AnaLuisa 05/02/2024
As duas metades da laranja.
Machado de Assis, a meu ver, é um dos autores mais sensacionais, não só pela escrita, mas pelas obras atemporais como é o caso de "O espelho".
Esse conto aborda a existência de duas almas: a exterior e a interior. A primeira é a nossa aparência, aquilo que mostramos aos os outros, enquanto a interior é a nossa essência, quem realmente somos quando ninguém está vendo, nossas ideologias e pensamentos. No livro, essa teoria é explicada através de uma experiência que o protagonista, Jacobina, viveu.
Por meio de "O espelho" é possível fazer uma conexão com o mundo contemporânea (provavelmente, por ser uma obra do movimento Realista), no qual os indivíduos passaram a supervalorizar a aparência/status em detrimento da essência humana e do sentimento de humanidade. Assim como quando Jacobina se encontra em solidão, ao olhar no espelho ele se vê de forma desfigurada, uma vez que não havia nem um ser vivo para o admirar e alimentar a sua alma externa, já que esta sobrepôs o significado da alma interior.
Dessa maneira, quando o protagonista vestiu a roupa de "alferes" passou a se ver novamente no espelho, naquele momento ele percebeu que havia perdido a sua humanidade, ou seja, naquele ser a alma interior já não tinha grande importância.
Conclui-se o livro passando a necessidade do equilíbrio entre as duas metades da laranja: a alma exterior e a interior, a fim do exercício de uma vida verdadeira.