verdade''.
Apesar de curta a resenha devo alertar para o PÉSSIMO trabalho de organização nessa edição da editora 34. As notas são, em grande parte, se não inúteis, extremamente dispensáveis; grande parte consiste de teorizações que dizem o que está para acontecer na frente do livro, o que acaba sendo trabalho inútil e que engessa a leitura. O leitor deve ter a autonomia para construir sua própria leitura do livro, e não ser guiado pelas notas, que deveriam esclarecer questões específicas. Grande parte dessas notas poderiam ser enxugadas em uns bons posfácios, que aí então, pós leitura do texto, seriam úteis para relações que ficaram desapercebidas, mas quando o próprio início do cabelo vem com uma nota que explica o que acontecera e da uma visão do autor perante aquele capítulo, acaba sendo algo extremamente irritante e imbecil.