Heitor.Hissao 21/01/2023
É um daqueles livros cinematográficos, mas você nem sente. Meu maior problema para com livros que por algum motivo querem ser filmes (Onde Andará Dulce Veiga, por exemplo), é que todas essas brincadeiras com câmeras descritas como objeto que captura os personagens, soam vazias. E outros, parecem apenas roteiros que são escritos como se fossem romances.
Rubem Fonseca, principalmente por colocar seu personagem como um cinéfilo assumido, consegue colocar um pouco de cinema, mas sabendo que está fazendo literatura.
Mesmo sendo um livro muito sério e misterioso, o escritor consegue deixá-lo cômico em diversos momentos. A escrita é sempre paranoica e suspeita, mas as situações são tão americanas, que em diversos momentos é até um pastiche, mesmo assim, não se perde o ritmo.
Ao invés de cinema, eu vejo o livro quase como um romance gameficado. É sempre o protagonista enfrentando um obstáculo e passando por mais um nível, só que nós só assistimos, não interagimos com o produto que nem em video games. Ainda mais pelo fato do protagonista estar sempre viajando, e tendo partes diversas em vários lugares do mundo.
Um romance frenético, que nunca para.