Rita Foelker 16/07/2011
Um filósofo, muitas leituras
Este é o terceiro volume de uma coleção de História da Filosofia Grega e Romana. Os demais volumes falam de escolas ou de movimentos, abarcando realizações coletivas, à exceção deste, sobre Platão, e do quarto, que trata das ideias de Aristóteles. E eles são realmente grandiosos, necessitando de especial consideração e reflexão.
Pra ser sincera, eu o li em todos os capítulos que atendiam à minha necessidade atual, e agora estou voltando a eles. Não passei, por exemplo, pelas discussões sobre política.
Platão,o filósofo, tem muitas leituras possíveis. Mesmo na faculdade, fizemos mais de uma, dependendo do professor e do foco (ética, epistemologia, cosmologia...).
Mas a leitura de Reale e da escola de Tübingen-Milão é a mais abrangente que encontrei, ela integra as muitas facetas da filosofia platônica em um todo coerente. Aspectos que alguns comentadores preferem desvalorizar ou simplesmente ignorar.
O ponto de mutação é a noção de transcendência. O que Reale realiza (trocadilho inesperado) é um espetacular esforço de mostrar que tudo o que Platão disse em termos de ética, cosmologia e epistemologia, adquire um sentido novo, se examinado à luz da imortalidade, da preexistência do ser e da criação obediente às Ideias (ou formas) do belo, do bom e do verdadeiro.
Aqui, comecei a perceber o verdadeiro fascínio que seu pensamento exerceu sobre pensadores como Werner Heisenberg, durante toda a sua vida, que ele admite francamente em "A parte e o todo".