Resenhas - O beijo na parede

Jamyle Dionísio 07/12/2021

Alma
Sei que O Avesso da Pele está sendo lido pelos quatro cantos do Brasil (e isso é muito bom), mas por favor?

Por

Favor

Conheçam O Beijo na Parede.

Esse é o primeiro romance de Jeferson Tenório e - olha! - estou ainda arrepiada. Olhando para o teto. Não porque esteja perdida em mim, mas porque ainda não me desprendi da história de João (e do seu Ramiro, de Verônica, de Estela?)

Tem alma, esse livro. A gente sabe que tem alma porque ele se engancha fundo no peito enquanto lemos. Isso é raro, sabe? Tem muito livro bom sendo lançado, tem muito escritor brasileiro que vale a pena ser lido hoje, mas?

Tenório é dos grandes. Prestem atenção nele. O que ele escreve tem vida, e um livro que tem vida é precioso, porque transforma que lê.

(Estela sem Deus, o segundo romance do escritor, está chegando pelos correios, devidamente encomendado. Meus dedos já coçam, ansiosos. Mas quem mora por essas bandas precisa desenvolver certas paciências.)

Vejam só? nem sei como resenhar O Beijo na Parede. Vou tentar: o narrador, menino João - Quantos anos ele tem, o menino? Dez, onze anos. - compartilha sua trajetória marcada por uma sucessão de perdas e abandonos. Seu luto valente feito de luta incansável e sensível. É um herói, João: um herói grandioso, porque sabe ser pequeno e frágil, ainda que pense que homens não choram. Dá vontade de pegar João no colo e embalar. E quando a gente se dá conta de que tem também um tanto do desamparo de João, e que talvez falte quem nos embale, entendemos que, apesar de tudo, apesar de tanta falta, até as paredes podem nos dar algum afago. Até as paredes a gente pode amar um pouquinho.


@chadepalavra

Rafa.Barros 19/03/2023

Devastador.
A história de João, menino preto e pobre que fica órfão aos 11 anos e é obrigado encarar a vida sozinho.

A tristeza do reconhecimento de uma criança da solitude, da pobreza, da falta de amor e da fome é um soco no estômago. Já nas primeiras páginas eu não consegui conter a emoção.

João é uma criança doce, inteligente, curiosa e muito esperta, que sempre tenta ver o lado bom de tudo o que lhe acontece na vida e tenta ao máximo não deixar a tristeza tomar conta de sua situação. Quando conhece as pessoas do cortiço, que viram sua família, passa tentar cuidar de todos como pode, mas principalmente com presença, carinho e cuidado.

É um livro curto, rápido, mas arrebatador. A maturidade que João vai adquirindo com os acontecimentos, e especialmente algumas frases dele que surpreendem bastante, conseguem deixar a gente no chão.

Quantas crianças como João estão nas ruas, sem amor, carinho, cuidado e, principalmente, sem infância?

Isadora Alves 26/02/2023

Imprescindível
O tanto de camadas que esse livro aborda e de uma maneira tão dura e sensibilizada apenas no ponto de vista de uma criança que não tem nada e que precisa de fazer seus corre pra sobreviver me deixou muito pensativa sobre muitas questões.
Por ser um livro curtinho a leitura é rápida mas não deixa de ser um soco no estômago em várias partes. Recomendo muito esse livro e pretendo ler os outros livros do autor, gostei muito da escrita e os temas que ele trás pra reflexão.

Vou deixar umas marcações que eu fiz:

"E digo a vocês que é terrivelmente ruim viver na ignorância. E a gente nunca é negro por acaso, porque antes de ser negro a gente tem que aceitar, entender que a gente tem uma cor preta, e que isso faz diferença na vida."

"...Acho que a felicidade nunca é uma coisa grande."

Carme 22/06/2022

Um beijo na Vida
Um beijo na parede é impactante . João fala de cuisas muito profundas e verdadeiras. Mostra a realidade de muitas crianças ao apontar que não são
só os adultos que se deparam com a aridez da vida.

skye 22/04/2023

Não viemos neste mundo para ter certezas
Semana passada meu amigo chegou com esse livro que eu nunca tinha ouvido falar e disse: "trouxe pra ti, tu vai gostar" e como sempre ele tava certo...

a maneira de escrita do jeferson tenorio, que eu já conhecia de o avesso da pele, é sensacional, de uma imersão absurda, eu acho maravilhoso o dom do autor de fazer os leitores sentirem coisas opostas no espaço de duas linhas em suas histórias

ainda sem palavras pra essa obra que em somente algumas páginas já me agarrou, me fez refletir, rir e chorar com tanta profundidade

é um livro lindo e triste porque como ele mesmo diz: tudo que é bonito é absurdo

Selênio 02/05/2024

É
O livro todo varia entre a tristeza e a comédia, eu fiquei muito triste de quantas vezes esse mlk foi abandonado, mas acontece.
Qualquer coisa que aconteça, beijem uma parede.

Rê 26/12/2021

Achei esse livro muito parecido com A vida pela frente, com uma pegada mais pesada, aqui o lirismo é menor e a realidade mais crua.

arqueofarias 29/08/2023

Simplesmente apaixonado nessa leitura. Narrativa fácil e extremamente emocionante. Não conseguia parar de ler.
Senti uma vibe Capitães da Areia, outro livro que amo muito.
Inclusive gostei mais desse do que O avesso da pele.
Leiam !!!

