Paulo.Vitor 24/05/2024
Comecei lendo na expectativa de um Realismo Mágico, assim como os outros dois ótimos livros que eu já havia lido do José J. Veiga, porém acabei surpreendido por uma ótima distopia brasileira sobre a ditadura, e isso me surpreendeu ainda mais. Acompanhamos Genísio e Benjó, que, durante um evento de limpeza de Vasabarros, acabam por se envolver numa briga, onde cada um foi parar na ponta oposta do conflito, sendo Genísio inocentado e visto como vítima, apesar de ter começado a confusão, e Benjó, condenado a morte por embarricamento. Não sei se foi intencional, mas de começo, a gente sente mais simpatia por Genísio, mas, ao ver o desenvolvimento de Benjó, que foi salvo do embarricamento, e como ele começa a mostrar o povo de verdade e o movimento que ele integra, essa simpatia se inverte totalmente.
Aliás, Simpatia é o nome da dinastia instaurada em Vasabarros, que governa, as vezes com punho de aço, as vezes são apenas como enfeite. Vemos a oportunidade que um personagem tem de fazer tudo diferente, mas, como até um personagem falou durante o livro, este personagem acabou provando do fruto do poder, e as esperanças de mudança sucumbiram.
O livro nos faz refletir e nos deixa revoltado ao final, pois, afinal, a frase "precisamos conhecer a história para não repeti-la" não foi levada a sério. Mesmo tendo sido escrito antes do final da ditadura, acabou descrevendo muito bem a situação.
Recomendo demais