Pablo 12/01/2021
Panfleto anti-comunista
Livro muito perigoso, perfeitamente escrito para parecer científico enquanto na verdade é um poço de mentiras e distorções da história.
O autor usa e abusa de expressões de linguagem para criar uma ideia de que eventos pequenos e isolados foram grandes tragédias (páginas 35, 36, 42, 89, 112, 162, 163). Chega ao ridículo de dizer que embora o partido alegue que ninguém morreu, "talvez tenha ocorrido muitas mortes", sem se quer tentar argumentar. Usa termos vagos como "perseguidos" e "atacados", sem especificar exatamente o que ocorreu (geralmente apenas um julgamento, onde a grande maioria, como autor admite, era inocentada). Quando a linguagem tendenciosa não é suficiente para demonizar o PCCh, o autor traz fontes sabidamente mentirosas, como o relatório de Khrushov (pg 73) e as mentiras alucinadas das ongs americanas sobre os mortos em Tiannamen (pg 161), que na época cresciam exponencialmente a cada nova reportagem, sempre sem base nenhuma, e foram depois desmentidas pelos jornalistas, e hoje (após a escrita do livro) desmentidas também por relatórios da embaixada americana vazados por Snowden e o Wikileaks. Não satisfeito, o autor chega ao cúmulo de usar a Wikipédia como "fonte". Depois ainda acaba por admitir, apesar de todas as mentiras que subscreveu e episódios que distorceu, que a China é sim democrática (pg 170) e que as tentativas de golpes de Estado (protestos de Tiannamen) teriam sido desastrosas para o povo chinês, como foram para o bloco soviético (pg 172).
Como todo bom panfleto anti-comunista, também aqui o PCCh hora é tão incompetente que não consegue produzir comida, hora é super poderoso ao ponto de controlar cada aspecto mínimo da vida dos cidadãos e da mídia interna e externa, que infelizmente não consegue provar suas maldades, mas tem "convicção". O partido também é constantemente a suprema maldade na terra, mas continua no poder porque os pobres chineses não podem ver essa maldade toda, inocentes que são, e continuam apoiando o partido e pegando em armas para defendê-lo.
Há também grande manipulação de dados. Como muitos autores ocidentais, apresenta os dados de crescimento da China pós revolução (média de 8,39% no pib per capita entre 1979 e 2019) contra o período pré reforma (média de 4,5% entre 1953 e 1978) para dizer que o abertura é a causa do desenvolvimento, ocultando que toda a infraestrutura e maquinaria usada para crescer no período pós reforma foi construída com investimentos de antes da reforma (e durante o processo também). Enquanto isso os EUA cresciam 3% ao ano, e o terceiro mundo, incluída a AL, não chegava a 2%. Mas o autor tenta passar a ideia de que a China crescer 4,5% seria "crise" e resultado da "corrupção do partido".
Por fim, há uma infinidade de informações que o autor desconsiderou. Um livro que dedicou dezenas de páginas e apresentar teorias e especulações de que o povo chinês era explorado e morto de fome, esquecer de apontar que a vida média do chinês passou de 35 anos em 1949 para 66,8 anos em 1980 e 76,7 em 2018 (Banco Mundial) é no mínimo curioso, pra não dizer desinformação descarada. O autor afirma que o partido se esforçava para manter o povo chinês na ignorância e na despolitização, mas esquece de apontar que a taxa de alfabetização passou de 29% em 1950 para 96,8% em 2018 (UNESCO). Dizer que o povo chinês estava sendo oprimido e esquecer de dizer que a população passou de uma taxa de pobreza extrema de mais de 90% em 1950 para menos de 3% em 2017 e para literalmente zero no final de 2020 é, não tem outro termo, falsificar a história.
Para resumir, é uma obra que se esforça para não mentir diretamente, mas interpreta dados de forma extremamente tendenciosa, distorce a história com moralismo barato, tentando criar uma falsa ideia na cabeça do leitor, além de usar fontes falsas para difundir calúnias contra o PCCh e o povo chinês.