Olhe Para Mim

Olhe Para Mim Jennifer Egan




Resenhas - Olhe Para Mim


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Arsenio Meira 06/05/2014

Não adianta...

Charlotte deixou de ser Charlotte. Um acidente automobilístico ceifou sua linda face. Que renasceu completamente distinta, como se Charlotte fosse Demi Moore. Nem o espelho a reconhece... Prodígios dos cirurgiões plásticos, que por sinal, também viraram celebridades, neste mundo de celebridades rasas, tristes e deprimentes. A protagonista Charlotte tem 35 anos, mas insiste em dizer que estacionou nos 28 anos. E leva a sério essa manobra.

Eis uma personagem que, a mim, não me convenceu nem um pouco. Moose, seu tio, um sofredor. (Este, único grande personagem da trama). Mas as pessoas são vis, interesseiras e carreiristas. Novidade? Nenhuma. Em todo lugar e em qualquer ramo. Sejam elas modelos ou veterinárias. Aqui, aí ou na Sibéria. Mas Charlotte tem um egoísmo que não cabe na mansão dos Rockefellers. (Nem sei se, a esta altura, ainda existe uma mansão, após sucessivas crises capitalistas.)

Sem identidade, a heroína perambula por Nova York. Sexo, status e vazio. Lá pelas tantas, uma cena de suicídio forçada, incapaz de convencer até mesmo os mais vulneráveis, quase me faz largar o livro. Mas a fidelidade ao começo não permitiu. De repente entram em cena (e saem de cena tão de repente quanto, e sem explicação) um detetive particular de Nova York e um amigo de Charlotte, Mister Z, desaparecido sabe-se lá porque. O detetive no encalço de Z. Procura-o. E aí? Não sabemos. Nada. Danem-se Z, detetives e tudo o mais. Não merecem notícias do mundo de cá.

Onde a inventividade? Onde a verossimilhança, ainda que mínima, partícula, átomo?

As primeiras cem, cento e vinte páginas do livro me fizeram dar três estrelas, e o personagem Moose, o único louco com um pouco de lucidez em meio ao reino do implausível que Jennifer Egan criou. Charlotte, faltou alguém para dizer-lhe que, a esta altura, não adianta mais mentir sobre a idade. Não adianta mentir sobre mais nada.

Marlo R. R. López 04/08/2014minha estante
Eu concordo com você, mas até fico pensando se a intenção da autora não foi justamente esta: a de criar um mundo com personagens extremamente irritantes que vivem a vida sem sentido (inverossímil) do universo midiático nos EUA. Uma espécie de crítica a essa realidade.

Se foi a intenção dela, nossa, ela teve muito sucesso. Pena que isso deixou o livro meio irritante também... rs.


Arsenio Meira 04/08/2014minha estante
Oi Marlo,

Interessante o argumento que você suscitou. Havia - durante a leitura - pensado nisso, e pode até ser que a Egan tenha acalentado essa intenção (descrever o vácuo, o vazio das pessoas, que vivem sob a órbita da mídia, e que não sabem o quão efêmero esse mundo midiático é - a fama dura 15 minutos, conforme a sabedoria de Warhol...); bem, a intenção foi boa, mas como você bem anotou, o romance tornou-se irritante, meio vazio; personagens sem carisma, enfim, chato pra caramba. Dei três estrelas em homenagem às cem primeiras páginas, que me empolgaram. Depois, a Egan perdeu o compasso, na minha opinião. Valeu pelo comentário. Abraços


Marlo R. R. López 04/08/2014minha estante
Valeu, Arsenio. Abraço!




Aline T.K.M. | @aline_tkm 29/06/2014

Cruel e verdadeiro
Jennifer Egan nos brinda novamente não com uma, mas diversas tramas que se misturam, dão voltas, se enrolam e desenrolam em uma busca comum a todas elas: a da identidade.

Começamos com Charlotte Swenson, que em primeira pessoa dá sua perspectiva dos fatos. Após um acidente de carro a caminho de Rockford, sua cidade natal, a então modelo tem seu rosto extremamente ferido. Com a reconstrução facial – e 80 parafusos de titânio – seu rosto não é mais o mesmo; ainda bonita, mas irreconhecível, Charlotte é quase uma estranha em uma Nova York hostil, um mundo onde ela já não encontra o mesmo prestígio.

