FrankCastle 09/06/2017
Indicado para pesquisas bibliográficas de artigos e monografias
Sigo na minha busca por dicas para melhorar minha qualidade de leitura e, fatalmente, me deparo com estes livros sobre "Leitura Dinâmica", "Leitura Rápida", "Leia mil vezes mais rápido" e congêneres. Muitos até trazem boas dicas e técnicas, mas sua apresentação e título, geralmente, acabam frustrando os leitores e soando como propaganda enganosa. Com este, não é muito diferente.
Basicamente, o livro alerta para hábitos de leitura a serem abandonados, outros a serem criados e também dicas de Estudo e memorização. Logo na introdução, o autor deixa bem clara a sua proposta pragmática bem ao estilo estadunidense. Diferencia a abordagem que acredita merecer um livro de ficção, que lemos para deleite e os livros que encaramos em nossa vida profissional (o foco do livro recai nestes últimos).
Sobre os hábitos que precisam ser abandonados, são citados:
- Vocalização: aquela voz interior quando lemos e que, segundo a maioria dos autores desse tema, limita nossa leitura à velocidade de nossa fala, quando deveria ser limitada pela velocidade de nosso pensamento.
- Retrocesso: outro ponto frequentemente citado na literatura deste tema e que pode gerar muita controvérsia. Acontece que, ao se voltar muitas vezes, inconscientemente nosso cérebro entende que não tem problema deixar de prestar atenção, pois se algo não for entendido, é só voltar o parágrafo / página. Aqui está o perigo e o tempo desperdiçado.
Mas outro ponto negativo quando se trata de livros difíceis é que, se avançarmos a leitura somente se entendermos completamente aquele trecho, há grandes chances de abandono. Cito as palavras de Mortimer Adler, em "Como Ler Livros":
"Mesmo que só tenha entendido 50 por cento do livro na primeira leitura - ou até menos -, isso lhe será muito útil quando retornar aos trechos difíceis, mais tarde. E mesmo que nunca mais retorne, entender metade ou menos do livro é melhor do que não entender nada - o que acontecerá se o primeiro trecho difícil provocar o abandono do livro".
São abordadas técnicas de leitura em blocos, visão periférica, leitura com "avanço em Z" (onde se lê a primeira linha e depois pula para a quarta!). Realmente, são coisas que soam um tanto absurdas. Mas, ao meu ver, tratam-se de técnicas para uma leitura Inspecional, com o fito de conhecer o todo ao invés da parte.
Por isso digo, no título da resenha, que é indicado para pesquisas bibliográficas: ninguém vai ler, na íntegra, 20 livros e depois selecionar apenas cinco ou dez, dos quais serão usados apenas alguns trechos para um artigo ou monografia, por exemplo. Aliás, é possível perceber, em determinado pontos, um viés mais acadêmico, como problematização dos assuntos, algo bem frequente em projetos de iniciação científica.
Em determinado ponto, o autor comenta sobre ler "Três Vezes". Novamente, encontrei um paralelo com Mortimer Adler e a obra "Como Ler Livros", que classifica os vários níveis de leitura: Elementar (simples fato de saber ler), Inspecional (analisar orelhas de livro, sumário, prefácio, introdução, conclusão, compulsar o livro etc.), Analítica e Sintópica (a mais rigorosa de todas, que um número menor de pessoas costuma fazer, geralmente, apenas estudiosos de alguma obra específica).
As dicas apresentadas por AK Jennings, ao meu ver, são mais indicadas para a chamada Leitura Inspecional, que lhe ajudará a escolher, de maneira mais ágil as obras para pesquisa bibliográfica, deixando que você concentre a maior parte de sua energia na elaboração do trabalho em si.
Existe uma parte para dicas de Estudos e Memorização que são muito válidas para estudantes de nível médio e superior.
Sou bem "Caxias" e sempre tive uma grande resistência em ler livros de forma não linear, mas na rotina universitária é muito difícil conseguir ler na íntegra as obras da bibliografia básica. Ainda mais levando em conta que se tira maior proveito ao consultar obras de, ao menos, 3 autores diferentes de cada disciplina.
Portanto, nestes casos, é muito mais produtivo para a construção do conhecimento esse cotejo de várias obras, deixando a leitura integral e detida de uma obra específica para um segundo momento, depois de assentar os conceitos básicos.
Em suma, as técnicas apresentadas são uma ótima forma de conseguir acompanhar ao menos os conceitos básicos durante o semestre. Aliás, é também um bom treino para compulsar e pesquisar livros ao invés de seguir apostilas, de forma linear.
Se você conseguirá Ler mais Rápido? Depende. Você, provavelmente, terá um aproveitamento maior com as dicas apresentadas. Mas, não necessariamente, aumentará sua velocidade de leitura como um Fast Foward, como a capa do livro pode levar a crer. Tente encarar mais como uma economia de tempo ao se livrar de vícios e incorporar bons hábitos.