Canoff 03/04/2023
Sem dúvidas, indispensável.
Ficha Técnica
Título: Criando Meninos. Para Pais e Mães de Verdade
ISBN/ASIN: 9788588350069
Autor(a): Steve Biddulph
Tradução: Indiferente
Editora: Fundamento
N° de Páginas: 168
Data de Publicação: 2014
Gênero: Autoajuda, Saúde e Família
Informações retiradas de [amazon.com.br](http://amazon.com.br)
_______________________________
Confesso que não resenharia esse livro, mas ele é surpreendente demais para deixá-lo passar “em branco”. A minha expectativa era altíssima e ele correspondeu à altura. Esperava um livro muito denso abordando os aspectos psicológicos dos meninos, pois é um consenso de que, muitas vezes, o foco científico se desdobra mais para entender mulheres.
Esta obra é OBRIGATÓRIA para todos que desejam ter filhos ou lidam com crianças. Para que possamos entender os meninos, é necessário abordá-los por muitos aspectos fisiológicos e psicológicos. Aspectos que, muitas vezes, são negligenciados pelos pais ao educarem seus filhos. Essa negligência não acontece de forma intencional, pois, como sabemos, as pesquisas que abordam os aspectos masculinos são deixadas de lado, tornando o acesso à informação mais difícil.
Quando encontrei esse livro na biblioteca pública, sabia que teria uma boa leitura. O autor já escreveu vários livros sobre assuntos similares e é visível a capacidade de discernir entre os sexos masculino e feminino. Uma característica surpreendente expressa no livro é de que os meninos NECESSITAM entrar na escola mais tarde que as meninas, pois, como as meninas desenvolvem-se mais rapidamente, suas capacidades mentais e físicas estão mais prontas para lidar com o mundo exterior.
O autor aborda inúmeros assuntos pertinentes à criação de meninos, e um dos mais importantes é a ausência paterna na criação do garoto. Há pouco, cientistas começaram a estudar a importância dos pais na criação de seus filhos. Steve propõe inúmeros debates acerca da ausência paterna e, prontamente, define que é de suma importância que o pai seja presente na criação dos filhos. Devemos evidenciar também, os pais que são socialmente presentes, mas não participam ativamente na educação dos filhos. Steve conclui o assunto apontando os problemas que serão enfrentados pelo garoto num possível abandono paterno.
— (…) São muitas as pesquisas que apontam a importância do pai. Os meninos cujos pais estão ausentes são estatisticamente mais propensos à violência, a sofrer acidentes, a se meter em confusões a ter um fraco desempenho na escola e a integrar gangues de adolescentes. (…) As filhas que crescem longe do pai têm mais propensão à baixa autoestima, a ter sexo antes de estarem preparadas, à gravidez precoce, ao estupro e a abandonar os estudos. - p.83
O livro também aborda a situação das mães solteiras perante a educação dos filhos. O autor diz que é fundamental a presença masculina na vida do garoto. A presença masculina, mesmo que não paterna, será tomada como instrução pelo garoto. Portanto, é essencial que os garotos tenham ao alcance deles uma figura masculina passível de espelhamento. Entretanto, é necessário muito cuidado com as influências que seu filho terá, pois, se ele buscar validação de maus exemplos, será mais difícil reaver os possíveis problemas. Podemos exemplificar isso em:
— (…) um adolescente é como um míssil rastreador de exemplos que vai tocando em uma série de alvos até conseguir acumular material bastante para formar sua própria identidade. - p. 142
Pesquiso esse tema há algum tempo e já tinha uma ideia do que poderia encontrar no livro. Com base nisso, uma das ideias mais debatidas é o papel da escola na criação dos meninos. Através de pesquisas, foi encontrado uma diferença significativa entre os garotos que frequentavam colégios mais liberais e colégios mais restritivos. Segundo Steve, garotos pedem por disciplina, mas não são entendidos. O ambiente escolar que é responsável pela formação do caráter dos estudantes, peca ferrenhamente na educação masculina, pois segundo educadores, os meninos necessitam de atividades mais intensas, e o ambiente escolar impossibilita isso. Meninos precisam de esportes de contato, precisam de brincadeiras mais violentas entre eles, pois assim, é criado um senso de importância e autoestima. A passividade escolar mina a capacidade mental e física dos garotos.
— (…) a passividade exigida pela escola contradiz tudo o que se sabe acerca de crianças, e em especial sobre adolescentes. - p. 133
Discordo de alguns pontos listados pelo autor, onde ele menciona conteúdo adulto e como introduzir o assunto aos meninos. É consenso que a pornografia não é uma coisa normal e, muito menos, saudável. Entretanto, não é abstendo-se da discussão que iremos isentar as crianças de acessá-la. Discordo especificamente do caso real trazido pelo autor, onde um garoto mantinha fotos pornográficas espalhadas pelas paredes do seu quarto. Os pais do menino procuraram a ajuda de Steve para conseguirem lidar com a situação e amenizá-la, tendo em vista que o garoto estava no início de sua puberdade. Entretanto, o autor me surpreende dizendo que era necessário que os pais se sentassem e conversassem com o menino para entenderem o porquê das fotos e, posteriormente, selecionarem “materiais saudáveis” para que o menino pudesse desempenhar sua sexualidade de forma “saudável”.
Seguir por essa premissa é dar um tiro no próprio pé, pois isso não fará o menino ter uma experiência sexual saudável. Com certeza, esse menino estava sendo influenciado por colegas de escola, onde é facilmente presenciado assuntos de cunho sexual por parte dos garotos. Dizer aos pais que o menino estava agindo naturalmente é dificultar a aplicação de uma boa educação sexual. Temos expressado em:
— (…) quando os garotos veem as imagens, cabe a você ajudá-los a pensar na mensagem passada por elas, no motivo pelo qual as pessoas compram esse tipo de material, O que está sendo mostrado e se há ou não desrespeito às mulheres. Pais e mães podem também ajudar os filhos na escolha de material erótico para ver e ler. Essa é uma área delicada, mas não impossível de navegar. - p. 124
De forma geral, trata-se de um livro indispensável aos pais de meninos, pois com ele, torna-se muito mais fácil entender os meninos e educá-los de forma que vá de encontro às suas necessidades físicas e psicológicas. O livro também apresenta uma boa referência às mães que educam seus filhos sozinhas. O autor também aborda as diferenças entre meninas e meninos, que é de suma importância para atender à ambos. Entender as diferenças entre os sexos, torna infinitamente mais fácil aplicar táticas visando a educação e desenvolvimento das crianças. Lerei mais livros sobre assuntos, pois é uma área que me interessa.