Em seguida e através de um narrador onisciente, somos apresentados aos demais personagens. A também Charlotte, uma adolescente desiludida que começa uma relação com um homem mais velho, mantendo duas vidas paralelas; e seu irmão mais novo, recém-saído de um câncer. Moose, um acadêmico antissocial; Anthony, um detetive particular alcoólatra; e um sujeito misterioso que vive trocando de nome, endereço e sotaque, e que conspira contra a sociedade americana.

De maneira perversa, quase um aquário que recria o mundo em miniatura, Olhe para mim apresenta diferentes facetas do ser humano. Pessoas que guardam segredos – às vezes difíceis de carregar – e vivem múltiplas vidas. E que em uníssono gritam por socorro, mendigam olhares, imploram por compreensão.

Charlotte, a modelo, acaba por se aproximar de sua história pessoal, que até então renegava. O novo rosto é o anúncio de uma nova vida na qual é preciso encontrar seu lugar, um novo papel para desempenhar e novas soluções para alcançar velhos objetivos. Adentrar a sala espelhada da fama requer mais do que ela imagina.

Já Moose, encerrado em seus conhecimentos e dono de uma visão singular (e obsessiva) para a qual procura o herdeiro certo, caminha em direção à coletividade e ao futuro de uma humanidade há muito condenada. E Charlotte, a menina, até poderia ser a herdeira da visão de Moose – que é seu tio e passa a lhe dar aulas –, não fosse o fato de não estar inteiramente envolvida com isso. Carente de atenção e mergulhada em dilemas, a adolescente deixa a meninice colorida para trás enquanto se transforma em uma mulher de olhar suficientemente cinzento.

Jogando com a ideia do coletivo/individual e do público/privado, a trama caminha por vias tortas, levando os personagens rumo ao fundo do poço até que o desespero decida ditar as regras. Afinal, quanto de sua vida pertence mesmo a você? A necessidade de amor; o conhecimento que atinge a obsessão; a busca pela fama e reconhecimento; o ódio e a conspiração... Tudo isso é capaz de tomar as rédeas e nortear os rumos de um ser humano. E o que dizer da era do virtual, onde vidas são compartilhadas, assistidas e lidas como capítulos de uma interminável novela? No meio do caminho fica a identidade, esperando ser achada, embalsamada num véu quase utópico.

De repente, perde-se tudo. Abundam a solidão e as lacunas. É preciso encontrar-se a si mesmo – pela primeira vez – e saber o que fazer com aquilo que foi encontrado.

LEIA PORQUE...
Egan faz um bem-bolado inteligente abordando a superficialidade e as aparências, o sentimento, a identidade e questões mais profundas. Livro para pensar.

DA EXPERIÊNCIA...
Leitura excelente. Mas, ao contrário de muitas opiniões que vi por aí, não achei o livro melhor ou pior que A visita cruel do tempo; penso que ambos são ótimos, cada qual à sua maneira, e que não há muito lugar para comparações.

FEZ PENSAR EM...
Bubble Gum, da francesa Lolita Pille. Apesar de diferir no estilo da narrativa, este último também visita o mundinho do glamour e da fama – e o que há de podre nele.


site: http://livrolab.blogspot.com
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naniedias 08/04/2014

Não leia. Não vale a pena.
Muito ruim!

Nossa, que saudade de escrever uma resenha! Faz quase um mês desde que resenhei o último livro e isso é algo que gosto tanto... estava sentindo falta.
Infelizmente, volto com uma resenha de um livro que não me agradou nem um pouco...

Para começar, acho importante dizer que eu não li o livro inteiro!
Cadê as palmas?! Tenho alguns amigos que sempre insistem que eu devo abandonar a leitura se ela está ruim. Aí está! Estou aprendendo.
Cheguei até a página 150, fiz uma leitura por alto até a página 180 (sabe aquela leitura onde você pula algumas frases?! Pois é, deste tipo) e daí decidi de vez que não queria mesmo ler este livro.
Portanto, essa é uma resenha que fala de meio livro - meio livro que não me desceu.

Jennifer Egan é uma autora que me encantou nos dois outros livros que li escritos por ela. Tem uma maneira diferente e deliciosa de escrever, com certa irreverência e ironia que realmente me agradaram muito.
Não foi à toa, portanto, que escolhi ler Olhe para Mim. Na verdade, eu nem ao menos sabia do que tratava o livro - decidi pela leitura simplesmente porque havia sido escrito pela Egan.
Dessa vez, porém, me decepcionei bastante com o que encontrei.

