Alexandra 04/09/2014
Uma garota ingênua e o poder de uma Abadia
Uma das poucas coisas que sabia sobre o livro “Northanger Abbey”, de Jane Austen, era que se tratava de um romance gótico. Mas sou obrigada a não concordar inteiramente com isso, pois, para mim, trata-se mais de uma paródia do gênero. Ainda que o livro exalte as qualidades de quem de romances góticos – em detrimento daqueles que o consideram um entretenimento fútil -, tenta-se demonstrar que é importante não confundir realidade com fantasia.
A obra conta a história de Catherine Morland, uma garota ingênua, que passa a conhecer os perigos do mundo, para enfim compreender que pior que uma abadia fantasiosamente mal-assombrada, são os amigos interesseiros. O interessante sobre Catherine é que ela está longe de ser a heroína perfeita, como Austen ratifica algumas vezes, pois acredita piamente em tudo o que dizem. Mesmo assim, ao longo do livro, a personagem principal aprende a ser mais madura, e a enxergar que nem todas as pessoas são boas.
A parte “gótica” do romance se refere somente a algumas páginas, e serve somente para mostrar como Catherine é influenciável. E é a partir desse trecho que começa a então “realidade” da personagem e conseqüente evolução.
Aliás, como toda obra de Austen, há várias críticas à sociedade da época. Um delas se deve a consideração do que é um homem e uma mulher, pois a heroína adorava brincadeiras tradicionalmente masculinas e, ainda por cima, escuta da mãe que não seria uma boa dona de casa. Já Henry Tilney, o personagem masculino principal, interessa-se por tecidos e romances, considerados somente para o público feminino. Já os irmãos Thorpe, que se mostram pessoas ambiciosas, costumam generalizar tanto a imagem do homem, quanto a da mulher. Ou seja, talvez a sociedade da Inglaterra no início do século XIX não seja tão diferente da nossa.
Já a escrita de Jane Austen é muito interessante, pois em vários momentos ela conversa com o leitor, comentando a história. Isto acaba tornando a experiência do livro muito agradável. Esta pode não ser considerada por muitos como “a grande obra” de Austen, mas merece atenção pela história e modo irreverente da escrita. Em minha opinião, fica a frente de obras como “Sense and Sensibility” e “Mansfield Park”.
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