Marcelo Gzuis 08/04/2024Como uma excelente Distopia, um mau presságio muito claroFazia alguns anos que não lia essa grande obra. Através do suspense aterrorizante e situações a princípio sem explicações, cria-se um clima único, e talvez por isso não seja conhecida como a obra de maior renome do autor, pois apesar de gostar muito de Fahrenheit 451, vejo ele como mais simples e acessível ao grande público do que este, além do presságio apocalíptico desta obra, o que nem sempre é fácil do leitor deglutir.
Ray consegue nos envolver num mundo com cenários difíceis de conceber, mas usando de comparações a sentimentos e situações triviais do dia a dia, nos joga direto na trama, acompanhando com angústia e uma sensação de dejavu, o desenrolar do eterno retorno da humanidade, Conhecer-Explorar-Destruir.
Todo conto, por menor que seja, tem grande impacto, mas 3 se destacam para mim:
- "E a Lua continua Brilhando...": Melhor capítulo do livro. Seu enredo parece resumir todo o futuro, passado e presente do livro e da humanidade. Excelentes diálogos e discussões, além do clima de tensão e confusão que é criado, gerando grande ansiedade pelo seu desenrolar.
- "Flutuando no espaço": Capítulo magistral. Uma cômica pesada sobre a cultura reacionária, utilizando do conflito racial como excelente demonstração da resistência das elites em frente a mudanças sociais, crescimento dos menos favorecidos e a perca de poder.
-"Os longos anos": Diria que este capítulo é profético. Ainda não chegamos neste momento, mas pelo menos eu sinto como algo inevitável e que certamente está por vir. Exercício de conflitos morais futuros e que precisamos termos claro desde já, para que o desenvolvimento técnológico crie-se por bases sólidas. Mas sabemos que isso não ocorre. Logo menos teremos situações que nos trarão tais questionamentos. O que iremos responder? Quem nós somos? Quem são eles?