O título já dá uma ideia do egoísmo que permeia a vida da protagonista Charlotte. Uma vida vazia, em todos os sentidos possíveis.
A história gira em torno de duas Charlotte: uma modelo um pouco mais velha (dentro dos padrões exigidos para modelos) e uma adolescente. A segunda, confesso, é até interessante, mas a sua importância para a trama não ficou muito clara para mim até o ponto em que li. A primeira, por outro lado, é uma das personagens mais chatas e desinteressantes que já encontrei.

Não sei apontar onde exatamente acho que Jennifer Egan errou (e quem seria eu para dizer isso da vencedora do Pulitzer, não é mesmo?), mas o fato é que achei o livro bem pouco interessante desde o instante em que comecei a lê-lo.
O problema não está na narrativa, que, apesar de não ser tão boa quanto a dos outros dois livros, é bacana. O que não me agradou foram os personagens - que são pessoas vazias, fúteis e chatas - e o enredo - que é basicamente nada. Você passa 150 páginas lendo não sabe o quê. Eu não sabia de onde vinha a história e para onde ela se dirigia; não consegui me apegar a nenhum personagem, torcer por ninguém ou desejar que algo acontecesse. Por fim, o jeito foi largar o livro e partir para outra leitura, afinal de contas, tem muita coisa boa por aí para se ler.


Nota: 1



Leia mais resenhas no blog Nanie's World!
Marlo R. R. López 03/08/2014minha estante
Senti coisas parecidas com as que você sentiu lendo o livro. Li até a página 320, por aí, e dei uma espécie de pausa, porque estava cansado dos personagens e principalmente cansado da falta de direção do romance. Talvez retome outro dia - quero acabá-lo.

Em 'A Visita Cruel...' e 'O Torreão' a Jennifer é objetiva, sabe usar as palavras certas em pouco espaço narrativo. Em 'Olhe para mim' ela é prolixa demais, de um jeito que cansa. Ela fala, fala, fala, e a narrativa é cansativa. Os personagens parecem boiar na história. (Até fico pensando se não foi essa a intenção da autora, que queria mostrar a superficialidade dos seus personagens e a ausência de rumo que eles davam para a vida deles. Quase todos os personagens são boçais, e isso mostra quão fútil era aquele universo.)

Mas a leitura já valeu pelo projeto de rede social que o personagem Thomas apresenta lá pela página 205. Jennifer Egan mostrou que sabe ser absurdamente visionária - ela praticamente esboçou o futuro tenebroso das redes sociais na internet.

Não diria que o livro é ruim, diria apenas que eu não gostei muito de lê-lo.







NatBelus 30/12/2015minha estante
Eu quase desisti. Mas insisti, e fui gostando muito dele quando foi chegando ao final.




Livrogram 29/09/2014

Resenha de Olhe para mim
A primeira coisa que podemos falar sobre este livro é que a escritora americana Jennifer Egan é extremamente habilidosa na construção das personagens e diálogos! Durante a leitura de Olhe para Mim nos sentimos íntimos das personagens e podemos sentir as crises e alegrias de cada uma delas. A trama é estruturada a partir de duas figuras femininas de mesmo nome: Charlotte. Há aqui a Charlotte modelo que está se refazendo de um grave acidente e a Charlotte jovem, que não se sente bonita nem amada e experimenta a montanha-russa emocional da adolescência. A relação individual com a imagem física, a transformação da identidade e a sensação de deslocamento são os temas evocados por esse ótimo romance de Jennifer Egan. Vencedora do Prêmio Pulitzer em 2011 com o livro A Visita Cruel do Tempo, Egan é certamente uma escritora contemporânea cheia de fôlego, disposta a abordar temas delicados de nossa sociedade calcada na imagem e na procura incessante pelo sucesso. Publicado pela Intrínseca, este é um livro que vale a pena conhecer. Para saber mais sobre o que achei desse livro corre no youtube e assiste a nossa videoresenha! ;)

site: https://www.youtube.com/user/livrogram2014
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Maristella.Guimaraes 21/03/2016

ODIEI
Simplesmente sem uma narrativa clara, personagens desconexos... uma chatice sem fim... Li até o final pq sou teimosa!
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João Lourenço 26/02/2014

Jennifer Egan e as impossibilidades
Jennifer Egan é concisa. Ela deixa para o leitor o trabalho de completar os fragmentos de sua narrativa. Ela não acumula minúcias, não conta por contar. Ela entende que hoje Tolstói escreveria Guerra e paz pelo Twitter — até porque Napoleão teria jogado uma bomba e destruído Moscou em cinco minutos. A imagem que me vem dela é essa, uma pessoa com um quê heroico, com certa vitalidade robusta. A literatura contemporânea deveria ser sempre assim — escrever mais com menos.