Danusa 05/05/2023

Livro de leitura fácil e rápida, mas com um assunto tão sensível. João, o personagem, tem sua infância roubada pelas agruras da vida e o leitor pode acompanhar seu amadurecimento tão precoce e seu instinto de sobrevivência.

Luciana Luz 27/09/2021

O Beijo na Parede
Depois de ler O Avesso da Pele, também do Jeferson Tenório, procurei O Beijo na parede, seu primeiro romance.
Tenório escreve com uma profundidade impressionante. O Beijo é um soco no estômago atrás do outro. Acompanhar a jornada do menino João, amadurecendo a força pela realidade que vive, dói demais. Principalmente, pq essa ficção é a realidade de milhares de crianças neste pais.

Ingrid Bays 07/06/2021

"Eu logo vi que aquela conversa entre os dois era proibida para mim porque sou menor. E há uma quantidade imensa de coisas que são proibidas para as crianças, mas ninguém proíbe os menores de passarem fome ou de serem esquecidos pelos adultos; ninguém proíbe os pais da gente de morrerem. E se querem saber, é isso que devia ser proibido"

Leila 30/09/2023

O Beijo na Parede, escrito por Jeferson Tenório, é uma obra que encanta pela simplicidade e a perspicácia da narrativa infantil. Ao longo das páginas, somos apresentados a um mundo visto através dos olhos de João, um menino de 10/11 anos, cuja vida sofrida é o retrato de tantas crianças pelo Brasil e mundo afora.

A escolha do autor de utilizar um narrador-protagonista infantil é um acerto notável. Através dos olhos de João, somos levados a enxergar o mundo com a pureza e a curiosidade próprias das crianças, mesmo tendo vivido situações terríveis e perdendo a esperança de "ser feliz". Sua visão do mundo, suas reflexões e questionamentos, nos tocam profundamente e nos fazem refletir.

Eu notei uma certa semelhança com o livro A vida pela frente do Émile Ajar, João e Momo tem muitas particularidades em comum e até outros elementos da narrativa também me remeteram à esse outro livro que amo profundamente.

O estilo de escrita de Jeferson Tenório é envolvente e poético, criando um ambiente literário que nos faz mergulhar na história de João e compartilhar de suas descobertas e reflexões. A narrativa é rica em detalhes e emoções, o que torna a experiência de leitura ainda mais gratificante.

Enfim, O Beijo na Parede é um livro que conquista o coração dos leitores com sua narrativa cativante. Eu amei a leitura e recomendo a todos que desejam ser tocados por uma narrativa genuína e comovente.

anne635 07/07/2022

Acho que não viemos nesse mundo para ter certezas.
Um livro um tanto estranho e diferente ao início da leitura, mas percebi que esse livro é muito mais do que é falado.Mostrando de como é a vida de pessoas que tiveram que crescer cedo demais, que não tiveram sorte na vida.
Triste, ver como coisas simples se tornam necessidades para outros e como viver não é fácil para todos.
Penso que no primeiro olhar julgamos a pessoa sem saber da história dela, e esse livro mostra diretamente isso, as dificuldades, felicidades, pensamentos que nem se quer imaginava ter algum dia.
As vezes encontramos a família onde menos
esperávamos, porque família não é de sangue e sim dos laços que criamos.
Um livro extraordinário

hallyally 13/11/2021

Meu gênero favorito
Não sei porquê, mas me prendo muito em narrativas feitas do ponto de vista de crianças maduras demais para suas respectivas idades. Meu Pé de Laranja Lima também me deixou assim.
Talvez por também ter amadurecido cedo demais, as observações e apontamentos de jovens que não têm forças para mudar suas realidades, que carregam em si uma visão tão palpável, ao mesmo tempo que tão machucada pelos traumas... sinto estar dentro da minha própria cabeça, sinto que não estou sozinha nesses ponderamentos.

Fico feliz em ter descoberto um autor tão querido dentro do nosso cenário literário nacional, não posso deixar de admirar a leveza de sua escrita, ainda que bastante poética e ponderada e as críticas tão relevantes sobre nossa sociedade que vive numa hipocrisia velada.

Não poderia ser mais grata pelo presente de aniversário, amiga??

elske 29/11/2022

?Acho que não viemos neste mundo para ter certezas.?
É uma história curta e muito dinâmica, cada capitulo com uma ou mais cenas diferentes, narrada por um menino de 11 anos, João. Ele perdeu a mãe e o pai, foi parar num abrigo, do qual fugiu e dali foi morar num cortiço com prostitutas, idosos miseráveis e outras pessoas marginalizadas.
João carrega o livro Dom Quixote como um amuleto de proteção; o personagem de Cervantes é símbolo da luta pelos sonhos loucos. Para João, é o sonho louco de viver, sendo um garoto negro, pobre e órfão, numa cidade que não é a sua. E, conforme o narrador, mais que qualquer outra coisa, ?É o sonho que nos faz continuar vivendo?.
João tem de lidar com o luto pela sua mãe e pelo seu pai, e amadurecer muito rápido pra poder sobreviver. Ele almeja crescer e virar homem, e, conforme seu pai o ensinara, homem não chora. Porém, as lágrimas frequentemente teimam em cair dos seus olhos.

O autor escreve muito bem, dá pra perceber isso nos primeiros paragrafos do livro. Foi uma leitura ótima e importante.