Dudu Menezes 17/09/2023
Pioneiro do regionalismo
Hoje terminei uma releitura, que eu prefiro chamar de "verdadeira primeira leitura", de Contos Gauchescos, do meu conterrâneo João Simões Lopes Neto, que é considerado o principal nome do regionalismo rio-grandense.
Nascido em Pelotas, Simões Lopes viveu até os 13 anos no meio rural; depois mudou-se para o Rio de Janeiro, para estudar, e, finalmente, retornou à sua terra natal, em função da sua saúde. É considerado um sujeito urbano, portanto, embora seus Contos, aqui, tratem da vida campeira.
Como um livro de memórias, conhecemos os "casos" contados pelo velho Blau Nunes, que, por vezes, também comparece nas histórias - 19 no total -, todas carregadas com o linguajar típico das tradições orais gauchescas.
Nesta edição da @leituraxxi temos os textos e comentários de ninguém menos que Aldyr Garcia Schlee. As notas explicativas ajudam - e muito - a compreender o dialeto popular utilizado nas narrativas do "vaqueano" (guia campeiro) Blau Nunes, em suas andanças pelo Rio Grande, a contar as aventuras de todo aquele que é alvo de seus comentários.
Temos histórias de amor e de guerras - passando por episódios da Revolução Farroupilha, para citar um exemplo -, que apresentam as singularidades dos homens e mulheres que viveram no solo gaúcho, no século XIX.
Ainda que haja uma concordância do personagem-narrador com o que se passa em seus "casos", seja pelas decisões tomadas pelos protagonistas, seja pelos hábitos e costumes adotados, nesse período, reforçando a ideologia regionalista, somos provocados a formar a nossa própria opinião.
Lendo, hoje, lembrei muito dos "casos" contados pela minha falecida avó, Dona Orildes, e percebi que as minhas leituras anteriores foram pífias, merecendo essa releitura e outras mais.
Acima de tudo, Simões Lopes nos convida a conhecer melhor a natureza humana, através dos seus contos, os quais, embora tragam as particularidades da vida no campo, coincidem com características humanas de personagens que nos são apresentados em obras de Machado de Assis e Dostoievski, só para citar dois grandes. E ele, certamente, merece estar ao lado dos grandes, pois as reflexões suscitadas, nessa obra, são universais!
#simoeslopesneto