site: http://www.intrinseca.com.br/site/2014/02/jennifer-egan-e-as-impossibilidades/
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criscat 08/03/2014

Não sei, talvez eu tenha iniciado a leitura com expectativas demais, depois de tantas críticas positivas sobre o livro anteriormente publicado pela Intrínseca, A visita cruel do tempo. Talvez se eu o tivesse lido na época do lançamento, em 2001, a história assumiria mais importância e o esforço da autora em demonstrar como os norte-americanos vêem a si e aos outros e como são vistos sobrepujaria a mornidão da narrativa.

Resenha completa no blog [Cafeína Literária].


site: http://www.cafeinaliteraria.com.br/2014/03/08/olhe-para-mim-de-jennifer-egan/
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Olivia.Carvalho 18/07/2015

Deixa a desejar
Depois de ler A visita cruel do tempo que é um livro ótimo, confesso que fiquei um pouco decepcionada com esse livro. O texto é quase chato, cheio de detalhes e personagens sem sentido. Não me apaixonei por nenhum personagem, talvez quem salve um pouco o livro é a Charlotte adolescente e tb a crítica que a autora faz para um mundo, onde o que tem valor são as aparências e o mais importante "É ver e ser visto"

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Jorge 24/01/2016

Admirável o trabalho de Jennifer Egan
Olhe para mim conta a história de diversos personagens, mas as principais são duas Charlottes. Uma é uma linda modelo que sofre um acidente e devido a isso tem seu rosto desfigurado. Depois de inúmeras cirurgias, os médicos desfiguram o rosto dela porém ela fica irreconhecível. Agora Charlotte precisa refazer sua vida, antes ela era uma modelo com um futuro promissor, disputada e uma vida badalada, agora é uma mulher em uma cidade grande onde ninguém mais a reconhece.
A outra Charlotte é uma adolescente com baixa auto-estima que enfrenta dificuldades em se relacionar com garotos, e devido a isso ela acaba se relacionando com homens mais velhos.
Os outros personagens que incluem Moose e Michael, tem papéis muito importantes e são todos muito bem encaixados na trama.

A obra fala de diversos assuntos, mas os principais são as questões da identidade e da imagem que temos de nós mesmos, dos outros e a que queríamos que os outros tivessem de nós. Jennifer Egan avança no tempo ao falar da necessidade de hoje as pessoas precisarem acompanhar a vida de outras pessoas, através de reality shows e principalmente pela internet, nada muito diferente do que temos hoje com web-celebridades. Ela fala também da construção da nossa identidade e de nossa imagem, e do fato de algumas pessoas venderem isso como forma de entretenimento a outras.

O maior defeito desse livro não é o fato de eu não ter me apegado a NENHUM personagem - porque isso eu considero algo bom -, mas sim o fato do livro ser grande demais, ele poderia ter sido muito menor.

RESENHA COMPLETA NO BLOG: http://goo.gl/MSr5Z1

site: http://goo.gl/MSr5Z1
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Samanta 22/06/2019

Achei que tava lendo um típico "mulher resgatando suas origens" entrei num livro policial, acabei lendo uma versão impressa de The truman show, aprovadissimo. Consegui até rir no auge do desespero da Charlotte Primeira, tenho um senso de humor peculiar, paciência
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Juciara.Moreno 20/08/2020

A história começa um pouco depois que Charlotte Swenson sofre um acidente de carro quando ia visitar sua cidade natal, Rockford.
Charlotte não lembra nada do acidente que a fez passar mais dias do que esperado na cidade que havia abandonado anos atrás para seguir com sua carreira de modelo.
Embora a sinopse destaque a mudança causada no rosto de Charlotte, uma modelo que ficou irreconhecível após o citado acidente, ela não é a única personagem de destaque da história.
Charlotte logo volta para Nova York, mas nos aprofundamos nas histórias de outros personagens moradores de Rockford.
Temos uma outra Charlotte, uma adolescente de 16 anos que é filha de Ellen, uma antiga amiga de Charlotte.
Também somos apresentados a Moose, que, durante a adolescência da Charlotte modelo, era super popular na cidade, até o momento em que ele teve a "visão" do mundo e da realidade, passando a se distanciar das pessoas e se perder nos livros.
A história é densa e cheia de metáforas, tornando a leitura extremamente cansativa e quase insuportável.
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