Filino 13/04/2020
Indispensável biografia sobre um personagem muito falado e pouco conhecido
Uma obra extensa, em vários sentidos: no número de páginas, na quantidade de informações, na profusão de notas explicativas... e tudo isso sobre um personagem que, a despeito de ter sua figura conhecida popularmente, ainda é cercada de pouco conhecimento e envolta em muitas paixões. É curioso ver o autor salientar o quanto Napoleão Bonaparte desconcerta: enquanto franceses podem louvá-lo ou atacá-lo, ao mesmo tempo pode ser objeto de grandes elogios por povos que "conquistou" (como os egípcios).
Trata-se de um livro que, embora enfoque traços da vida pessoal de Napoleão, se detém de modo mais demorado sobre suas estratégias (políticas e militares). Desde os primeiros anos na Córsega até o fim na ilha de Santa Helena, lemos como esse homem, produto da Revolução e dotado de grande genialidade, tornou-se militar de destaque, pró-cônsul e, ao fim, imperador. Imaginar que, mesmo depois de afastado do poder, retorna do seu exílio na ilha de Elba para, durante 100 dias, ocupar o lugar de Luís XVIII, parece algo inimaginável. Mas esse é Napoleão Bonaparte.
As conquistas na Europa continental, seus conflitos com a Prússia, a Áustria, a Rússia e, sobretudo, a Grã-Bretanha (a pérfida Albion), preenchem as páginas dessa obra, com relatos de batalhas vencidas por genialidade e por circunstâncias que, se fossem observadas (ou deixadas de lado) por seus protagonistas, poderiam mudar o rumo de toda a história mundial. E não seria exagero afirmar isso.
Ao fim, o autor chama a atenção para o caráter ambivalente como o seu biografado é tratado, mesmo na França - onde, surpreendentemente, passou um bom tempo como que "esquecido" pelos acadêmicos. E repudia comparações rasteiras com Hitler e Stálin.
E Napoleão está aí. Nesse livro fundamental; repousando numa urna nos "Invalides", em Paris; e com seu espírito evocando a "nação", pairando sobre os franceses - que poderiam temer sentir saudades de sua figura.