Nélio 28/05/2017
Assisti a uma entrevista da autora em um programa televisivo de literatura. Fiquei encantado com ela e me coloquei a pensar sobre como conhecemos pouco da literatura africana! Inclusive a produzida em língua portuguesa! Ora, o fato é que nossa cultura - que nunca pode ser dissociada de nossa língua – foi mais influenciada pelos povos africanos que pelos europeus. Se fizermos uma análise fria sobre o que é “ser brasileiro”, encontraremos muitas características (“de povo”) que não vieram da Europa, e sim do continente africano. Pensemos em nossa relação com a(s) religião(ões), por exemplo. E nosso reconhecido jeito acolhedor e amigo? Com certeza não vieram das tradições europeias...
Enfim, polêmicas à parte, decidi-me a ler outros autores africanos, além, é claro, de Mia Couto, que já leio regularmente. A autora do livro em questão é também moçambicana, e gostei da obra. Há muito da mistura do real com o onírico, com o místico... O brasileiro é marcado por essa mistura, não é? E as questões históricas de um povo que se viu esmagado pelos portugueses e por africanos que a estes se aliaram são bem perceptíveis.
Foi pena que, ao comprar o livro via sebo virtual, não percebi que a edição adquirida é uma adaptação feita pelo governo brasileiro para incentivar o ensino da cultura africana no Brasil. A minha dúvida é se o conteúdo do livro foi ou não alterado... Espero que não!
De qualquer forma, a leitura foi válida.
Deixando um gostinho:
“Parti à conquista dos saberes dos brancos, lá onde a memória das palavras é substituída por símbolos, letras, alfabeto.”
“A lição da vida. Aprendi que o coração humano é maior que o infinito. Que na humanidade não existem raças, apenas almas.”
E o melhor, estou aceitando sugestões de livros de escritores africanos...