Aione 25/02/2015Um chick-lit que gira completamente ao redor de Jane Austen e suas obras? Essa ideia foi mais do que suficiente para atrair minha atenção para Austenlândia, cujo enredo envolve uma protagonista traumatizada pelos maus relacionamentos tidos ao longo de sua vida e completamente obcecada pelo Sr. Darcy, responsável por ofuscar quaisquer figuras masculinas com quem ela tem contato. Após receber, de herança, uma viagem para a Austenlândia, um misterioso lugar na Inglaterra onde as pessoas devem se portar como no século XIX, Jane tem a chance de viver seu sonhado romance.
Em terceira pessoa, o enredo se desenvolve de maneira leve e divertida, sem grandes arroubos de comicidade. Ainda, ao início de cada capítulo, somos apresentados a cada um dos homens com quem Jane se relacionou ao longo da vida, tendo um breve resumo de como os conheceu, conviveu com eles e de como tudo terminou.
O que certamente mais me encantou no enredo foi a mistura de passado e presente que Jane vivencia após viajar para a Austenlândia. Assim, Jane precisa se deixar envolver pelo ambiente, adotando as roupas e os costumes lidos nos romances de Austen e abandonando qualquer ligação com o mundo “real” e atual.
É interessante acompanhar os conflitos internos vivencidados pela protagonista: seu medo em se render à fantasia, principalmente por seu maior desejo ser, justamente, o de se livrar da obsessão que sente pelo Sr. Darcy; o desejo de poder experimentar, de verdade, essa experiência única a qual teve a oportunidade de viver; e, principalmente, a vontade de descobrir seus reais desejos, sem afastá-los de si pelo medo de sofrer novamente.
Também, é curioso pensar, depois do encantamento inicial oferecido pela Austenlândia, no quanto a ideia do local pode ser bizarra, levando-se em consideração que atores são pagos exatamente para oferecer às mulheres a sensação que procuram ao se hospedarem lá – ainda que essa possa ser a chance de Jane ter seu sonhado romance com um Sr. Darcy.
Em termos gerais, Austenlândia foi uma leitura leve, divertida e extremamente rápida, ideal para um momento de distração e relaxamento. Mais do que em um romance em si – que acabou sendo bastante satisfatório também -, a história foca no auto-conhecimento de uma mulher, sem se aprofundar em nenhuma questão, cumprindo muito bem com sua função de entretenimento. Aos fãs de Jane Austen e chick-lits, uma leitura muito mais do que recomendada.
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http://minhavidaliteraria.com.br/2015/02/25/livros-na-telona-austenlandia-shannon-hale/